segunda-feira, abril 21, 2008


O Rei - fase do medalhão (1973-1978, com recaída em 1981):
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Roberto Carlos 1973
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É injusto comparar com os dois discos anteriores, das maiores obras-primas que o rei compôs. RC73 pode ser considerado um álbum de procura por novos caminhos. O medalhão que ele ostenta na contra-capa, e que pode ser visto em todos os discos seguintes até 1981 (com a exceção de RC1979 e RC 1980) talvez seja uma indicação dessa busca. Aqui começa também a parceria com uma das maiores compositoras que já tivemos, Isolda (que compunha junto de seu irmão, Milton Carlos). A faixa é "Amigos, Amigos", que é um pequeno sinal do que viria a seguir. As melhores do disco, no entanto, são "A Cigana", "Palavras", "Atitudes" (de Getúlio Cortes), "Proposta", "O Moço Velho" (de Sílvio Cesar), "O Homem" e "Rotina".
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Roberto Carlos 1974 (foto de baixo)
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Não só a obra-prima da fase medalhão, como um dos melhores discos do Rei. Já começa com a belíssima "Despedida", com um ar melancólico difícil de descrever. É o disco que tem "O Portão", uma das canções mais belas da história da música popular, tanto pela letra, de uma poesia inimaginável, como pela melodia e pelo arranjo que não tem medo de flertar com o brega e até com o progressivo (o discreto moog que apita de vez em quando). Há ainda a inacreditável "A Estação", que retoma o padrão das músicas fortes de traumas iniciado com "Traumas" (em RC71) e que atingiu o pico em "Por Amor" e "O Divã" (ambas de RC 72). Quem ainda acha pouco, pode ouvir "Jogo de Damas", a melhor composição de Isolda e Milton Carlos (e uma das maiores canções já feitas) com uma interpretação de fazer chorar do Rei. Só essas quatro já serviriam para colocar o disco entre os melhores já lançados na Terra. Mas ainda tem "Eu Quero Apenas", "Resumo" (de Mário Marcos e Eunice Barbosa), "A Deusa da Minha Rua" (de Newton Teixeira e Jorge Faraj) e "Você". Realmente, um disco fora de série.
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Roberto Carlos 1975
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Um disco bem esquisito, talvez o mais fraco do período áureo (1967-1977). Mas conquista aos poucos. Depois da obra-prima anterior, afinal, poucos discos não iriam decepcionar. A faixa de Isolda e Milton Carlos (que já tinham se tornado habituées dos discos do Rei) é a belíssima "Elas Por Elas", que é mais fraca que "Jogo de Damas" (de RC74), mas quase todas as canções são. A mais estranha é "El Humahuaqueño" (de Zaldivar), que é bem divertida e bacana. As melhores são "O Quintal do Vizinho", "Olha" e "Mucuripe", a bela versão para a música de Fagner e Belchior.
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Roberto Carlos 1976
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Talvez seja o terceiro melhor da fase medalhão, RC76 é um disco mais roqueiro, tanto pela ótima faixa de abertura, "Ilegal, Imoral ou Engorda", como por "Minha Tia", deliciosa homenagem a um parente distante e a um tempo que se foi. A genial Isolda contribui com duas canções fantásticas: "Um Jeito Estúpido de Te Amar", de uma sensibilidade única, e "Pelo Avesso", que consegue ser ainda melhor, quase chegando perto da maior de todas "Jogo de Damas" (de RC74). Mas perdoem essa minha mania de hierarquizar tudo. RC76 é um disco tão gostoso de se ouvir que quase dá vontade de considerá-lo uma outra obra-prima, esquecendo das duas ou três faixas que só cumprem o papel de encher o LP. Ah, esqueci de dizer que o disco ainda tem "Os Botões" e "O Progresso".
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Roberto Carlos 1977 (foto de cima)
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Segundo melhor disco da fase medalhão, e uma coletânea involuntátia, já que todas as canções fizeram sucesso na época. É um disco tão redondo que estabeleceria uma nova fórmula, derivada da anterior, mas ainda mais formatada e seguida à risca nos discos seguintes. A abertura animada de "Amigo" é a faixa mais fraca do disco, e por aí já dá pra medir o quão bom ele é. Minha preferida, se eu só puder escolher uma, é "Sinto Muito Minha Amiga", que tem uma frase que carregarei até o final da minha vida: "saber quem é culpado não resolve nossa vida", dita pela voz sentida e sofrida do Rei. Isolda contribui com a maravilhosa "Outra Vez", homenagem ao irmão falecido em acidente de carro. E o disco ainda tem a erótica e genial "Cavalgada", em que "estrelas mudam de lugar e chegam mais perto só pra ver". Outras que se destacam em um disco todo destacado são "Nosso Amor (de Mauro Motta e Eduardo Ribeiro), "Falando Sério" (de Maurício Duboc e Carlos Colla), "Não Se Esqueça de Mim", "Jovens Tardes de Domingo" e "Muito Romântico" (de Caetano Veloso).
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Roberto Carlos 1978
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A fórmula aperfeiçoada no disco anterior começa a dar sinais de cansaço. tanto pela música de abertura ser a mais fraca em muitos anos, como pela irregularidade geral da coleção. É, ainda assim, um disco de momentos geniais. As melhores são "Lady Laura", "Vivendo por Viver" (de Marcio Greyck), "Música Suave", "Café da Manhã", "Tente Esquecer" (de Isolda) e "Todos os Meus Rumos" (de Fred Jorge), sendo que a primeira e a última citadas estão entre os grandes momentos de sua carreira.
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Roberto Carlos 1979
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A fórmula continua, ainda com sinais de cansaço, mas desta vez a abertura é fenomemal: "Na Paz do Seu Sorriso", que é do nível de "Lady Laura" e "Todos os Meus Rumos", do disco anterior. Uma outra canção se iguala a essas, "Meu Querido Meu Velho Meu Amigo". Outras faixas que merecem destaque, ainda que estejam degraus abaixo, são "Abandono" (de Ivan Lancellotti), "Desabafo" e "Me Conte Sua História" (de Maurício Duboc e Carlos Colla).
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Roberto Carlos 1980
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Descendo a ladeira. É o disco mais fraco do rei desde sua estréia renegada. As únicas canções que não fariam feio no disco de 1977 são "Guerra dos Meninos", "Amante à Moda Antiga", e com certo jeitinho "Procura-se" (de Roberto e Ronaldo Bôscoli).
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Roberto Carlos 1981
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"As Baleias" é melhor do que qualquer música do disco anterior. Mas este encerramento da fase medalhão ainda nos reserva "Cama e Mesa", "Emoções", "Tudo Pára" e "Ele Está Pra Chegar", provando que a dupla de sempre está novamente inspirada. A fórmula ainda é a mesma, mas por uma arejada nos arranjos ela até parece um pouco modificada. É o melhor disco desde RC77.
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obs: (Todas as faixas mencionadas foram compostas por Roberto e Erasmo Carlos, exceto quando incidado)

sábado, abril 05, 2008


O inglês Rod Temperton é um grande compositor injustiçado. Não bastasse ser o compositor de "Rock With You", "Off the Wall" e "Thriller", de Michael Jambers, Temperton é o homem por trás dos hist do Heatwave, banda de americanos que tomaram-no como uma espécie de mentor, sem que ele fosse conhecido. Mais tarde, Quincy Jones o incorporou a seu staff, e por isso ele compôs algumas faixas para Jambers. Muitos dizem que Jones o desprezava por achá-lo gênio e ameaçador demais... é, pode ser.

Os dois primeiros discos do Heatwave - Too Hot to Handle (1976) e Central Heating (1977) - têm funks chacoalhantes da melhor espécie. Esse da foto é o terceiro, Hot Property (1978), meu favorito de hoje (os outros dois também foram favoritos várias vezes). Depois, Temperton compôs menos para eles, mas ainda fizeram um belo quarto disco, Candles (1980), e um quinto que eu mal lembro como é, Current (1982).

Se quiser conhecer algumas faixas para começar, tente achar "Boogie Nights", "Razzle Dazzle", "Eyeballin'", "Central Heating", "Groove Line" e "Super Soul Sister", nessa ordem. Se até o minuto final de "Razzle Dazzle" você não estiver dançando, sinal de alerta. Se até a sexta faixa você não tiver sido conquistado, tente outro dia - você acordou com o pé esquerdo.