sexta-feira, março 26, 2004

dica: como um frank zappa menos bem-humorado e bem menos erudito, Todd Rundgren sempre quis arriscar em tudo que é estilo. nesse sentido, é obrigatório ter em qualquer discoteca que se preze o álbum Todd, de 1974. não é lírico como something anything, nem enigmático como wizard, a true story, mas compensa com o que de melhor rolava na época na música pop. pode-se ouvir, no disco, de coisas à lá badfinger (grupo produzido por ele) a hard grandfunkiano (também produziu). álbum duplo essencial.

quinta-feira, março 25, 2004

ainda não comentei o lançamento em CD (finalmente) dos quatro discos que Neil Young não deixava lençarem, por não acreditar que os discos ficassem bons em formato digital. on the beach (1974 *****), american stars and bars (1977 ****), re-ac-tor (1981 ****1/2) e hawks and doves (1981****). são quatro discaços, principalmente on the beach que é um dos melhores discos do bardo (e consequentemente um dos melhores discos de rock de todos os tempos). mas reactor, que é esquecido e tido como menor, é uma pequena obra-prima, suja e melodiosa, com o crazy horse inspirado. é um disco bem paradigmático de sua carreira, talvez por isso mesmo subestimado. O que NY mostrou no recente Rock in Rio estava aqui em plena ebulição, mas nada tem de novo para quem o acompanhava desde os idos do buffalo springfield, o que causou menosprezo entre os cri-cris. ouça "opera star" ou qualquer faixa do lado 2 (as 4 últimas do cd descontando as bônus) e você vai entender. hawks and doves e american stars and bars são dois discos estranhos, que não se definem muito bem entre o country acústico e o rock sulista, mas encantam sem que se possa dizer porquê.
o disco de sobras de Otis Redding (Tell the Truth) é infinitamente melhor que quase tudo que a black music anda fazendo desde Lauryn Hill. E melhor que tudo. OK, OutKast pode ser uma exceção no mar de repetições. Mas o rei da Stax é imbatível.
"Para alcançar toda beleza, três coisas me parecem fundamentais: esperança, luta e conquista."

A frase de Luis Buñuel é muito bonita. Mas não estou nem um pouco disposto a batalhar pra poder ver Pixies em Curitiba. É uma de minhas bandas prediletas, mas não tenho paciência pra mega-eventos. Os ingressos, dizem, acabaram em duas horas de venda pela internet. Eu nem fiquei sabendo que já estava vendendo. Desisto. Não gosto de shows concorridos.

quarta-feira, março 24, 2004

escuto neste exato momento o último do Church, forget yourself. bom, adoro a banda. apesar de raramente me surpreender com um lançamento deles (e a exceção foi the box of birds, álbum só de covers, uma mais bizarra que a outra) sempre gosto de seus discos. acho que as mudanças de sonoridades foram todas graduais. não houve rompimento algum com discos imediatamente anteriores. desde gold afternoon fix, um dos melhores, eles foram deixando o som mais etéreo, mais viajante, sem prejuízo das belas melodias compostas por kilbey e wilson-piper. essas mudanças culminaram naquele que, para mim, é seu melhor trabalho, magicians among the spirits, cujas comparações com hawkwind e dead can dance não me parecem levianas.
forget yourself segure na mesma toada, como todos os outros. mais um grande disco sem que grandes mudanças acontecessem. seguem uma fórmula, mas seguem-na tão bem que é difícil condená-los por entregar mais do mesmo. grande banda. vai merecer revisão disco a disco logo logo.

quinta-feira, março 18, 2004

18 de março, Dia Internacional do Saco Cheio

U2:

Boy (1980) ****
October (1981) ****
War (1983) ***1/2
Under the Blood Red Sky (1983) ***
The Unforgettable Fire (1984) ***1/2
Wide Awake in America (1984) ***
The Joshua Tree (1986) ***
Rattle and Hum (1988) **
Achtung Baby (1991) **
Zooropa (1993) ***
PoP (1997) *1/2
All That You Can't Leave Behind (2000) ***

quarta-feira, março 17, 2004

lote gigante de LPs de heavy metal. portanto, dia de voltar a adolescência com Savatage, Manowar (os maiores picaretas da música), Motorhead e quejandos. a relação sentimental com uma época bacana me ajuda a continuar gostando dessas bandas. o duro é limpar tudo e pôr pra vender. vai demorar cerca de um mês.

sexta-feira, março 12, 2004

já que o dia está para listas, mando mais um Top 5: os 5 melhores discos de bandas brit-pop após a decadência do gênero.

1) SUEDE - Head Music
2) BLUR - 13
3) SUPERGRASS - Supergrass (o terceiro)
4) the BLUETONES - the return of the last chance sallon
5) BLUR - Think Tank

e os 5 melhores de brit-pop mesmo:

1) BLUR - Parklife
2) BLUR - The Great Escape
3) SUEDE - suede
4) MANIC STREET PREACHERS - Everything Must Go
5) PULP - Different Class

quinta-feira, março 11, 2004

MC5. grande banda de Detroit. Proto-punk segundo muitos. Rock 'n' roll no que a palavra tem de melhor. O superestimado Kick Out the jams (1968 ***1/2) nem dá muita idéia do que estaria por vir. gravado ao vivo, com muita energia e barulhos mil, algo como um Sonics melhor produzido, mas bem menos inspirado. Um disco forte e inusitado para a época, não há dúvida, mas com o passar do tempo virou peça de museu ultrapassada por uma melhor utilização (inclusive por eles mesmos) do furor dos 20 anos. Com Back in the USA (1970 *****) eles cravariam de vez o nome na história do rock. Um disco imprescindível, com iguais medidas de fúria, melodia e suingue. Rob Tyner começa a cantar bem melhor e Dennis Thompson revela uma levada peculiar, principalmente em "Teenage Lust" e "Looking at You", as melhores do disco. High Time (1971****1/2) é o canto de cisne da banda, não alcançou sucesso algum e forçou a saída do selo Atlantic. Mas é um grande disco, um pouco mais pop que o anterior, ainda que faixas porradas como "sister anne" e "gotta keep movin" seguem a linha estabelecida em Kick Out the Jams. A banda estaria terminada, com ainda um apanhado póstumo de raridades em Babes in Arms (1983 ****1/2). Imperdível, já que a Trama (gravadora que a cada mês tem preços diferentes) lançou no Brasil.

quinta-feira, março 04, 2004

caroline now! the songs of brian wilson and the beach boys (2000 ****)
interessante disco-tributo ao genial brian wilson, privilegiando faixas pouco conhecidas. uma das melhores é a versão de alex chilton para "i wanna pick you up", faixa escondida no belo love you (1977). outras versões de destaque são: "lady" por eugene kelly, "all i wanna do" por june & the exit wounds, "go away boy" por the pearlfishers e "almost summer" por kim fowley. mas todas são pelo menos dignas, o que faz dessa coletânea lançada pelo selo alemão Marina uma bela pedida.

quarta-feira, março 03, 2004

ouvindo lodger (1979), de sir david bowie. sempre achei um disco menor, mas, nesta onda de mudança de opinião que me assola, estou quase considerando tão bom quanto heroes e low. a mesma verve experimentadora está no disco. pode ser considerado um ensaio para o mais redondinho scary monsters (1980). os únicos hits do disco são "look back in anger" e "dj", mas tem muito mais. "move on" é fantástica e, como outras, guarda semelhança com o que os talking heads estavam fazendo naquele momento (leia-se fear of music). a conexão é óbvia: brian eno.

terça-feira, março 02, 2004

guerra das estrelas: radiohead (com digressões meio viajantes - bom, foi o que saiu)

pablo honey (1993 **) - tem creep. OK. algo mais?
the bends (1995 **1/2) - um ensaio meio tímido para o desbunde no disco seguinte. fake plastic trees? chata e piegas.
OK computer (1997 *****) - a obra-prima. três músicas finais de fazer desmaiar de tão belas. sucesso completo no que eles perseguiam: melodia e desenvolvimento climático de mãos dadas.
kid A (2000 ****) - um tapa na cara de ok computer. ode ao experimentalismo nem sempre bem-sucedido, mas sempre interessante.
amnesiac (2001****1/2) - um passo em direção ao meio termo entre a vanguarda e a consolidação de um estilo.
i might be wrong (2001 ***1/2) - disco ao vivo que não capto muito bem, mas gosto.
hail to the thief (2003 *****) - perfeita adequação entre a vontade de experimentar e a necessidade de emocionar. a continuação não-ortodoxa de uma busca.
john coltrane - a love supreme: algo que o ser humano jamais poderá igualar. só um Deus como Coltrane mesmo. choro...choro.
reouvindo Killing Joke com dave ghrol. o caos. um disco bem mais nervoso que qualquer outro da banda. mas, definitivamente, não é dos melhores da banda. fica léguas atrás do genial pandemonium. e é claramente inferior a democracy. pra encerrar, a adorada por muitos "you'll never get to me" é uma pálida repetição das faixas mais acessíveis dos KJ de Extremities pra cá...