Ou seja, ouvindo na ordem cronológica, é possível perceber
que até então Lightbulb Sun é o disco
mais fraco deles, o único que cai após vários discos diferentes entre si, mas
de equivalente valor musical, a meu ver. Porque ao tornar-se pop, enterrando
quase totalmente o space rock e as viagens floydianas do passado, o Porcupine
Tree tornou-se também uma banda comum, a despeito de uma ou outra boa (e até
ótima) melodia, como "Where We Would Be" e de uma insinuante faixa
como "Hatesong". O que, no balanço geral, constrói um bom disco, mas
claramente inferior a todos que eles tinham feito antes.
Depois desse disco começa a chamada fase metal da banda, o
que nada mais é, ao menos se considerarmos somente o disco seguinte, In Absentia, que o mesmo tipo de
material mais pop de Lightbulb Sun
com uma guitarra mais pesada de vez em quando. Em alguns momentos, nada que um OK Computer já não tivesse mostrado com
melhor desenvoltura e composições mais fortes. Em outros, o passado de
atmosferas espaciais mostra-se não totalmente enterrado e engrandece
composições como "3" ou a prog-metálica "The Creator Has a
Mastertape". Há, claro, outros ótimos momentos de prog metal, como na
instrumental "Wedding Nails" e sua guitarra desafiadora. É a melhor
faixa do disco. E é melhor que quase tudo feito pelo Dream Theater (banda que é
sempre lembrada quando se fala de prog-metal).
Deadwing, o disco
seguinte, confirma a adesão ao prog metal. É mais pesado que o anterior,
refletindo a aproximação de Wilson com a banda Opeth e sua admiração pelos Nine
Inch Nails. Fear of a Blank Planet,
tido como um retorno à fase anterior, é novamente um prog metal de inspiração
Queensrychiana (e nos piores momentos, Fateswarningiana), no qual se destaca a
faixa de encerramento, "Sleep Together". No disco seguinte, The Incident, eles voltam a pensar em
temais mais complexos, mudanças climáticas mais sensíveis, ainda que a
orientação dos últimos discos não tenha sido completamente negada. De todo
modo, este último LP, lançado pela banda no final da década passada, é o melhor
que fizeram no século 21. E pelo menos uma música, "Time Files", com
seus 11 minutos, rivaliza com as suites dos anos 90.
Nada tão desafiador, contudo, quanto o que eles produziram
de On the Sunday of Life, o primeiro
LP, quando Porcupine Tree era praticamente uma banda de apoio para as ideias
visionárias de Steven Wilson, até Signify,
o quarto LP que, reouvido agora, soa muito mais forte do que quando o conheci.
Curiosamente, a melhor faixa de toda a carreira da banda talvez seja justamente
uma dessas guinadas para um som mais palatável. Trata-se de "Stars
Die", lançada como single na Inglaterra e presente em LP apenas na versão
americana de The Sky Moves Sideways,
o ótimo terceiro disco da banda. Wilson, ao menos no Porcupine Tree (sua
carreira solo ainda precisa ser ouvida), parece melhor quando se abre
esporadicamente ao pop do que quando o abraça mais plenamente.
On the Sunday of Life
(1992) * * * *
Up the Downstair
(1993) * * * *
The Sky Moves
Sideways (1995) * * * *
Signify (1996) * * *
*
Stupid Dream (1999) *
* * 1/2
Lightbulb Sun (2000)
* * *
In Absentia (2002) *
* *
Deadwing (2005) * * *
Fear of a Blank
Planet (2007) * * *
The Incident (2009) *
* * 1/2
2 comentários:
Fala Sérgio!
Descobri o Steven Wilson recentemente. Confesso que tinha algumas ressalvas e fui adiando a audição. Mas resolvi dar uma conferida nas últimas semanas.
Comecei pelos mais recentes do Porcupine Tree e não fez muito minha cabeça. Porém na discografia solo dele foi outra história. Estou entregue, ouvindo muito e achando muito boa. Principalmente os discos "Grace for drowning", "The raven that refuse to sing" e "Hand Cannot erase". Esses discos precisam ser ouvidos. Arrisco dizer que é uma das melhores coisas produzidas no cenário musical dos últimos anos.
Lendo sua postagem aqui percebi que errei ao começar pelos mais recentes do Porcupine Tree. Vou dar outra chance, aos primeiros álbuns principalmente.
Abraço!
Rafael Dornellas
Boa, Rafael. Adorei o último do Steven Wilson, To the Bone. Esses que vc citou ainda não ouvi, mas ouvirei em breve. abraço
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