segunda-feira, dezembro 27, 2004

Yes

(uma homenagem ao Valente e ao Claudio)

Yes (1969) * * * *1/2
Time and a Word (1970) * * * * *
Yes Album (1971) * * * *
Fragile (1972) * * * * *
Close to the Edge (1972) * * * * *
Yessongs (triplo ao vivo) (1973) * * * * ½
Tales From Topographic Ocean (1973) * * ½
Relayer (1974) * * * * ½
Yesterdays -coletânea (1974) * * * *
Going for the One (1977) * * * *
Tormato (1978) * ½
Yesshows (1980) * * * *
Drama (1980) * * * *
Classic Yes –coletânea (1981) * * * * ½
90125 (1983) * * * *
90125 Live: The Solos (1985) * * ½
Big Generator (1987) *
Union (1991) *
Talk (1994) *
Keys to Ascension (capa azul) (1996) * * * ½
Keys to Ascension 2 (capa rosa) (1997) * * * ½
Open Your Eyes (1997) *
The Ladder (1999) *
Magnification (2001) *

Dois terços da banda:

Anderson-Brufford-Wakeman-Howe (1989) * *

Discos solos e outros projetos num futuro post…

terça-feira, dezembro 21, 2004

Cotações Black Sabbath (em homenagem ao Bury)

Queria só comentar que acho um absurdo quem não gosta de Sabbath porque o Ozzy canta mal. Esse tipo de argumento me irrita, a não ser que venha de alguém que não gosta de nada que não seja bem tocado, bem produzido, com muita técnica. Mas aí o gosto musical passa tão longe do meu que nem dá pra discutir. Pra quem gosta, mas não adora a banda, (re) ouçam Sabotage, disco que tem Ozzy no máximo da voz estranha, como se fosse captada de outra galáxia. Esse clima Space Metal do disco me encanta. Tem “Am I Going Insane (Radio)”, uma das canções mais birutas dessa fase da banda. E tem “Supertzar”, com a guitarra de Iommi voando pra outro planeta. E tem muito mais...É o mais próximo que o Sabbath chegou do Hawkwind. Assim como Never Say Die (outra obra-prima injustiçada) é o mais próximo que a banda chegou de Herbie Hancock (ouvir Headhunters, Thrust). Com o Dio também é bom, mas nem tanto. E com o Gillan é outra banda, mais pesada e demoníaca. Pena que só tenha durado um disco.
Bom...aí vai. Aos mais exigentes, lembro que as datas foram de memória, então algum errinho deve ser perdoado.

Black Sabbath (1970) * * * *
Paranoid (1971) * * * *
Master of Reality (1971) * * * * *
Volume 4 (1972) * * * * *
Sabbath Bloody Sabbath (1973) * * * *1/2
Sabotage (1975) * * * * *
We Sold Our Soul to R’n’R (1976) – coletânea dupla * * * * *
Technical Ecstasy (1976) * * *1/2
Never Say Die (1978) * * * * *
Heaven and Hell (1980) * * * *
Mob Rules (1981) * * * *1/2
Live Evil (1982) * * * *
Born Again (1983) * * * *1/2
Seventh Star (1986) * *1/2
Eternal Idol (1987) * *
Headless Cross (1989) *
Tyr (1990) *1/2
Dehumanizer (1992) * *1/2
Cross Purposes (1994) * * *
Forbidden (1995) * *
Reunion (ao vivo) (1998) * * *

É isso. Gosto do Cross Purposes. Acho que mesmo contando com Tony Martin o disco tem classe. Além de uma balada magnífica: “Dying For Love”.

Próximo post: cotações Yes (a pedido de Eduardo Valente)

sábado, dezembro 18, 2004

Escuto agora o maravilhoso Concert (1984 * * * *1/2) , do The Cure. Não sei por que muitos cismam com esse disco fenomenal, ao vivo sem overdubs, com uma quase-formação clássica (só Simon Gallup está ausente). Qualquer disco que tenha seqüência tão inspirada quanto "One Hundred Years", "A Forest" e "10:15 Saturday Night" merece os maiores elogios.

às vezes acho que Kevin Rowlands (Dexy's Midnight Runners e depois carreira solo) e Robert Smith são a mesma pessoa. Ambos cantam igual, com voz chorosa, ambos foram geniais (Bob Smith por muito mais tempo), e ambos não fazem coisas realmente boas desde muito tempo. The Cure, se acabasse depois de Wish, ia ter uma das maiores discografias do rock, mas seguiu fazendo discos burocráticos. E este que vos escreve gosta mais de Cure que de Joy Division, só pra se ter uma idéia do quanto eu amo essa banda.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

The Red Hot Chili Peppers…ou…a descoberta de uma fórmula:

Gosto muito de quando eles vislumbraram a possibilidade de um crossover ser sucesso comercial. Eles não inventaram nada, mas popularizaram a mistura, a influência funk no rock e vice-versa (lembrando que os dois primeiros são bem mais funk). No primeiro, falta sal, nada decola. No segundo, a produção de George Clinton ajuda, mas eles só acertam em cheio no terceiro (e melhor da banda), Uplift Mofo Party Plan. Mother's Milk é uma boa seqüência, mas Blood Sugar... descobre a balada FM, com a voz de Kiedis irritando como nunca. Seria o princípio de uma acomodação criativa. Nos dois complicados discos seguintes, ainda respira-se um ar de risco e de loucura, em grande parte graças a Flea. Em By the Way, parece que Kiedis domina, e a banda naufraga de vez.

The Red Hot Chili Peppers (1984) * *
Freaky Styley (1985) * * *
The Uplift Mofo Party Plan (1987) * * * *
The Abbey Road EP (1988) * * *
Mother's Milk (1989) * * * *
Blood Sugar Sex Magik (1991) * * *
One Hot Minute (1995) * * *
Californication (1999) * * *
By the Way (2002) *

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Editorial corajoso e pertinente do amigo Regis Tadeu, editor da revista Mosh, uma ótima opção para quem quer algo impresso sobre música e comportamento:

A pirataria mora ao lado
Estava eu pensando no que escreveria neste editorial, nas novidades que contaria a você – como a seção Radar, em que abordaremos apenas os lançamentos de bandas nacionais que estão começando a engatinhar em suas próprias carreiras – quando percebi que algo está me incomodando profundamente este mês. Por isso, resolvi colocar neste espaço o mesmo artigo que escrevi este mês na coluna Entre Linhas, que mantenho mensalmente na revista Cover Guitarra. Desculpe a repetição, mas preciso desabafar com você, caro leitor, a respeito de algumas coisas que ninguém anda com coragem em falar abertamente.O negócio é o seguinte: estou começando a achar que essa coisa de pirataria de CDs, downloads gratuitos, MP3 e o raio que o parta não é o monstro sanguinário e assassino que todo mundo se esforça para nos lembrar. Senão, vejamos...Um dos primeiros a levantar essa lebre foi o jornalista Lúcio Ribeiro, da Folha de São Paulo. Ao relatar que o novo disco da banda Libertines foi direto para o primeiro lugar da parada inglesa, ele escreveu que tal fato era “um tapa na cara da indústria musical”. Se você não está entendendo, eu explico: o tal disco, batizado com o nome do grupo, simplesmente estava disponível na Internet quase dois meses antes de seu lançamento. Na íntegra! Tal fato fez com que o álbum batesse recordes de downloads, etc, etc... Só que na mesma semana em que foi lançado oficialmente, The Libertines foi direto para o topo das paradas não apenas da Inglaterra, mas de quase todos os países da Europa. Afinal de contas, o que houve? O que aconteceu foi que mesmo quem tinha baixado o disco nos Soulseeks da vida não pestanejou na hora de comprar o CD oficial, porque já conhecia as músicas, tinha gostado do que tinha ouvido, foi na loja, viu que o preço não era exorbitante (se comparado com a renda média de seu salário), comprou e levou para casa um disco bem gravado, com encarte bacana e o escambau... Sim, você vai dizer que o cara mora na Inglaterra, tem grana, blá, blá, blá, que no Brasil todo mundo é pobre, bla, blá, blá... Aquela velha ladainha de sempre...Sabe qual a explicação? Não importa o lugar no planeta: se a música é boa e está disponível a um preço acessível, neguinho vai comprar o CD oficial, mesmo que ele já tenha uma cópia mal ajambrada em CD-R.Agora, pare para pensar nas pessoas de classes menos favorecidas... Sim, aquelas que todo mundo diz que são as maiores consumidoras de CDs piratas, essas víboras insensíveis que se recusam a pagar quase R$ 40,00 pelo disco do Bruno & Marrone, que optam pela cópia xerocada e xexelenta do camelô a cinco reais. Será que essa massa de gente não acha que, no fundo, a música criada por seus ídolos é uma bela porcaria?Mesmo sem saber, será que essas pessoas não sentem que as canções de seus grupos, duplas e artistas preferidos têm uma vida muito curta na memória de seus admiradores? Resumindo: por que esses cidadãos mesquinhos têm que gastar boa parte do (ridiculamente baixo) salário mínimo para comprar um CD que ele vai enjoar de ouvir em 15 dias?Se você ainda acha que estou de miolo mole, faço aqui a pergunta que não quer calar, mas que ninguém tem coragem de fazer: será que não são os próprios artistas a financiar a pirataria de seus próprios produtos? E digo “produtos” porque é exatamente dessa forma que a música é encarada hoje em dia... Como você explica o fato de um CD estar na banca do camelô 20 dias antes de seu lançamento? Como se explica que já haviam cópias - legendadas - em DVD do filme Kill Bill Vol. 2 três semanas antes do lançamento nos cinemas?Ponha-se no lugar de um artista de sucesso – um cara chamado Mahloney, por exemplo. Imagine que ele ganha 2% sobre o valor de venda para o atacado de cada unidade oficial do CD que acabou de gravar – algo em torno de R$ 0,50 por unidade. Se ele resolver piratear o seu próprio disco, colocar as cópias nas barracas dos camelôs e fazer um acordo em que 60% do valor do CD-R fique para ele e 40% para o “funcionário”, ele vai lucrar... R$ 3,00 por CD-R!!!É para se pensar, não?

Dizem que Black Sabbath sem Ozzy Osbourne não existe. Pois bem...ouçam com atenção ao Born Again e ao Mob Rules e depois a gente conversa.
Agora, de tudo que veio depois do Born Again, pouco se salva. Algo do Cross Purposes e do Dehumanizer. Mas muito pouco, se comparável aos dois discos citados no parágrafo acima. Tony Martin sucks!!!

sábado, dezembro 11, 2004

Ouvindo agora a genial banda black Grahan Central Station (LP Ain't No 'Bout-a-doubt It, 1975 * * * * *). Uma guitarra de tirar o fôlego, lembrando Eddie Hazel no Funkadelic, abre o disco e serve como cartão de visitas do funkão pesado da banda, com destaque para a voz linda de Chocolate, o toque feminino da banda (vários deles revezam no vocal). Faz pensar, e muito, como a black music dos anos 70 conseguiu um alcance que a de hoje não tem. Bandas como Tower of Power, War, o combo de George Clinton ("Parliafunkadelicment") e até o mais vilipendiado, mas igualmente genial, EWF têm grande aceitação entre os roqueiros menos bitolados, o que não acontece tanto com a black music de hoje. Não gosto muito de conclusões que levam a uma suposta inferioridade de uma em relação a outra, mas que a diferença de aceitação faz pensar é inegável
Eu não tenho a menor dúvida de que "This is Where I Belong", do Kinks, é a maior canção pop já feita. Kinks, por sinal, é a maior banda de todos os tempos, e bastariam dois discos pra provar isso: Face to Face (1966) e Village Green Preservation Society (1968). Pena que os discos são muito caros, mas qualquer loja que se preze deve ter pelo menos esses dois. Ou seja, nossa Jardim Elétrico só se tornará uma loja decente em meados de janeiro, quando os importadores voltarem a funcionar.

sábado, novembro 27, 2004

Viação Garcia, nove horas de viagem, ouvi Four Tet (álbuns Rounds e Dialogue) duas vezes. É Rock Progressivo de primeira, continuando o que bandas como Can, Faust, Gong, King Crimson e Henry Cow buscavam...transcender barreiras musicais. Não tenho palavras (acho que vocês perceberam) para descrever a beleza desses dois discos seminais. Duas obras-primas que tornaram a Castelo Branco bem mais atapetada do que ela é. Depois...congestionamento bravo na entrada de São Paulo. Por que tanta gente quer entrar nesta cidade numa sexta-feira??? Com criança berrando. Salvo pela reaudição dos discos do Four Tet.

No cd de MP3 ainda tinha: DAF (Alles ist Gut), com alguns momentos bacanas, mas bem meia boca no geral; adult., idem, com menos momentos bacanas; Arab Strap (Monday at the Hug and Pint), todas as influências diluídas, com voz chata pra diabo, um porre; Air, ou como é bom reescutar Moon Safari, ainda o melhor disco deles; Postal Service, primo pobre do Pet Shop Boys + Dave Gahan, cujo LP solo subiu bastante no meu conceito e Martin Gore, que por estar no final do cd não deu pra ouvir inteiro, mas me pareceu meio preguiçoso.
Parem as rotativas!!! Meu irmão Ricardo matou a charada. Bon Scott não morreu. Veio pro Brasil, pra escapar do fisco, e virou José Silvério, folclórico locutor de futebol no rádio.

sexta-feira, novembro 26, 2004

hehehehehe

rocka rolla (1974) * * * *
sad wings of destiny (1976) * * * *
sin after sin (1977) * * * *1/2
stained class (1978) * * * *1/2
hell bent for leather (1979) * * * *
unleashed in the east (1979) * * * * *
british steel (1980) * * * * *
point of entry (1981) * * * * *
screaming for vengeance (1982) * * * *1/2
defenders of the faith (1983) * * * *
turbo (1985) *1/2
priest live (1987) * *
ram it down (1988) * *
painkiller (1990) * * * *
jugulator (1997) * * *
live meltdown (1998) * * *1/2
demolition (2001) * * *
live in london (2003) – nunca ouvi

Tava ouvindo British Steel, do Judas Priest. Disco dançante toda vida. Mas vai dizer isso pros headbangers ortodoxos (ichi...que pleonasmo!!!). "metal gods", "grinder", "breaking the law", living after midnight"...são músicas perfeitas para aeróbica. Ah...gosto muito do disco e da banda.

sábado, novembro 20, 2004

Acho que o Primal Scream virou banda mesmo, capaz de empolgar e tornar cada lançamento uma boa expectativa, em Vanishing Point (1997 * * * *). Do começo de franjinha, ao desbunde dance de Screamadelica (disco bem meia boca - acho "Movin' on Up" um pé no saco) e a imitação parca de Stones no disco seguinte tenho muito pouco a salvar do medíocre. Os primeiros eu só ouvi na época, mas lembro que ficava bem abaixo dos House of Love da época. Mas Screamadelica eu ouço de vez em quando, pra ver se não comi bola no processo. Mas revela-se sempre um disco bem chato e pouco inspirado. Não entendo o seu sucesso, se a maioria dos discos que mesclavam dance com rock da época eram muito melhores. O trio de ferro de Manchester na virada da década de 80 para a de 90, por exemplo: Os discos de estréia de Happy Mondays (um pouco menos, já que Bummed é o mais fraco dos três), Inspiral Carpets e Stone Roses são mil vezes melhores, e mais felizes na mistura. Mais dançantes e mais roqueiros ao mesmo tempo. PWEI também fez isso antes e melhor, embora sem se levar a sério, muito pelo contrário. Mas Screamadelica (1991 * *) permanece como clássico da época, o que não consigo entender. Mas voltando ao presente infinitamente mais interessante da banda, completa a trinca de discaços o fenomenal Xtrmntr (2000 * * * *1/2) e sua continuação Evil Heat (2002 * * * *1/2). Por isso achei lamentável ter perdido o show deles no começo do mês. Quem viu gostou, e muito, desde que tenha gostado da faceta mais heavy-eletrônica da banda.

quarta-feira, novembro 17, 2004

Ouvindo agora o cd (o dois em um da RecordRunner) do Crucis é a banda mais cult do hard-prog argentino. Que me perdoem os fãs do Aquelarre, do Pescado Rabioso e do Billy Bond, mas ninguém conseguiu unir melodia e peso como o Crucis. Los Delírios del Mariscal é o segundo disco (com a maravilhosa "No me Separen de Mi", faixa de abertura), e é mais procurado. Dá pra encontrá-lo em vinil nacional. Mas o primeiro (Crucis) é bem melhor. Trata-se de uma obra-prima absoluta do estilo. Pesada quando deve ser, virtuosistica na hora certa, melodiosa como poucas obras hard. Os destaques, pra não dizer o disco inteiro, vão para "todo tiempo posible", "la triste visión del entierro propio" e "irónico ser". Los Delirios é mais instrumental, um tanto mais lento também, mas ainda assim é um grande disco, dos melhores da época, com especial destaque para o jazz-rock de "pollo frito", além da primeira já citada.

quarta-feira, outubro 27, 2004

Só lembrando que estou ausente deste blog porque estou acompanhando a Mostra BR de cinema. Comentários sobre os filmes em: www.chiphazard.blogspot.com

quinta-feira, outubro 21, 2004

Bizarra a coletânea Softcore Jukebox, compilada pelo simpático Ladytron. Um punhado de preferidas deles fazendo um coquetel eclético e irregular. Algumas faixas são desnecessárias, mas é interessante ver coisas tão díspares como My Bloody Valentine, The Fall, Nancy Sinatra e Shocking Blue num mesmo disco. Tem duas inéditas do Ladytron também, talvez para justificar o nome deles na capa. E as duas estão entre o que eles fizeram de melhor.
Impressionante como a banda Slade é fraca. Dentro do que se produziu na época eles não alcançam nem o décimo escalão. Tirando os discos Nobody's Fool (o melhor deles), e o Old New Borrowed and Blue (o segundo melhor), o máximo que eles conseguem é uns dois acertos por disco. O amigo Bento costuma brigar comigo quando falo que Nazareth é bem melhor, mas nem é necessário tanto. WASP é bem melhor. E olha que é quinto escalão do metal.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Bury provocou, e eu caí:

cotações Manowar:

Battle Hymns (1982) * * * * *
Into Glory Ride (1983) * * *1/2
Hail to England (1983) * * * *
Sign of the Hammer (1984) * * *
Fighting the World (1987) *1/2
Kings of Metal (1988) * *
Triumph of Steel (1992) * *1/2
Louder than Hell (1996) * *1/2
Hell on Wheels (1997) * * *
Hell on Stage (1999) * *
Warriors of the World (2002) * *

quarta-feira, setembro 29, 2004

Estava pensando outro dia na decadência dos artistas nacionais no começo dos anos 80. Com a chegada dos sintetizadores ao pop brazuca, os artistas da MPB resolveram aderir e fizeram, na maioria das vezes, discos pavorosos. Moraes Moreira, Zé Ramalho, Guilherme Arantes, Amelinha, Fagner, Belchior, A Cor do Som, e inúmeros outros caras de talento sucumbiram à ditadura dos arranjos Lincoln Olivetti, com aquelas teclas de som de elevador. Mesmo Djavan, que vinha de grandes discos, e Jorge Ben, que dispensa comentários, fizeram troços vergonhosos. Djavan fez Lilás, seu sucesso de vendas, e pior disco, o que prova que daninho por daninho, o estilo musak iria imperar por mais tempo na MPB. Jorge Ben fez discos pavorosos nos 80, se recuperando parcialmente depois da mudança para Jorge Benjor, e a adoção de vez do funk elétrico.
Caetano continuou sem decepcionar. Incorporou brilhantemente a nova sonoridade na obra-prima Outras Palavras (1981 * * * * *), e seguiu com discos excelentes como Uns (1983* * * *) e Velô (1984 * * * *1/2). Gil foi mal, fazendo apenas Raça Humana de interessante no período. E Tim Maia nem se fala, limitando-se às melodias de efeito de Sullivan e Massadas, sem inspiração para manter os LPs no mesmo nível. Sem tempo para pesquisar, arrisco dizer que foi essa indefinição que estagnou o pop nacional durante esses anos, e responsável por uma safra que, apesar de redefinir os rumos da MPB através de pesquisas com sonoridades legitimamente brasileiras (e falo aqui de caras como Zeca Baleiro e Lenine), enterrou qualquer possibilidade de avanço, deixando a MPB nesse nicho patético em que ela se encontra hoje. Claro que existem as exceções, o próprio Zeca vem melhorando e aprendendo com os erros. Mas é triste que João Bosco, Caetano Veloso, Djavan, Chico Buarque e Milton Nascimento continuem a ser as melhores esperanças de grandes discos ainda por vir. Da safra nova, não espero migalhas. Salvo as exceções, que de tão inexpressivas, fogem da memória.
Ouvindo o disco The Church (1988 * * * *), o famoso disco de capa branca que contém o maior hit do grupo: "Under the Milky Way", que é uma das mais fracas do disco. Não se trata de falar mal do que é mais conhecido. Quem me conhece sabe que eu abomino essa prática. Mas como querer que o hit citado chegue aos pés da faixa de abertura do mesmo disco, a fenomenal "Destination". Ou da levada folky de uma das mais belas melodias existentes, a da canção "Antenna". Nem é um dos melhores dessa bandaça, mas é muito bom de ouvir.

quarta-feira, setembro 15, 2004

Este blog ainda vai virar só de cotações.

Duran Duran sim...e daí?

Duran Duran (1981) * * * * *
Rio (1982) * * * * *
Seven and Ragged Tiger (1983) * * * * 1/2
Arena (1984) * *
Notorious (1986) * * * * 1/2
Big Thing (1988) * *
Liberty (1990) *
The Wedding Album (1993) * * *
Thank You (1995) * *
Meddazland (1997) * * *
Big Trash (2000) * *

Projetos:

Arcadia- So Red the Rose (1985) * * * * 1/2
Power Station (1985) * * *


sábado, agosto 28, 2004

Novas barracas uniformizadas de pirateiros nas ruas de São Paulo. O número parece ter duplicado. É um negócio da China para muita gente grande. Os artistas são muito trouxas se não percebem quem está por trás disso.
Wind of Change sucks. Eye II Eye é o pior disco já feito. Mas eles têm coisas muito boas, principalmente nos anos 70. Então...

...As 5 melhores faixas do Scorpions:

1) Steamrock Fever
2) The Sails of Charon
3) In Your Park
4) Pictured Life
5) Speedy's Coming

sábado, agosto 21, 2004

Não sou expert, mas as melhores prensagens de Beatles são as com capa sanduíche, de preferência as que vem em MONO, e de preferência as de selo branco (que se não me engano vão até o Sgt. Peppers). Ouço agora uma prensagem estéreo (com selo amarelo escuro) do Revolver. Bela prensagem, com alguns chiadinhos cultivados pelo tempo, mas nada muito sério. Se comparadas às prensagens dos anos 70 e 80, principalmente do comecinho da década de 80, ou final dos anos 70 (aquelas de selo azul claro, e que vinham com um encarte com toda a discografia), as de capa sanduiche dão de 10. Bem mais altas e nítidas. Claro, estou falando de prensagens nacionais (fabricação Odeon, em São Bernardo ou Fonobrás). Na gringolândia é outra história. Aliás, o preconceito é coisa séria nesse ramo. Vinil francês, e o espanhol em menor escala, é superior ao americano, e muito, muito superior ao alemão. Vinil alemão geralmente se enche de chiados com o tempo, mas claro, nada que o manuseio cuidadoso não consiga evitar. Mas aí já saí da seara beatlemaníaca.
Ten Years After sendo procurado pelos adolescentes é algo pra se comemorar. Bandaça, com pelo menos três discos essenciais: Cricklewood Green, de 1970 (e a meu ver, o melhor), Space in Time (1971) e Rock 'n' Roll Music to the World (1972). O primeiro desses (quinto da banda)sedimentou o blues pesado que eles vinham fazendo e abriu caminho para outros estilos que deflorariam com maestria em Space in Time. RnRMttW segue na mesma vertente, mas é menos acessível, mais esquisitão e irregular. Ainda assim, por vários momentos é um disco genial. Watt e Positive Vibrations também merecem destaque na discografia. Meu irmão diz aqui que eu adorava o Undead (1968), mas, sinceramente, não lembro. Só lembro que nunca gostei do primeiro deles (Ten Years After, de 1967)

domingo, agosto 08, 2004

Na nova revista Mosh, deu Queen em primeiro lugar na lista de piores discos de rock. Claro, o escolhido foi o medonho Hot Space, com funks de quinta e tecladinho new-wave de fazer corar quem aprendeu a tocar num velho hering de brinquedo. "Under Pressure", tentativa do genial Bowie de salvar o Queen do vezame, não consegue redimir o fiasco. Acho que o único disco da banda pós The Game que chega perto de ser alguma coisa é o The Miracle. Mas só chega perto.

quarta-feira, julho 28, 2004

Escutando Clinic, Walking With Thee, um impressionante coquetel de elementos eletrônicos com punk e experimentalismo. Um refrão que repete "no", com paradinha e tudo, dentro de uma canção com andamento francamente dançante (na faixa título). Um ruído que se torna delicioso de tão equivocado e arriscado. "The Equalizer", a segunda, é algo entre os Residents e Sonic Youth. E o disco ainda tem pós-punk e progressivo em doses muito equilibradas. Um dos discos mais instigantes deste novo século.
É realmente uma obra-prima o primeiro LP do Tears For Fears, The Hurting. O que torna mais impressionante a decadência da banda nos dois álbuns seguintes (os que vieram depois de Seeds of Love eu precisaria reouvir para opinar). The Hurting já começa com uma trinca de melodias belíssimas: começando com a tristeza de "The Hurting", com andamento meio lúgubre e misterioso; segue com "Mad World", uma inacreditável melodia baseada na repetição e em üma seqüência primária de notas, como no início do tecno-pop, mas que funciona incrivelmente bem; terminando com a terceira faixa do disco, a monumental "Pale Shelter", hino do pop eletrônico cuja melodia assobiável reina ao lado de um teclado predominantemente triste, como de resto eram tristes todos aqueles tecno-pops. O disco segue com outras pérolas como "Memories Fade", "Whatch me Bleed" e a irmã de "Pale Shelter", "Change". Além da horror-pop "The Prisoner", canção estranha e carregada de efeitos sombrios, como o coro que interage com o teclado. Disco fundamental para quem gosta do bom pop dos anos 80.

quarta-feira, julho 21, 2004

Reouvindo Van der Graaf Generator (a obra-prima H to He) e percebendo o quanto o som de Clara Crocodilo, de Arrigo Barnabé, é devedor da poesia de Peter Hammill em torno do saxofone distorcido de David Jackson. Outros dois discos do VdGG completam uma trilogia metafísica (inconsciente, mas muito coesa): The Least We Can Do is a Wave to Each Other e Pawn Hearts.  O primeiro é o que sedimentou o estilo da banda, muito imitado por bandas como Still Life (que existia antes do disco do VdGG), Raw Material e Gnidrolog. O segundo é considerado um dos discos mais influentes do progressivo, mas essa influência nem é tão óbvia, apesar de fortemente sensível em bandas díspares como Genesis, Camel, Curved Air, além das anteriormente citadas. O barulho dos navios batendo em Pawn Hearts, efeitos acoplados à bateria, e as partes lentas e melodiosos de qualquer dos três discos, de uma beleza que leva às lágrimas, sempre, são momentos que provam que Hammill é, sim, um gênio.

segunda-feira, julho 19, 2004

e merece também um Top 3 de seus discos com outras bandas:
 
1) Buffalo Springfield - Again
2) CSNY - Deja Vu
3) Buffalo Springfield - Last Time Around
O mestre merece um Top 10:
 
1) Zuma
2) After the Gold Rush
3) On the Beach
4) Everybody Knows this is Nowhere
5) Rust Never Sleeps
6) Live Rust
7) Harvest
8) Re-ac-tor
9) Comes a Time
10) Sleeps with Angels + Freedom

quarta-feira, julho 14, 2004

Ouvi hoje também, pela primeira vez, o novo do The Cure, com o criativo nome de...The Cure. A capa infantilóide diz muito da paralisia criativa de Robert Smith, e o disco está muito aquém de quem já fez Pornography, The Top ou Desintegration. Acho que o Cure deveria ter encerrado a carreira com o bom Wish, seria um último suspiro digno do passado da banda. Claro, tudo isso pode mudar com a inevitável reaudição. Mas acho difícil que isso aconteça. Apostas?
Só hoje pude ouvir o disco do Velvet Revolver, ou Stone Temple Roses, ou Guns 'n' Pilots. Disco bem assim-assim, um grunge requentado que tem algumas boas canções, mas é difícil de ser escutado numa levada só. Bem...eu já não esperava muito mesmo.

terça-feira, julho 13, 2004

É impressionante como é fraco o segundo disco dos Inspiral Carpets (The Beast Inside, 1992 **). Nem consegui reouví-lo inteiro no mesmo dia. Tive que tentar no dia seguinte. Impressionante como só a faixa "Grip", a quinta, está no mesmo nível do excelente primeiro LP (Life, 1990 ****1/2). No terceiro (Devil's Hoping, 1994 ***1/2) eles ensaiam uma volta à energia criativa do debut, em um disco que tem seus grandes momentos, e é deliciosamente equivocado. Não lembro o que eles fizeram depois, nem se cheguei a conhecer (o All Music Guide está fora do ar, ou muito difícil de carregar), as datas e nomes dos discos vieram da minha memória, então quem quiser correção de informações tem que checar em outro lugar. E discutir aqui, evidentemente.

terça-feira, julho 06, 2004

Talvez tenha ficado nas entrelinhas que eu não gosto de Cardigans. Ledo e Ivo engano (ok...trocadilho batido, mas um dia eu tinha que escrever). Desde Life, o lançamento americano de Emerdale, com poucas faixas diferentes (se não me engano, duas), até Gran Turismo, a obra-prima, desbunde pop com melodias de um potencial grudento inigualável, com pequenas e certeiras doses de eletrônica (elemento crescente em sua carreira até então). Passando pela deliciosa indecisão conceitual que foi o First Band on the Moon, álbum irregular, mas que, de resto, responde pela inclusão de uma faixa antológica: "Lovefool", faixa que redefiniu o termo lounge. Termo, aliás, tacanho do qual eles fizeram muito bem em tentar se desvencilhar. Só que deram um passo bem equivocado em Long Gone Before Daylight, que parece um Cowboy Junkies tentando soar como Pretenders. Mas espero anciosamente pela reviravolta, uma tentativa de abandonar a pecha de reis do lounge por outra porta, a da experimentação, outro fator sempre presente nos antigos álbuns, mas nunca perto de se tornar soberano.

sábado, julho 03, 2004

Para quebrar o jejum de posts, mando um pequeno texto do meu irmão, Ricardo Alpendre, sobre a importante data de 5 de julho. O texto não chega nem perto da picaretagem usual deste blog (pois é bem escrito), e meu irmão é livre para escrever aqui sempre que a preguiça não o vencer.

Aqui está:

Há exatos cinqüenta anos, completados nesta segunda-feira, 5 de julho, o jovem Elvis Aaron Presley, ainda a um ano e meio de se tornar Elvis The Pelvis, gravou a música “That’s All Right” de Arthur Crudup. 1954. Segunda-feira, como esta. Elvis, fã de blues desde sempre, gravaria ainda outras duas do bluesman Crudup até início de 1956. Não é que o Rock & Roll nasceu ali naquela hora: havia anos os rhythm & blues dos negros já podiam ser chamados como tal; e tanto quanto se pode dizer rock & roll acústico, “They’re Red Hot” de Robert Johnson (1937) e coisas do gênero já poderiam entrar na categoria. O que fizeram Elvis, Scotty Moore (guitarra) e Bill Black (baixo), então, foi acender o curtíssimo pavio do explosivo Rockabilly e do Rock & Roll de Memphis. Além de colocar sua carreira nos trilhos a mil por hora, Elvis punha no mapa o selo Sun Records, com o proprietário e produtor Sam Phillips. Além, é claro, de legitimar o Rock como um gênero musical para os Estados Unidos e depois o mundo. Foi há 50 anos.
Na verdade, foi hoje também, acontece todo dia. É como na fala de Tommy Lee Jones em MIB: Men In Black: “Elvis não morreu... foi para casa.”

Ricardo Alpendre
www.czpublicidade.com/tomada

sábado, junho 19, 2004

Da série "ninguém vai ler, e quem ler vai se perguntar: what the fuck?"

ELO, ou a genialidade de Jeff Lynne - parte 2

Electric Light Orchestra (1971) ****
Uma estréia que agrada aos psicodélicos e aos proggers. A mistura ainda era decidida, muito bem arranjada com suas camadas de tons fortes. "Mr.Radio", "10508 Overture" e "Nellie Takes a Bow" provam que a junção de dois talentos (Roy Wood e Jeff) não iria durar. São músicas que pertencem a mesma concepção, mas apontam para caminhos divergentes.

Electric Light Orchestra 2 (1972) ****1/2
Se não fosse a versão correta, mas desnecessária de "Roll Over Bethoven", este disco seria uma obra-prima. Não por ser o mais progressivo da banda, mas porque Jeff, agora livre para impor sua maneira de conceber canções, resolveu inverter o que se esperava e compôs canções viajantes, como Wood queria, mas construídas com forte apêlo melódico e comercial. Dessa indecisão surgiu um belo disco space prog. Basta ver que o segundo lado tem só duas músicas, as melhores do disco: "Kuyama" e "From the sun to the World".

On the Third Day (1973) ****1/2
Discaço que acentua o lado comercial buscado por Lynne, sem abandonar os devaneios space prog do segundo disco. Apenas eles aparecem mais formatados, em canções mais curtas. Tem uma seqüência de tirar o fôlego, que começa com "Showdown" e termina com "Dreaming of 4000". São quatro faixas geniais que comprovam o talento e o direcionamento buscado por Lynne. Tem "No Not Susan" também, a canção mais John Lennon que já ouvi (bom...até "Can't Get it Out of My Head", do LP Eldorado)

Eldorado (1974) **1/2
Um disco indeciso, meio continuação do anterior sem nada acrescentar. Seria piloto automático, não fosse a incapacidade de Lynne de deixar de se envolver com uma busca pela melodia perfeita (ok, quantas vezes você já viu eu escrever isso?). "Mister Kingdon" e´"Boy Blue" são as melhores.

Face the Music (1975) ***1/2
Mais um disco indeciso, ainda que sensivelmente melhor que Eldorado. Falta coesão, mas as melodias voltaram a ser inspiradas como em On the Third Day. Ouça "Strange Magic" e "One Summer Dream", duas das melhores canções de Lynne. Mas tem também "Evil Woman", que prenuncia a recaída Disco Music do disco seguinte em alto estilo. Infelizmente tem "Fire on High", abertura eruditóide e equivocada, eles fizeram muitas, mas nenhuma incomoda como essa.

A New World Record (1976) *****
Há há...o disco que tem "Livin' Thing", o maior sucesso comercial do grupo. Todo mundo conhece, e quase todo mundo tem vergonha de dizer que gosta. O inegável é que a melodia dessa música gruda como uma geleca assassina, e faz com que você fique prisioneiro do refrão emoldurado pelas cordas agudas. Clássico do pop safado, mas metido a sério, de Lynne. O resto do disco seguraria as cinco estrelas mesmo sem a irmã famosa. Pô..."Above the Clouds" tem os backing vocals mais geniais daqueles tempos, e "Rockaria", o casamento perfeito entre a erudição dos arranjos e a inspiração Buddy Holly com Roy Orbison de Lynne. Fora a citação de Easybeats na genial "Telephone Line", a abertura potente com "Tightrope", a batida bate estaca de "So Fine"...um clássico.

Out of the Blue (1977) *****
Álbum duplo sem um sulco supérfluo sequer. De baladas e batidas 4x4 segue o maravilhoso mundo de Jeff Lynne. A abertura do disco, a direta e dançante "Turn to Stone" dá o tom, alternando com baladas como a tocante "It's Over", a segunda do disco, que tem uma das letras mais lindas sobre desilusão amorosa que já ouvi (sim, porque a conjunção entre o que ele canta e como canta é genial, coisa de arrepiar mesmo), fora a batida de "If I Fell" (dos Beatles). "Mr. Blue Sky" está na trilha da nova peraltice escrita por Charlie Kaufman para o cinema, permeia todo o trailer, talvez seja descoberta como uma das mais geniais peças do revival dos anos 50s pelos anos finais dos 70s. E o rock 'n' roll segue pulsante com "Birminghan Blues". Um dos grandes discos de todos os tempos.

Discovery (1979) ***
Entressafra brava. Depois de Out of the Blue, qualquer disco seria decepcionante, mas Discovery soa como ducha de água fria na primeira audição. Ouvindo com calma, percebe-se que a genialidade de Lynne bate ponto em pelo menos três músicas: "Wishing", com a volta dos backing vocals inspiradíssimos; "Diary of Horace Wimp", pela brilhante combinação de letra e melodia; e a indefectível "Last Train to London", canção que fez bem mais sucesso no Brasil que no resto do mundo, a ponto de ter ficado de fora de várias coletâneas, inclusive de uma dupla, bem abrangente da carreira do grupo.

Xanadu (1980) ***
Tirando o delicioso guilty pleasure que é o lado de Olivia Newton John, o lado do ELO é bem bacana, ainda que nada acrescente ao repertório do grupo. "I'm Alive" é o destaque.

Time (1981) ****1/2
O disco que tem a introdução do robozinho. Como tocava nas rádios brasileiras a brilhante e deliciosamente brega "Twilight" e com o prólogo, limado das rádios no resto do mundo. Brasileiros têm bom ouvido para o pop (isso me lembra que a melhor versão de Skyline Pidgeon, de Elton John, só fez sucesso no Brasil). O disco ainda tem a bela "Ticket to the Moon", uma balada que pode levar às lágrimas, com vocal adocicado na medida. E ainda tem as geniais "Here is the News", "Rain is Falling" e "21st Century Boy".

Secret Messages (1983) ****
Um disco que segue Time em muitos pontos, mas parece apontar para uma estafa criativa. Seus momentos bons, entretanto, são tão bons, que garantem o interesse. Na verdade, quase tudo que entrou no disco é muito bom. É que a intenção era fazer outro álbum duplo, idéia abortada pela gravadora, com Lynne concordando, já que as extra tracks são decepcionantes e bem mais fracas que qualquer coisa que entrou para o disco. Destaques: Secret Messages, Train of Gold, Four Little Diamonds e Danger Ahead.

Balance of Power (1986) *
Um desastre. Só "Getting to the Point" se salva, o que é muito pouco.

Zuma (2000) ****
Creditado como ELO, mas na verdade um disco solo de Jeff Lynne, tão bom quanto o festejado Armchair Theatre (de 1991 ****). Como não tenho o disco em mãos, não lembro quais as melhores, mas deve-se salientar que a mão de Lynne está muito boa.

Esqueçam a segunda incarnação da banda, sem Jeff Lynne, e que fez shows pelo Brasil (com Lynne aparecendo nas fotos promocionais - santa picaretagem).



quinta-feira, junho 17, 2004

Electric Light Orchestra: o preconceito que a maravilhosa banda de Jeff Lynne sempre sofreu parece que se arrefeceu em algum momento nos anos 90. O filme Boogie Nights se encerra com um de seus hits (fui motivo de gozação por isso - pô, logo na hora que o cara mostra o documento vão tocar uma banda que eu adoro...), a revista Mojo colocou Out of the Blue entre os melhores discos dos anos 70, Macca capitulou às insistências de George (que já havia trabalhado com a produção do mago Lynne) para a escolha do produtor da série Anthology (adivinhem quem...). Falta ainda reconhecer o quanto a banda seguiu nos caminhos traçados pelos Beatles, e pavimentados por Raspberries, Badfinger, Moody Blues e outros. ELO é "wall of sound". ELO é a batida quatro por quatro, o desbunde da Disco Music em sua versão mais roqueira, ELO é, acima de tudo, a deliciosa levada de "If I Fell" (do A Hard Day's Night) relida, estudada e redimensionada. As letras falam de ritos de passagem, de dificuldades nos relacionamentos. "Starlight", "Strange Magic", "It's Over", "Mr. Blue Sky", "Diary of Horace Wimp", "Twilight", "Turn to Stone", "One Summer Dream", "Mr.Radio", "Kuyama", "Showdown"...clássicos do power pop que deveriam fazer parte do repertório da festa da Contracampo, mas acho que o Ruy não deixaria.

quarta-feira, junho 16, 2004

Na revista Mosh que está prestes a ser lançada, foi requisitada uma lista dos 50 piores discos de rock pop já feitos. Claro que privilegiamos (a lista foi assinada pela Jardim Elétrico, ou seja, eu e meu irmão) discos de bandas que gostamos, pra ficar mais picante a seleção. Ei-la:

(sem ordem de "preferência")

1- Cardigans - long gone before daylight
2- manowar - fighting the world
3- judas priest - turbo
4- suede - a new morning
5- beach boys - beach boys (1985)
6- earth wind & fire - touch the world
7- santana - shaman
8- rolling stones - undercover
9- clash - cut the crap
10- queen - innuendo
11- grand funk - grand funk lives
12- yes - tormato
13- cirith ungol - prêmio especial para o conjunto da obra
14- metallica - st. anger
15- red hot chili peppers - by the way
16- status quo - spare parts
17- duran duran - liberty
18- black sabbath - headless cross
19- iron maiden - x factor
20- paul mccartney - give my regards to brodway street
21- george harrison - gone troppo
22- u2- pop
23- scorpions - eye 2 eye
24- van halen - III
25- genesis - calling all stations
26- gentle giant - giant for a day
27- king crimson - three of a perfect pair
28- neil young - landing on water
29- david bowie - never let me down
30- eric clapton - august
31- massive attack - 100th window
32- cocteau twins - four calendar cafe
33- oasis - be here now
34- ozzy osbourne - the ultimate sin
35- elvis - o seresteiro de acapulco
36- renaissance - time line
37- ac/dc - blow up your video
38- uriah heep - equator
39- stevie wonder - characters
40- kansas - the spirit of things
41- rush - roll the bones
42- jethro tull - A
43- deep purple - bananas
44- camel - a single factor
45- eloy - oceans 2
46- doobie brothers - one step closer
47- dream theater - awake
48- helloween - keeper of the seven keys part 2
49- the cult - sonic temple
50- engenheiros do hawaii - o papa é pop

Ofensas serão compreendidas.

terça-feira, junho 15, 2004

segunda-feira, junho 14, 2004

O prazer de reouvir a banda galesa Budgie em vinil importado é inigualável. Dois exemplares recém adquiridos: Never Turn a Back on a Friend(1973****1/2), o terceiro, é sensacional, como sempre achei. Mas não consegui destacar música alguma. O disco tem uma coesão espantosa, e Burke Shelley, o baixista vocalista, dá mais munição para quem sabe que o Rush foi buscar 80% de sua sonoridade no Budgie (e a semelhança entre os dois vocalistas, tanto na voz, quanto na aparência física é algo a se estudar). Sua voz está mixada bem baixinho, sendo quase soterrada por seu próprio baixo e pela batida suingada. Por falar em suingue, Bandolier (1975*****), o quinto, prossegue na crescente busca pela batida sacolejante perfeita, que iria culminar no delicioso Impeckable (1978****1/2). O disco é perfeito, com baladas (Napoleon Bona - Part One) e rockões de primeira. E tem uma das melhores faixas da carreira do gurpo, a inacreditável "I Ain't No Mountain", de onde o AC/DC tirou a levada de baixo de "Love Hungry Man". A faixa possui um dos refrões que fariam a alegria daqueles que, como eu, babam por uma bela e inusitada melodia. Fora isso, Bandolier possui faixas de nomes bizarros como: "Slipaway/A Parrot Fashion Ball" e "Breaking All the House Rules and Learning All the House Rules", além da infame piada napoleônica (uma faixa dividida em duas partes: "Napoleon Bona - Part One" e "Napoleon Bona - Part Two"). É preciso muita coragem pra ser tão imbecil, mas o disco é fenomenal, independente disso.

segunda-feira, junho 07, 2004

Sábado na MTV: clip do Right Said Fred, a banda armação que revolucionou o pop safado com um disco de estréia sensacional, Up. O segundo não é tão bom, mas os hits do primeiro são inesquecíveis. "I'm Too Sexy", a música do clip visto, é um clássico com referências a vários clichês dos anos 80 (alguém lembra do pop aeróbico de Michael Sembello?). O clip não fica atrás, recriando cenas do imaginário da geração saúde que tomou as praias e clubes naquela década. Um revival satírico mais do que necessário em um dos clipes mais geniais já feitos. "i'm too sexy for my hat, too sexy for my hat, what you think about that?..."

sexta-feira, junho 04, 2004

THE WHO:

My Generation (65) ****1/2
A Quick One (66) ****
Sell Out (67) *****
Tommy (69) ****
Who's Next (71) *****
Quadrophenia (73) *****
Who by Numbers (75) ****
Who Are You (78) ****
Face Dances (80) ****
It's Hard (82) ****

ou seja...um mar de estrelas. Deixei propositalmente de fora as coletâneas e discos ao vivo.

quinta-feira, junho 03, 2004

The Who - Quadrophenia (1973) * * * * *
Este é o verdadeiro duplo clássico do Who, superior ao aclamado Tommy (1969 * * * *). Pete Townshend brinca com os sintetizadores o tempo todo, mas o som está tão cheio, com a banda tocando sempre no máximo, e John Entwistle arrasando, que fica difícil não se entregar ao disco. O falecido Entwistle é um dos nomes mais injustiçados do rock. É influência confessa de vários baixistas geniais como Lemmy Kilmister e Chris Squire, mas raramente é lembrado em listas. Quadrophenia vem logo depois de seu segundo e genial disco solo, Whistle Rhymes, e tem a mesma sonoridade grave. Townshend gostava de manter o baixão lá em cima, apesar de muitas vezes ele sobrepujar sua guitarra. Canções clássicas sobram no LP: "Is it me?", "The Real Me", "Cut my Hair", "5:15", "Sea and Sand", "Bell Boy", e a fenomenal "Doctor Jimmy (and mister Jim)", faixa que abre o derradeiro lado do álbum duplo. Tenho amigos tecnocratas que não gostam do Who por achar que lhes falta técnica...pfui.

terça-feira, junho 01, 2004

Na lista de discussão Rock Antigo, andaram esnobando o elenco do Rock in Rio - Lisboa. Pouparam apenas Peter Gabriel, artista que adoro, mas que nada de bom nos deu desde Us. Ovo era uma repetição preguiçosa de Passion e Up é uma tentativa de se manter moderno. Já Macca anda atirando para vários lados, mas sempre com resultados interessantes, seja em sua carreira dita "séria", com o fenomenal Driving Rain, seja em seus projetos (Fireman é o mais interessante, mas o álbum Run Devil Run é bem bacana). Atravessou os 90s em alto estilo, ao contrário de Gabriel. Já Britney, estrela máxima do evento, tem feito uma carreira de pop safado muito boa, com destaque para "Toxic", que como já disse, é o hino pop do século 21. A seleção, no entanto, é bem irregular mesmo, e deve desagradar muita gente em Lisboa.
Entrou um lote enorme de LPs, a maioria de Heavy Metal e de Prog. Entre as moscas brancas, Novalis (brandung), Gentle Giant (power and the glory), Jethro Tull (Aqualung e Stand up - sendo que o último com os bonecos dobrados), Loudness (thunder in the east), Trust (trust - o que tem antisocial), Lou Reed (Street Hassle), CSN, coletânea dupla do Buffalo Springfield, Deep Purple original inglês (fireball)...todos importados. Estão rendendo reaudições valiosíssimas. No momento, escuto street hassle, um disco pouco falado de Lou Reed, mas que está entre os melhores. É de 1978 e tem Dirt, clássico da sujeira comum às canções dele. O lote ainda renderá mais posts.

sábado, maio 22, 2004

Danny Kirwan é genial. Quando assumiu a maior parte das composições do Fleetwood Mac, possibilitou a melhor fase da banda. A fase que vai de Kiln House (1970) ao Heroes are Hard to Find (1974), antes de Stevie Nicks e Lindsey Buckinghan dominarem a sonoridade da banda, fazendo discos mais comerciais como Rumours (1977). Bare Trees (1972, o terceiro sem Peter Green) é o melhor disco deles. Danny Kirwan arrasa com todas as que compõe, principalmente com "Dust" e "Bare Trees". E Bob Welch comparece com a maravilhosa "Sentimental Lady", a melhor balada da banda, e uma das melhores baladas já feitas. A fase blues, com Peter Green, come poeira na comparação.

quarta-feira, maio 19, 2004

Top 5 The Cure:

1) Seventeen seconds
2) pornography
3) the head on the door
4) the top
5) desintegration

e ainda ficaram discaços como Kiss me kiss me kiss me e faith e three imaginary boys de fora.
Engraçado como Throwing Muses é injustiçado pelo público indie brasileiro. Na época de Hunkpapa até conseguiram uma certa notoriedade, por conta das excelentes críticas em jornais e na Bizz (que na época era formadora de opiniões). Depois, pouco tempo depois, já cairam no ostracismo, mesmo realizando excelentes discos, em especial o que ouço agora "The Real Ramona". É mais variado que hunkpapa, mesmo assim, tem mais coesão, vai do começo ao fim sem que se ouça uma música fraca sequer. Uma autêntica obra-prima, só igualada pelo homônimo disco de 2003.

sexta-feira, maio 07, 2004

Por causa de um período bem conturbado, está sendo meio difícil a atualização deste blog, o que deve melhorar no meio da semana que vem. Este post é só pra informar que o blog do Ruy (pra coisa nenhuma) voltou a ser atualizado. Vale a pena a visita.

quinta-feira, abril 22, 2004

A revista Zero está com uma matéria interessante sobre a maldição do segundo disco. Por isso, imitando a matéria, coloco aqui o meu Top 10 (na revista são 5) dos melhores segundos LPs da história da música popular. Posso esquecer algum, mas por hoje é isso:

1) The Zombies - Odessey and Oracle (1968)
2) Raspberries - Fresh (1974)
3) Os Novos Baianos - Acabou Chorare (1972)
4) Queen - Queen II (1974)
5) Caetano Veloso - Caetano Veloso (1969)
6) Os Mutantes - Os Mutantes (1969)
7) Velvet Underground - White Light White Heat (1968)
8) The Kinks - Kinda kinks (1965)
9) David Bowie - The Man Who Sold the World (1970)
10) Pixies - Doolittle (1990)

Lembrem-se que Come on Pilgrim é EP.
Queria colocar um de Jazz, mas a discografia é muito confusa, não sei quais os segundos discos dos meus jazzistas preferidos.
É óbvio que ficou muita coisa de fora. Amanhã a lista seria outra. Ou como disse o Chiko, discordo da minha própria lista.

terça-feira, abril 20, 2004

o melhor de Byrds, banda injustiçada:

Mr. Tambourine Man (1965) * * * *
Turn Turn Turn (1965) * * * * 1/2
Fifht Dimension (1966) * * * * 1/2
Younger Than Yesterday (1967) * * * * *
Notorious Byrd Brothers (1968) * * * * *
Sweetheart of the Rodeo (1968) * * * *
Dr Byrds and Mr Hyde (1969) * * * * 1/2
The Ballad of Easy Rider (1969) * * * *
Untlited/ Unissued (1970) * * *
Byrdmaniax (1971) * * *

os que não estão listados eu nunca ouvi.

sábado, abril 17, 2004

Ouvindo agora o primeiro Cornershop, Hold On It Hurts (1993****). Não sabia que era pós-punk. Pouco a ver com o desbunde dançante de When I Was Born for the 7th Time, seu disco mais famoso. O que esperar de uma estréia que tenha uma música com o seguinte título: "Born Disco, Died Heavy Metal". Desde já um dos clássicos da década. O álbum está muito mais pra Joy Division e The Fall do que pra qualquer banda de Manchester (em 1993, começava o britpop, muito influenciado pela onda de Manchester). O CD que tenho em mãos, contém o primeiro EP (Lock Stock & Double-Barrel) de bônus. Altamente recomendável.

quarta-feira, abril 14, 2004

Beach Boys again. Ouvindo M.I.U Album, de 1978, fica difícil acreditar que no ano seguinte eles fariam o terrível L.A. (Light Album). E que passariam a década de 80 com discos fracos e sem inspiração. MIU é o fino, nas melodias, nos arranjos vocais característicos. Brian Wilson voltou a gravar com a banda (no anterior, o igualmente ótimo Love You, ele só compôs pois não conseguia sair da cama). Empresta sua voz para algumas belas canções de sua autoria. Mas brilha mesmo com uma composição, "My Diane", cantada pela voz grave e sem igual de Dennis Wilson. Ouvindo essa música, fico pensando como eles conseguiam colocar a tristeza em notas simples, mas de uma menira mágica, isso porque eles ficaram conhecidos como banda alegre de surf music. Pobres coitados que nunca ouviram "Time to Get Alone" (do disco 20/20, de 1969) vão ficar repetindo essa asneira até quando?
A banda foi progressivamente, à partir de Friends (1968), abandonando as experimentações geniais de Brian para se dedicar ao mais perfeito formato pop. Álbuns como Sunflower e Surf's Up parecem súmulas de seus trabalhos nos anos 60, só que de forma mais simples, com menos requintes nos arranjos. Mesmo assim, não dá pra dizer que a banda caiu depois de Pet Sounds. OK, o disco é uma obra-prima. Mas tem muito mais: Wild Honey (1967), Smiley Smile (1967), Friends (1968), Sunflower (1970). E este MIU que não consigo parar de escutar (pois adquiri o vinil para a loja) quase chega lá. Além da estupenda "My Diane", ainda tem "Pitter patter", "Hey Little Tomboy" e "Match Point of Our Love". O disco saiu meses depois de Pacific Ocean Blue, a pérola de Dennis Wilson, triste e deflagradora ao mesmo tempo. Com esses dois discos, os irmãos Wilson, por vias tortuosas, resumem esse período musical de forma brilhante. Foram-se os arranjos psicodélicos dos 60s, entram os arranjos dançantes dos 70s. M.I.U., ainda que ligeiramente inferior à obra-prima de Dennis Wilson, capta ainda melhor essa mudança. E prova, após várias audições, o descontentamento dos irmãos com os rumos da música pop em 1977. Descontando Bamboo (álbum de raridades de Dennis) e a ressurreição de Brian Wilson em 1988, pode-se dizer que os dois álbuns (MIU e Pacific...) são testamentos de suas carreiras. Como se eles quisessem mesmo o abandono. Triste, mas compensador.

terça-feira, abril 13, 2004

ouvindo o mediano Should the World Fail to Fall Apart, o primeiro solo de Peter Murphy, fica claro que quem era bam bam bam no Bauhaus era Daniel Ash. O pior disco do Love and Rockets (sweet FA) é do nível do melhor de Murphy (Love Hysteria). Assim como Burning from the Inside, o quarto disco do Bauhaus, é o melhor, pois Daniel está mais participativo.

quinta-feira, abril 08, 2004

Daevid Allen - now is the happiest time of your life (1977) *****
Para quem gosta de Gong, é obrigatório conferir, além das primeiras viagens de Steve Hillage (fish rising, principalmente) os discos solos do doidão Daevid Allen, mentor e principal compositor do Gong, antes de sua debandada e da consequente usurpação do trono por Pierre Moerlen, que progressivamente foi tornando a banda jazz-rock com muito pouco sal. Allen era de gênio criativo semelhante ao de Frank Zappa. Tinha um ouvido privilegiado para timbres e melodias, mas ao contrário do bigodudo não era virtuose. Este disco é perfeito para os órfãos do Gong de Angel's Egg e You. As mesmas viagens espaciais, os mesmos vocais debochados e meio infantis, como se estivesse ninando uma criança. Além da sintética exploração de elementos do rock'roll dos fifties (a música "see you in the moontower" é o maior exemplo disso). Chego da Santa Efigênia, onde fui procurar um cabo para o aparelho de som, depois de dois chopes no bar do Léo e me deparo com este vinil, esperando uma limpeza para ser colocado à venda. Um belo presente de fim de tarde. E saudades do meu antigo CD. Agora tenho que me contentar com os MP3 completos da família GONG. Pensando bem...uma maravilha.
aquele que conhece Santa Dog, o compacto de estréia dos Residents(300 prensagens), vai ganhar uma caixa de Mandiopã.
eis o que o crítico Ted Mills escreveu sobre o fantástico Mark of the Mole, dos Residents:

After Eskimo, the band's attempt to sonically recreate Inuit tales through sound, the Residents began to undertake a similar project that would color the rest of their career. The Mark of the Mole trilogy would result in three albums and a world tour that would nearly bankrupt the band and Ralph Records, and cause (rumor has it) two of the original members to leave the band. It was also the beginning of the band's desire (often detrimental) to broaden their scope, to construct long concept albums, or imagine series of albums that would never be completed. Mark of the Mole imagines a race of mole workers who live underground and worship darkness and work (they're the heroes). When a flood forces them to flee their home, they migrate across the desert to the land of the Chubs, who subjugate them and cause war to break out. This is some of the grimmest, most discordant, rough hewn music the band has set down on record, with a grinding piece called "It Never Stops" summing up the tone of the record perfectly. Perversely, there is much to enjoy in this trip to the group's dark side, and the album's resolution truly feels like a breath of fresh air. — Ted Mills
´
É uma das bandas mais enigmáticas da história da vanguarda musical. É norte-americana. Seu Commercial Album é recheado de 40 canções de um minuto, de acordo com a idéia de que uma canção pop tem duas partes que são repetidas três vezez cada. Cortando-se as repetições, sobra o esqueleto de uma música pop.

O All Music Guide (apelidado de Some Music Guide), apesar das falhas evidentes, ainda é o melhor lugar para se pesquisar música lançada em CD. O site é mantido pelo AEC One Stop Group, responsável pelo AMIGO, o grande distribuidor de discos dos EUA.

segunda-feira, abril 05, 2004

Dispam-se de seus preconceitos e percebam que "Toxic" de Britney Spears é uma das melhores canções pop dos últimos tempos. Que venham as pedras.

quinta-feira, abril 01, 2004

Creedence Clearwater Revival. bela trinca escutei agora. primeiro Pendulum (1971****1/2), com suas aberturas para o space rock (ok...aberturas bem tímidas). um discaço, apesar de Molina. o último grande disco da banda. depois, Willie and the Poor Boys (1970*****), algo como uma declaração de intenções. country-rock definitivo e antenado. a obra-prima do grupo. por último: green river (1969***1/2), grande álbum, mas um tanto derivativo de Bayou Country (1968****). Eles iriam repetí-lo em melhor embalagem como Cosmo's Factory (1969****1/2), encerrando o rock-rural e iniciando uma nova fase, contemplativa e espelhada no que estava rolando na época.
nas viagens para Maringá escuto Air (Moon Safari) e Four Tet (rounds). AIR é delicioso com sua mistura de soft pop com eletrônica. em alguns momentos parecemos escutar ELO, principalmente pelos vocoders (aquela voz de robôzinho). Four Tet foi indicação do amigo Ruy Gardnier e lhe sou eternamente grato. Trata-se de um dos discos mais geniais que ouvi nos últimos anos. com uma batida ora jazz-funk ora hip-hop, barulhos eletrônicos e acústicos (teclas e cordas em perfeita harmonia com ruídos industriais diversos), o som é um mantra que te leva pra uma outra dimensão. música sensorial da melhor espécie. desbancou radiohead do primeiro lugar em 2003 na minha lista. saiu no Brasil pela Trama. Altamente recomendável que se compre dois, um pra dar de presente.

sexta-feira, março 26, 2004

dica: como um frank zappa menos bem-humorado e bem menos erudito, Todd Rundgren sempre quis arriscar em tudo que é estilo. nesse sentido, é obrigatório ter em qualquer discoteca que se preze o álbum Todd, de 1974. não é lírico como something anything, nem enigmático como wizard, a true story, mas compensa com o que de melhor rolava na época na música pop. pode-se ouvir, no disco, de coisas à lá badfinger (grupo produzido por ele) a hard grandfunkiano (também produziu). álbum duplo essencial.

quinta-feira, março 25, 2004

ainda não comentei o lançamento em CD (finalmente) dos quatro discos que Neil Young não deixava lençarem, por não acreditar que os discos ficassem bons em formato digital. on the beach (1974 *****), american stars and bars (1977 ****), re-ac-tor (1981 ****1/2) e hawks and doves (1981****). são quatro discaços, principalmente on the beach que é um dos melhores discos do bardo (e consequentemente um dos melhores discos de rock de todos os tempos). mas reactor, que é esquecido e tido como menor, é uma pequena obra-prima, suja e melodiosa, com o crazy horse inspirado. é um disco bem paradigmático de sua carreira, talvez por isso mesmo subestimado. O que NY mostrou no recente Rock in Rio estava aqui em plena ebulição, mas nada tem de novo para quem o acompanhava desde os idos do buffalo springfield, o que causou menosprezo entre os cri-cris. ouça "opera star" ou qualquer faixa do lado 2 (as 4 últimas do cd descontando as bônus) e você vai entender. hawks and doves e american stars and bars são dois discos estranhos, que não se definem muito bem entre o country acústico e o rock sulista, mas encantam sem que se possa dizer porquê.
o disco de sobras de Otis Redding (Tell the Truth) é infinitamente melhor que quase tudo que a black music anda fazendo desde Lauryn Hill. E melhor que tudo. OK, OutKast pode ser uma exceção no mar de repetições. Mas o rei da Stax é imbatível.
"Para alcançar toda beleza, três coisas me parecem fundamentais: esperança, luta e conquista."

A frase de Luis Buñuel é muito bonita. Mas não estou nem um pouco disposto a batalhar pra poder ver Pixies em Curitiba. É uma de minhas bandas prediletas, mas não tenho paciência pra mega-eventos. Os ingressos, dizem, acabaram em duas horas de venda pela internet. Eu nem fiquei sabendo que já estava vendendo. Desisto. Não gosto de shows concorridos.

quarta-feira, março 24, 2004

escuto neste exato momento o último do Church, forget yourself. bom, adoro a banda. apesar de raramente me surpreender com um lançamento deles (e a exceção foi the box of birds, álbum só de covers, uma mais bizarra que a outra) sempre gosto de seus discos. acho que as mudanças de sonoridades foram todas graduais. não houve rompimento algum com discos imediatamente anteriores. desde gold afternoon fix, um dos melhores, eles foram deixando o som mais etéreo, mais viajante, sem prejuízo das belas melodias compostas por kilbey e wilson-piper. essas mudanças culminaram naquele que, para mim, é seu melhor trabalho, magicians among the spirits, cujas comparações com hawkwind e dead can dance não me parecem levianas.
forget yourself segure na mesma toada, como todos os outros. mais um grande disco sem que grandes mudanças acontecessem. seguem uma fórmula, mas seguem-na tão bem que é difícil condená-los por entregar mais do mesmo. grande banda. vai merecer revisão disco a disco logo logo.

quinta-feira, março 18, 2004

18 de março, Dia Internacional do Saco Cheio

U2:

Boy (1980) ****
October (1981) ****
War (1983) ***1/2
Under the Blood Red Sky (1983) ***
The Unforgettable Fire (1984) ***1/2
Wide Awake in America (1984) ***
The Joshua Tree (1986) ***
Rattle and Hum (1988) **
Achtung Baby (1991) **
Zooropa (1993) ***
PoP (1997) *1/2
All That You Can't Leave Behind (2000) ***

quarta-feira, março 17, 2004

lote gigante de LPs de heavy metal. portanto, dia de voltar a adolescência com Savatage, Manowar (os maiores picaretas da música), Motorhead e quejandos. a relação sentimental com uma época bacana me ajuda a continuar gostando dessas bandas. o duro é limpar tudo e pôr pra vender. vai demorar cerca de um mês.

sexta-feira, março 12, 2004

já que o dia está para listas, mando mais um Top 5: os 5 melhores discos de bandas brit-pop após a decadência do gênero.

1) SUEDE - Head Music
2) BLUR - 13
3) SUPERGRASS - Supergrass (o terceiro)
4) the BLUETONES - the return of the last chance sallon
5) BLUR - Think Tank

e os 5 melhores de brit-pop mesmo:

1) BLUR - Parklife
2) BLUR - The Great Escape
3) SUEDE - suede
4) MANIC STREET PREACHERS - Everything Must Go
5) PULP - Different Class

quinta-feira, março 11, 2004

MC5. grande banda de Detroit. Proto-punk segundo muitos. Rock 'n' roll no que a palavra tem de melhor. O superestimado Kick Out the jams (1968 ***1/2) nem dá muita idéia do que estaria por vir. gravado ao vivo, com muita energia e barulhos mil, algo como um Sonics melhor produzido, mas bem menos inspirado. Um disco forte e inusitado para a época, não há dúvida, mas com o passar do tempo virou peça de museu ultrapassada por uma melhor utilização (inclusive por eles mesmos) do furor dos 20 anos. Com Back in the USA (1970 *****) eles cravariam de vez o nome na história do rock. Um disco imprescindível, com iguais medidas de fúria, melodia e suingue. Rob Tyner começa a cantar bem melhor e Dennis Thompson revela uma levada peculiar, principalmente em "Teenage Lust" e "Looking at You", as melhores do disco. High Time (1971****1/2) é o canto de cisne da banda, não alcançou sucesso algum e forçou a saída do selo Atlantic. Mas é um grande disco, um pouco mais pop que o anterior, ainda que faixas porradas como "sister anne" e "gotta keep movin" seguem a linha estabelecida em Kick Out the Jams. A banda estaria terminada, com ainda um apanhado póstumo de raridades em Babes in Arms (1983 ****1/2). Imperdível, já que a Trama (gravadora que a cada mês tem preços diferentes) lançou no Brasil.

quinta-feira, março 04, 2004

caroline now! the songs of brian wilson and the beach boys (2000 ****)
interessante disco-tributo ao genial brian wilson, privilegiando faixas pouco conhecidas. uma das melhores é a versão de alex chilton para "i wanna pick you up", faixa escondida no belo love you (1977). outras versões de destaque são: "lady" por eugene kelly, "all i wanna do" por june & the exit wounds, "go away boy" por the pearlfishers e "almost summer" por kim fowley. mas todas são pelo menos dignas, o que faz dessa coletânea lançada pelo selo alemão Marina uma bela pedida.

quarta-feira, março 03, 2004

ouvindo lodger (1979), de sir david bowie. sempre achei um disco menor, mas, nesta onda de mudança de opinião que me assola, estou quase considerando tão bom quanto heroes e low. a mesma verve experimentadora está no disco. pode ser considerado um ensaio para o mais redondinho scary monsters (1980). os únicos hits do disco são "look back in anger" e "dj", mas tem muito mais. "move on" é fantástica e, como outras, guarda semelhança com o que os talking heads estavam fazendo naquele momento (leia-se fear of music). a conexão é óbvia: brian eno.

terça-feira, março 02, 2004

guerra das estrelas: radiohead (com digressões meio viajantes - bom, foi o que saiu)

pablo honey (1993 **) - tem creep. OK. algo mais?
the bends (1995 **1/2) - um ensaio meio tímido para o desbunde no disco seguinte. fake plastic trees? chata e piegas.
OK computer (1997 *****) - a obra-prima. três músicas finais de fazer desmaiar de tão belas. sucesso completo no que eles perseguiam: melodia e desenvolvimento climático de mãos dadas.
kid A (2000 ****) - um tapa na cara de ok computer. ode ao experimentalismo nem sempre bem-sucedido, mas sempre interessante.
amnesiac (2001****1/2) - um passo em direção ao meio termo entre a vanguarda e a consolidação de um estilo.
i might be wrong (2001 ***1/2) - disco ao vivo que não capto muito bem, mas gosto.
hail to the thief (2003 *****) - perfeita adequação entre a vontade de experimentar e a necessidade de emocionar. a continuação não-ortodoxa de uma busca.
john coltrane - a love supreme: algo que o ser humano jamais poderá igualar. só um Deus como Coltrane mesmo. choro...choro.
reouvindo Killing Joke com dave ghrol. o caos. um disco bem mais nervoso que qualquer outro da banda. mas, definitivamente, não é dos melhores da banda. fica léguas atrás do genial pandemonium. e é claramente inferior a democracy. pra encerrar, a adorada por muitos "you'll never get to me" é uma pálida repetição das faixas mais acessíveis dos KJ de Extremities pra cá...

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

the stranglers - dreamtime (1986 ***).

a banda começou com um punk de ferocidade de boutique, com tecladinhos espertos e rebeldia comedida. à partir do terceiro disco, o excelente black and white, a banda evoluiu para um new wave nervoso e cheio de estilo, temperando seu som com muita originalidade. o incompreendido the gospel according to meninblack e a obra-prima la folie são, para mim, dois dos discos mais originais feitos no início dos anos 80. em dreamtime a preocupação é bem mais comercial. tem muitos "fillers", canções para preencher a duração do LP, mas tem muita coisa interessante. ouça "was it you?", por exemplo, com sua semelhança com madness (algumas outras da discografia anterior da banda lembram faixas mais pop do madness). e a loureediana "big in america" permanece uma canção de beleza instigante. mas é "always the sun" que fala mais alto e deixa a impressão de que dreamtime poderia ser bem melhor, sem vergonha de ser pop
ouço agora rare earth in concert (1971), duplo ao vivo fenomenal com a famosa versão de 23 minutos de "get ready" dos temptations. o disco é inteiro uma orgia sonora com muito soul, jazz, rock e latinidades. é o trabalho posterior à obra-prima ecology (o disco da capa verde). complemento essencial ao live at carnegie hall (quádruplo (!!!) ao vivo do Chicago).

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

canterbury é uma região da Inglaterra responsável pelo surgimento de uma corrente singular do progressivo. são bandas menos sinfônica, com um pé no psicodélico, outro no jazz (e free-jazz, mais especificamente). das bandas mais chegadas ao prog comercial (e que por isso não se entenda que de menor qualidade), destaco public foot the roman e caravan. a primeira vai de vocalizações à CSN ao rock mais elaborado de santana (dos primeiros discos) ou free. o prog está lá, mais como referência do que comodemarcação de estilo. caravan traz na voz suave de David Sinclair um apêlo pop irresistível. sua força vem da melodia, um pouco como o camel, só que menos preocupado em andamento e mudanças de compasso. o segundo disco, if i could do it all over again i'd do it all over you, é o mais sinfônico. com o terceiro, in the land of gray and pink (para muitos, o melhor), inicia-se o que poderia se chamar de "som caravan": belas melodias, com arranjos suaves e pouco virtuosismo, apesar da qualidade dos músicos. parece que tudo é arranjado para a voz de Sinclair e é incrível como se dá perfeitamente a combinação de instrumentação e voz. mérito que é sempre pouco considerado.
caravan. quanto mais escuto, mais gosto. mestres de canterbury.
post curto e picareta ´só pra ver se os links entram direitinho. hoje mesmo, ou no máximo amanhã, devo postar mais alguma coisa.

sábado, fevereiro 21, 2004

toda vez que escuto emotional rescue, disco pra lá de subestimado dos rolling stones, fico pensando o porquê de muita gente torcer o nariz. certo, aqui eles aprofundam a busca por uma sonoridade mais negra, mais funkeada. mas é algo que estava presente nos dois discos anteriores com ron wood, principalmente em black and blue. os fãs mais ortodoxos não tem do que reclamar. tem "summer romance", "let me go" e she's so cold", três excelentes exemplos de como seguir uma fórmula sem soar burocrático. "send it to me" é um dos maiores reggaes já escritos. "dance" é um esporro funk-samba, com cuícas desembestadasem meio ao groove. sensacional abertura de disco. pra encerrar com tanta qualidade, só escalando a sensível balada cantada por keith richards, "all about you" (provavelmente a melhor canção cantada pelo guitarrista)

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

brian eno - here comes the warm jets (1974): inacreditável. sempre achei este disco muito bom, mas reouvindo hoje, "cindy tells me" bateu forte. uma pérola da conjugação bela melodia+agressividade punk (proto-punk, me corrigem aqui - ora, dá na mesma). melhor ainda que for your pleasure (último do roxy music com ele), melhor que os dois discos seguintes (mesmo taking tiger mountain by strategy e another green world sendo geniais). parece ser o que david bowie queria com diamond dogs. o caos revisivo aliado à postura glam, a qual seria, por que não?, outro forte ingrediente para a explosão do punk rock três anos depois. sonics com kinks something else, standells com zombies begin here. "on some faraway beach": prenúncios do eno que viria depois, ambient music com pitadas de roxy music - não se cospe no prato em que se comeu. "blank frank": parceria com fripp (ertronics - é preciso voltar sempre a exposure, king crimson e league of gentlemen) é um tecno-punk hidrofóbico. bo didley reinventado com fúria. brian eno - here comes the warm jets: disco de cabeceira.
ian astbury tem uma bela voz. foi um dos grandes vocalistas dos anos 80. mas o the cult, quando deixou de fazer parte da trupe cure/siouxie/xmaldeutchland, o gothic rock que ainda faz a cabeça de muita gente, pra se tornar um clone pouco inspirado de led zeppelin em electric e sonic temple, perdeu boa parte de seu charme. dreamtime (1984) é um belo disco, canções pop rock que valorizam a voz de ian. love (1985) pode ser considerado a obra-prima da banda, ou quase. reparem que as guitarras, límpidas, e a batida dançante realçam a voz potente e melódica. de electric (1987) pra frente, o que era cristalino tornou-se esganiçado. o que era releitura tornou-se cópia. perdemos todos. faz muito tempo que não escuto cerimony e the cult (o disco branco), mas acho difícil que sejam pérolas escondidas pelo tempo.
the police:
outlando's d'amour (1978) **** - álbum de estréia inspirador. muito ska, muito punk, muita técnica...paradoxo genial. só por "can't loosing you" já vale cada centavo
regatta de blanc (1979) **** ainda mais técnico que o primeiro. o difícil segundo álbum. tem "message in a bottle", mas também a genial "contact", de stewart copeland
zennyatta mondatta (1980) ***** "bombs away", "when the world is running down...", "driven to tears". precisa dizer mais alguma coisa?
ghost in the machine (1981) ***** disco sombrio e inusitado. cheio de arestas, mas, talvez por isso mesmo, genial. tem "rehumanize yourself".
synchronicity (1983) ****1/2 frente às acusações de bloqueio criativo, os três lançam o canto de cisne. em muitos aspectos uma continuação do anterior. "synchronicity II" talvez seja a melhor canção da banda.
live (1995) **** duplo ao vivo. disco 1: turnê de regatta de blanc. disco 2: turnê de despedida da banda - 1983.
triste, mas os três separados ficaram longe de atingir a excelência desse trio inacreditável.
reouço apples in stereo - velocity of sound (2002). bubblegum de pouca inspiração, como o weezer, só que com influência maior de psicodelismo do que de punk. a voz irrita um pouco. não é um disco que dá vontade de reouvir. acho que bandas como elf power e, principalmente, grandaddy souberam mesclar suas influências psicodélicas com uma identidade maior. o último disco do grandaddy, sumday, é um primor, seja pelos arranjos petsoundescos, seja pela mão certa na composição das melodias. trocando em miúdos: vai bem na composição e na execução, diferente do elf power, que vai bem só na composição e bem ao contrário do weezer, que patina nas duas coisas. se bem que acredito que não exista música ruim, apenas música mal interpretada. a execução é tudo. velocity of sound (não ouvi os elogiados discos anteriores da banda), apesar de alguns poucos momentos ("yore days", por exemplo), é um disco que deixa muito a desejar.

terça-feira, fevereiro 17, 2004

ouvindo agora dave carlsen - LP pale horse ***, curioso disco de 1973. não encontrei informações sobre o disco, mas nos agradecimentos constam figuras como noel redding, keith moon e spencer davis. o disco migra do hardão quadrado ao country rock nervoso passando pela balada blues. nada de novo. um disco interessante e parcialmente obscuro que não faz falta em discografia nenhuma, mas também não faz feio.
o som nosso de cada dia. banda que só durou dois discos, mas fez história nos 70s com um rock progressivo suingado, primeiro com influências de Emerson, Lake and Palmer, depois filtrando as lições da soul music. snegs (1974****1/2) misturava hard rock ("bicho do mato") com prog à base de teclados (massavilha) e baladas blues-rock ("en direccion de acquarius", "a outra face"), sempre com resultados pra lá de convincentes. um dos grandes discos de progressivo brasileiro. som nosso, também conhecido como sábado/domingo (1977****1/2) é outra história. com dificuldades de entrar no enfraquecido mercado prog, a banda recheou o primeiro lado de malemolência carioca provocando a ira de seus fãs roqueiros ortodoxos. fez o melhor lado de disco de sua carreira, mas parte de seu público não entendeu o hábil coquetel de influências. tem samba-rock ("levante a cabeça"), funkão malandro com direito a um "cocoooota...cocotiiinha" num grave cafajeste e hilário ("pra swingar"). outra grande faixa é "estação da luz", um prog funkeado que lembra o Gentle Giant de missing piece. mas a melhor é "vida de artista" de tony osanah (mesmo compositor de "estação da luz"). trata-se de um funkão raivoso e sublime, com uma linha de baixo de arrepiar e letras questionadoras e de alcance certo, apesar do simplismo. "se a nossa arte, então não vale nada/a nossa vida então não vale nada". grande refrão para fechar o lado). infelizmente, o lado B, com um prog meio quadradinho não é tão bom. não que seja ruim, está longe disso, mas vê-se que não era a onda deles no momento. "bem no fim" e "rara confluência" são as melhores. detalhe: para dar o clima certo aos diferentes lados (algo em voga na época - vide Low de david bowie) gravaram o lado A (sábado) no rio de janeiro e o lado B (domingo) em são paulo.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

em meu antigo site (Tem que Acontecer), pretendia fazer um retrospecto na carreira de Lou Reed, desde os tempos do velvet underground. não fiz. agora escutando Loaded (fully edition) fico pensando que Lou só iria fazer um disco não genial em 1971, com seu primeiro disco solo. depois, faria novas obras-primas com transformer, berlin, sally can't dance, coney island baby, blue mask, new york, magic and loss e songs for drella. se todos os outros discos dele tivessem a qualidade de um mistrial (seu disco mais insípido), mesmo assim Lou mereceria lugar de destaque entre os grandes artistas populares. vou me arriscar a um top 10 de Lou Reed, contando os discos com o VU: 1. velvet underground (1969) 2. velvet underground & nico (1967) 3. songs for drella (1991) 4. loaded (1970) 5. berlin (1973) 6. white light white heat (1968) 7. transformer (1972) 8. sally can't dance (1974) 9. new york (1989) 10. magic and loss (1992)

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

the sisters of mercy, um dos papas do gothic rock, lançou apenas três discos, e teve vida curta, graças à falta de criatividade que acometeu Andrew Eldritch, o líder, no final dos anos 80. do primeiro disco saiu Wayne Hussey, líder do the mission, banda que tem seus acertos, mas até hoje não fez um grande disco. Eldricht ainda tentou uma roupagem gothic metal com o terceiro disco, mas sentiu que sua carreira musical pouco tinha a acresentar. first and last and always (85****1/2) -sombrio e dançante ao mesmo tempo, seria grande influência para bandas como Xymox, pra ficar na melhor banda do estilo. destaque para "marion", "anphetamine logic", "black planet", "walk away" - floodland (87****) -mais sombrio que o primeiro, com faixas grandes e bem marcadas pelo baixo da vamp Patricia Morrison. melhores: "lucretia my reflection", "driven like the snow", "never land (a fragment)" - vision thing (90***) - disco mais pesado, mas que não chega a decolar. "vision thing" e "more" são as melhores - some girls wonder by mistake (92****) -coletânea de singles antigos, mostra que a banda tinha muito mais pique nos seus primeiros anos de vida. destaques: "alice", "phantom", "1969", "gimme shelter", "anaconda".
voltando à seara do pop perfeito: duran duran, banda que já foi subestimada e que agora parece estar sendo respeitada até por roqueiros bitolados nos anos 70. começaram com uma obra-prima, o disco de capa branca, com os integrantes vestidos de acordo com a moda que ajudaram a propagar, a new-romantic. é um disco de melodias tão sublimes que dá vontade de não tirar mais do aparelho, principalmente se for em LP, que tem som muito melhor que o CD, mesmo em sua edição nacional. rio segue na mesma linha, e tem o mega-hit "save a prayer" e seven and ragged tiger dá uma suavizada para um pop mais límpido, mas ainda eficaz. arena não é ruim quanto diziam na época. se não está a altura dos três primeiros, também não faz feio. e tem duas inéditas (uma bem legal, "is there something I should know", outra mais ou menos, "wild boys"). notorious foi acusado de concessivo ao mercado, na época, mas uma reaudição comprovaria que trata-se de um disco inspiradíssimo, mais funkeado - cortesia de nile rodgers - e se não tivesse mais nada, valeria só por skin trade. daí pra frente só decadência, com raros arroubos de criatrividade (wedding album +, meddazland -). duran duran (81*****) - rio (82*****) - seven and ragged tiger (83****) - arena (84***) - power station /power station (projeto de Andy e John Taylor) (85**1/2) - arcadia / so red the rose(projeto de nick rhodes, simon le bon e roger taylor) (85****1/2) - notorious (86****1/2) - big thing (88**) - liberty (90*) - "wedding album" (93***1/2) - thank you (95**) - meddazland (97***) - pop trash (2000**)

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

falando um pouco de Heavy Metal, escutei ontem, em vinil, um disco que achava campeão do thrash metal, o primeiro do flotsam and jetsam, doomsday for the deceiver (1986). sei lá, não quero dar cotação, acho que ouvi num mau momento. mas ficou uma impressão de insipidez que incomodou. claro que a prensagem do vinil nacional que tenho em mãos não ajuda, com falta de graves e som baixo. lembro que na penúltima vez que ouvi (do cd), no começo do ano passado, fiquei pensando que era um disco que conhecia desde aquela época que permanecia intacto como um dos melhores do gênero. pede reaudição (em cd). ou vinil importado, se aparecer. puff puff
esqueci de dizer que, para aqueles que gostam de pet shop boys, o disco de estréia do beloved (hapiness) é mais do que recomendado. e pode ser encontrado facilmente em LP.
post curto em homenagem a um amigo, um dos leitores silenciosos deste blog (foi bom descobrir que existem) que me disse certa vez que eu criei um estilo: pop perfeito. pois bem, escuto agora um dos ilustres representantes do estilo: o disco de estréia do fenomenal beloved. lembro que a banda foi formada por um crítico de uma publicação musical inglesa (Melody Maker, se não me engano). se pérolas deliciosas como "hello", "time after time", "don't you worry", "scarlet beautiful" e "the sun rising" não fizerem a tua cabeça é melhor fazer alguma terapia, pois seu nível de estresse está alto demais para admirar a beleza, a bela escarlate (foi infame, eu sei). o segundo e o terceiro discos não chegam aos pés, mas este, chamado hapiness, é de fazer com que deixamos a vergonha de lado e comecemos a dançar feito bobos onde quer que seja.

sexta-feira, janeiro 23, 2004

demorou, mas aí está: a lista dos melhores discos lançados em 2003. deixei de ouvir muita coisa que poderia entrar, mas não dá pra ouvir tudo mesmo, né?

1) Radiohead - hail to the thief

2) The White Stripes - elephant

3) Throwing Muses - throwing muses

4) Stephen Malkmus - pig lib

5) The Strokes - room on fire

6) Blur - think tank

7) Notwist - the neon golden

8) Electric Six - fire

9) Califone - quicksand / rattlesnakes

10) Cat Power - you are free.

quase entraram os novos de: killing joke, four tet, david bowie, nick cave, black rebel motorcycle club.

não pude ouvir, e lamento, os discos do OutKast, do Manitoba, do Jonh Cale, do Calexico e tantos outros que poderiam estar entre os melhores. uma pena.

decepções do ano: Jane's Addiction, Rapture, Postal Service, Libertines, Cardigans, Soft Cell...

quarta-feira, janeiro 14, 2004

reouvindo a bizarrice do Pop Will Eat Itself (PWEI!). o primeiro disco, Box Frenzy, de 1987. é um ensaio para o grande this is the day...this is the hour...this is (88). aqui já está presente a mistura de estilos (hip-hop, house, heavy metal, punk...) que faria a graça do grupo. e, convenhamos, "there is no love between us anymore" e "hit the hi-tech groove" são clássicos absolutos.

terça-feira, janeiro 13, 2004

The Cars. bela banda da new wave, que apurou seu estilo guitarrinha discreta com tecladinho de festa até chegar ao ápice com o quarto disco, o fenomenal shake it up (81*****). é o disco que tem uma das baladas mais lindas do periodo, "I'm not the one". em heartbeat city (83***1/2), a fórmula já aparece diluída, mas tem "Magic", "Drive" e "Heartbeat City" para garantir os momentos de encanto. ocasek meteu-se com produção de discos, fez alguns solos, mas parece que preferiu ficar por trás da mesa de edição. era um mago do pop na passagem dos 70s para os 80s.
só pra provocar, como ouço agora Depeche Mode, vai aí meu TOP 5 de LPs da banda:

1) Violator

2) Black Celebration

3) Construction Time Again

4) Songs of Faith and Devotion

5) A Broken Frame

não resisto: após uma primeira audição de Lipstick Traces (manic street preachers), restam duas fortes impressões.
1) o disco 1 está a altura da banda, sendo até melhor que This is my truth tell me yours, superestimado álbum de 1998.
2) o disco 2, só de covers, vai do OK ("didn't my lord deliever daniel", "we are all burgeois now") ao medonho ("raindrops keep falling on my head" - onde assassinam bacharach -, "out of time"), passando pelo medíocre da reverência excessiva (quase todas as outras). preciso reouvir, mesmo porque adoro a banda (desde que não grave material alheio). prometo que retornarei ao disco em breve.
finalmente consegui (com preço decente) o Lipstick Traces, disco de lados B e raridades da excelente banda galesa Manic Street Preachers. pela primeira audição, a qual se realiza neste exato momento, dá pra ver que mesmo nos outtakes a energia e o tino pop continuam. mais comentários depois de pelo menos duas novas audições.

sábado, janeiro 03, 2004

depois que eu percebi que a opinião do All Music Guide sobre os discos do inxs é muito parecida com a minha. foi por acaso. se eu fosse copiar alguém não seria eles que colocam o critério vendagem em primeiro lugar.
continuando a cruzada contra o preconceito musical (aquele que reza a impossibilidade de se gostar de a-ha e slayer ao mesmo tempo). escuto agora, com alguns pipocos, o vinil de Underneath the Colours, segundo Lp do inxs (de 1981 **). ainda engatinhavam, mas este é um pouco melhor que o primeiro (inxs, 1980 *1/2), e um pouco inferior ao terceiro, o aclamado Shabooh, Shoobah (1982**1/2). considero que a banda começou mesmo com o quarto LP, o delicioso The Swing (1984****), que além do mega-hit Original Sin, ainda nos oferecia Johnson's Aeroplane, talvez a melhor canção do grupo. o estouro foi inevitável, culminando com o mais vendido Kick (1987****), uma explosão funkeada regada de muito chic e sly & the family stone, e passando pelo mágico Listen Like Thieves (1985****1/2), pérola pop de melodias belí­ssimas. mas o melhor álbum deles ainda estava por vir. seria o injustiçado Welcome to Wherever you are (1992****1/2), álbum que sucedeu o "mais-do-mesmo" X (1990***), e que buscava outra abordagem na mistura dos mesmos ingredientes. algo mais básico, como os primeiros LPs, acrescidos de maturidade. Full Moon Dirty Hearts (1993***1/2) não é a bomba que pintaram. muito pelo contrário. trata-se de uma continuação do som mais direto procurado em welcome... já Elegantly Wasted (1997**) é uma pálida repetição do que eles fizeram antes. dá pra achar em vinil, baratinho, os discos clássicos. comece com Listen like thieves ou welcome to wherever you are. você não vai se arrepender.