segunda-feira, março 28, 2005

Então tá...Iron Maiden. Em primeiro lugar, gosto muito das composições de Adrian Smith. The Prisoner, Flight of Icarus, Two Minutes To Midnight, Back in the Village, e principalmente Waysted Years, grande canção pop. Não entendo como muitos detestam esse excelente guitarrista e compositor. Harris mesmo o odiava, e só o aceitou de volta porque a banda só estava fazendo sucesso no Brasil, e ainda assim bem menos do que antes. Mas, vamos lá:

Iron Maiden (1980) * * * * 1/2
Killers (1981) * * * * *
Maiden Japan (1981) * * * *
The Number of the Beast (1982) * * * 1/2
Piece of Mind (1983) * * * * *
Powerslave (1984) * * * * 1/2
Live After Death (duplo ao vivo)(1985) * * *
Somewhere in Time (1986) * * * *
Seventh Son of a Seventh Son (1988) * * * 1/2
No Prayer for the Dying (1990) * *
Fear of the Dark (1992) * * * 1/2
A Real Live One (1993) * * *
A Real Dead One (1993) * * * 1/2
X Factor (1995) * *
Virtual XI (1998) * *
Live at Donnington (1998) * * *
Brave New World (2000) * * * 1/2
Rock in Rio (2002) - sorry, eu nunca escutei
Dance of Death (2003) * * 1/2

quarta-feira, março 23, 2005

TRIBUTO A CAETANO VELOSO - PARTE 5

da polemização à fórmula perigosa

Estrangeiro (1989) * * *
Mais uma vez o problema está no lado B (considerando o vinil), ou a partir da sexta faixa. A rigor, temos três imensas composições aqui: "Estrangeiro", com sua letra que causou certa polêmica na época, mas que é muito inteligente e pertinente, "Outros Românticos" e "Jasper". E uma música muito fraca, uma das mais fracas de todo o repetório de Caetano: Meia Lua Inteira, de Carlinhos Brown, bom compositor, às vezes muito bom, mas que aqui escorregou feio. E a interpretação de Caetano de nada ajuda. Uma entressafra, sabemos agora.

Circuladô (1991) * * * * *
É impressionante como o músico tem uma enorme capacidade de aprender com os próprios erros. Por vias tortuosas, já que imagino que ele mesmo não tenha consciência disso, Circuladô é tudo que poderia ter dado certo em Estrangeiro, acrescido das doses exatas do que faltou àquele disco. Ou seja, tem os trechos em que ele ousa, mas sem se preocupar muito com um formato vendável de ousadia. Tem flertes sérios com a música regional, mas fazendo com que ela não pareça algo pra turista ver, ou algo regional como uma novela da globo. Eis Caetano de volta à sua grande forma, com um disco que condiz com sua genialidade. Não sou muito de ir a shows, em parte pelo tempo que se perde, mas o show desse disco eu vi e foi um dos grandes shows que vi na vida. Ah...e dessa vez o lado B é tão bom ou até melhor que o A. Destaques (quase tudo de novo): Fora da Ordem, Circuladô de Fulô, Boas Vindas, Itapuã, Santa Clara Padroeira da Televisão, Neide Candolina, A Terceira Margem do Rio, O Cú do Mundo.

Circuladô Vivo (duplo ao vivo) (1992) * * * * *
Como já disse, fui a um show dessa turnê. Então pouco tenho a acrescentara esse registro. Pelo que lembro, foi um enorme sucesso de vendas para os padrões dele. Covers muito boas de Michael Jackson (Black or White), Bob Dylan (Jokerman), Djavan (Oceano) e Roberto e Erasmo (Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos), além de velhas releituras de sucessos dele mesmo ou de outros mais algumas canções do Circuladô fazem do disco o melhor registro ao vivo da carreira de Caetano.

Tropicália 2 (com Gil) (1993) * * * * *
Será que ele não se cansa de fazer obra-primas? Desta vez Gil também é culpado. Nunca o Brasil e a situação mundial, e como ela se relaciona com os brasileiros, foi tão bem comentada em disco. Temos "Haiti", que cutuca a política social do governo Itamar, "Cinema Novo", que acena para um diálogo entre o cinema que estava prestes a renascer por aqui e o cinema novo de Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, "Wait Until Tomorrow", uma brilhante versão para a música de Jimi Hendrix. Temos sobretudo a genial "As Coisas", faixa que beira o progressivo, composta por Gil e Arnaldo Antunes, e "Cada Macaco no Seu Galho", de Riachão. Muito mais revolucionário que o original Tropicália, que apenas compilava faixas mais radiofônicas dos trabalhos revoilucionários dos tropicalistas usuais, Tropicália 2 aponta para novas maneiras de se reler o samba e outras musicas populares brasileiras. Infelizmente, essas novas maneiras foram seguidas por muito poucos.

Fina Estampa (1994) * * * *
Um disco bonito, sem dúvida, que parece acenar para uma vontade de experimentar suas capacidades de crooner (essa vontade pelo jeito segue forte até hoje). No caso, são tangos e boleros cantados em espanhol, provando a imensa elasticidade de sua voz. Sucesso na terceira idade, prepara o cantor Caetano Veloso para uma espécie de nicho entre Roberto Carlos e Chico Buarque. Destaques: Tonada de Luna Llena, Recuerdos de Ypacarai, Pecado, Lamento Borincano, Vuelvo ao Sur.

Fina Estampa ao Vivo (1995) * * *
Ops...fórmula à vista. Um disco de estúdio, um disco ao vivo, e assim consecutivamente. Fórmula preguiçosa e, ao que parece, imposta pelas gravadoras, essas incorporações que lutam com todas as forças para destroir a integridade de seus artistas, além de contribuirem para a ignorância musical do país deixando de relançar muita coisa importante. Só escutei uma vez esse disco, mas na época me pareceu extremamente desnecessário, ainda que bonito e coisa e tal...Não deveria dar cotação? Ah...pode relaxar aí que eu não estou ganhando nada fazendo isso, só estou relatando impressões.

quinta-feira, março 17, 2005

Como na hora de comprar cds pra loja dou preferência às oportunidades, sem ligar muito para lançamentos caros que depois ficarão (muito) baratos, e não tenho baixado nada da internet, só agora pude escutar dois lançamentos, um de 2004, outro de 2003, que me interessavam. Graças a uma promoção da gravadora EMI (num de seus raros rompantes de bom senso).

Um deles é o mais recente de Grahan Coxon, Happiness in Magazines. O disco é legal e tal, mas comprova que era balela aquele papo de que Coxon era o gênio do Blur. Se houve um gênio por trás de discos como Parklife e The Great Escape, seu nome é Damon Albarn. Esse amálgama verdinho de Weezer e Pavement que tenho em mãos não me deixa mentir.

O outro é Hobo Sapiens, do maluquinho totalmente assimilado pelo mundo pop, John Cale. O disco não difere em nada de seus clássicos direcionados ao rádio (Vintage Violence é o melhor deles), só que tem uma roupagem mais moderna. Tem experimentalismo calculado, flertes com eletrônica, e um bom gosto reinante para melodias sinistras. Não é de seus melhores LPs, mas não faz feio diante dos outros.

quarta-feira, março 16, 2005

TRIBUTO A CAETANO VELOSO - PARTE 4

de A Outra Banda da Terra à cinefilia em disco

Outras Palavras (1981) * * * * *
Se Caetano, desde o começo, buscou a junção entre tradição e modernidade. Se ficou sempre, e propositadamente, numa encruzilhada entre o erudito e o popular, às vezes beirando graciosamente a música tida como "brega", talvez este disco seja o mais bem-sucedido de toda a sua carreira. Nele observamos com perfeição todo o trabalho musical do compositor, com arranjos pop, de fácil assimilação, mas com letras e métricas de uma originalidade poucas vezes igualada em qualquer lugar do mundo (e aí estou relativizando o uso das diferentes linguas - um paralelo seria Jacques Brel, com suas brincadeiras fonéticas, ou Leonard Cohen, com sua sensibilidade e perspicácia). Se eu tivesse que escolher um disco para exemplificar o que seria a carreira desse grande músico, provavelmente seria esse. Destaques?: Outras Palavras, Vera Gata, Lua e Estrela, Dans mon Île, Rapte-me Camaleoa, Tem Que Ser Você. Aliás, se tivesse que escolher uma só música, escolheria provavelmente Rapte-me Camaleoa.

Cores Nomes (1982) * * * *
Disco que confirmou a fase cor-de-rosa de Caetano. Fase que se encerraria com Velô, disco que conta com outra banda de apoio. Aqui, ainda com a Outra Banda da Terra, tem "Trem das Cores", uma das prediletas de sempre. Tem "Queixa", música perfeita para ilustrar o fim de uma relação. Dolorida e consciente como só Caetano conseguia ser. E tem uma das maiores canções escritas por ele, a incrivelmente pessoal e inusitada "Ele me Deu um Beijo na Boca", deliciosa faixa de sete minutos que brinca com a métrica e dialoga com o pai. Um encontro brilhante e sensível entre duas culturas, duas formações que não se excluem e se completam. Um hino ao aprendizado. Um clássico. Pena que o restante do disco caia bastante em comparação. "Sonhos" é melhor com o Peninha. Mas "Sina" tá bem legal.

Uns (1983) * * * * 1/2
Um grande disco, embora já não ache mais a obra-prima que achava quando o conheci. O lado B é desigual, mas os grandes momentos são muitos. É um disco mais pop que Cores Nomes. Mais fácil de ser digerido. E se não tem faixa tão genial quanto "Rapte-me Camaleoa" e "Ele me Deu um Beijo na Boca", tem as deliciosas "Uns", "A Outra Banda da Terra" (que exemplifica essa fase com precisão), "Vocé é Linda" e "Eclipse Oculto", música irmã de "Queixa", mas, como notou o amigo Pet, uma irmã mais descompromissada e solta, disposta a novas aventuras e a perdoar o outro lado.

Velô (1984) * * * * *
Curiosamente, Caetano já disse não ter gostado muito desse disco. Eu, pelo contrário, a cada ano gosto mais. Com uma nova banda (Banda Nova...desculpe), Caetano mergulha na new-wave e na febre de sintetizadores imbecis e sai de lá com uma pérola. Incrível a capacidade que ele tem de se banhar das piores coisas da época e sair com grande música. Vejam "Shy Moon", por exemplo. Tudo que ele podia fazer de errado, fez com essa canção. Mas algo de muito belo está por trás dela. Talvez seja até sua posição no disco, entre a esquisita "Sorvete" e a genial "Língua". Talvez fosse necessário ter quatro minutos de "Shy Moon" para melhor se apreciar "Língua". E o disco ainda tem "Quereres", "Podres Poderes", outra bela versão de "Nine Out of Ten" e a tocante e inacreditavel "O Homem Velho", espécie de homenagem à igualmente bela "O Velho", de Chico Buarque (1968).

Totalmente Demais, ao vivo (1986) * * * *
Caetano mandando muito bem ao vivo. Esse disco praticamente encerra a fase rosa, que muitos já chamaram de fase velô, ou fase totalmente demais. Com várias inéditas, o disco inaugura uma série de ao vivos de alta vendagem (alguns lançados de forma exagerada) e de qualidade indiscutível. Destaques: Vaca Profana, O Quereres, Pra que Mentir e Lealdade.

Caetano (1987) * * * *
Falava-se, à boca pequena, na época, que era o disco cinéfilo de Caetano, principlamente por causa de Giuletta Masina, a tocante homenagem à alma gêmea de Fellini. O próprio Caetano declarava na época que seu filme preferido era Noites de Cabíria. Várias outras canções têm uma capacidade onírica e imagética muito forte, e por isso o que o disco tem de irregular, tem também de recompensador para quem se disponha a escutá-lo com atenção. Ouça "Valsa de uma Cidade" e entenda o que estou dizendo. Mas a crise criativa se anuncia, e iria dar as caras fortemente no próximo disco, Estrangeiro. Mas isso fica na próxima parte.

sábado, março 12, 2005

TRIBUTO A CAETANO VELOSO - PARTE 3

da fase Odara à Outra Banda da Terra (...maputo rio, luanda lua nossa banda da terra é outra)

Doces Bárbaros (com Gil, Gal e Bethania) (1976) * * *
Um disco duplo, muito celebrado, mas um dos trabalhos mais complicados de todos os envolvidos. Gil vinha de um dos maiores discos já lançados (em qualquer lugar, qualquer época): Refazenda. Gal tinha acabado de lançar o Canta Caymmi, e antes, a obra-prima Cantar. Bethania vinha de Pássaro Proibido, um disco difícil e muito bonito. E Caetano vinha de uma série de obras fundamentais para nossa música. Pra que fazer esse disco? Pra ver se o enorme talento dos quatro resistia a um conjunto desigual de composições. Ficou provado que resistia, mas muito aquem do que se poderia esperar.

Bicho (1977) * * * * 1/2
A fase Odara em todo seu esplendor. Um disco que parece coletânea, tamanho o número de faixas que se tornaram clássicos do repertório do músico. Além de Odara, temos, O Leãozinho, Tigresa, Gente, Olha o Menino e a magistral Um Índio, numa versão bem superior à de Os Doces Bárbaros. Disco pop, distante das experimentações anteriores.

Muitos Carnavais (1977) * * * *
Disco delicioso e cheio de frevos. Incompreendido como muitos antes dele, Muitos Carnavais é a prova de que Caetano conhece a música brasileira como poucos. Além de estudioso e ouvinte atento, tem uma sensibilidade especial para o que cada estilo de nossa música tem de mais rico.

Maria Bethania e Caetano Veloso ao vivo (1978) * * *
Mais uma reunião de dois talentos que não deu muito certo. Mas talvez eu esteja sendo injusto, já que faz tempo que não escuto. É um bom disco, já que Caetano nunca gravou algo indigno, mas é decepcionante. Ou ao menos me pareceu quando reouvi pela última vez (calculo que tenha sido na época da primeira edição em CD da coleção de Caetano).

Muito (1978) * * * *
A impressão é de que esse disco foi pouco escutado, apesar de conter os grandes sucessos Terra e Sampa. É um dos mais difíceis de aparecer em LP, o que significa que não vendeu muito na época. Jóia, para se ter uma idéia, aparece com bem mais constância. É um disco meio indeciso, mas nem por isso menos belo. Muito Romântico é bem melhor com Roberto Carlos. São João Xangô Menino é uma maravilha. Se não me engano, é o primeiro disco com a Outra Banda da Terra. Não tenho Bicho aqui pra confirmar.

Cinema Transcedental (1979) * * * * 1/2
Mais um grande disco, esse sim, valorizado por quase todos os admiradores de MPB. Muitos chegam a considerar o grande disco de Caetano, no que discordo completamente. Talvez entre os dez melhores entre. É um grande disco, feito por alguém que fez e continuaria a fazer inúmeros grandes discos. Serve como um ensaio para o genial Outras Palavras. Destaques: Beleza Pura, Menino do Rio, Trilhos Urbanos e a genial Cajuína, canção de uma poesia arrebatadora e indiscutível.

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NOTA: o primeiro disco a contar com a chamada Outra Banda da Terra foi Bicho, de 1977. Confirmei no site do Arnaldo Brandão, já que no CD de Bicho não tem essa informação (como aliás, quase todos os cds de Caetano são muito pobres de informação). Estranhos caminhos pra se confirmar algo.

quinta-feira, março 10, 2005

hummm....

COF...COF...

bem...

vá lá...

METALLICA

Kill 'Em All (1983) * * * * *
Ride the Lightning (1984) * * * * *
Master of Puppets (1986) * * * * 1/2
Garage Days EP (1987) * * * *
...And Justice for All (1988) * * * *
Metallica (Black Album) (1991) * * 1/2
Load (1996) * *
Reload (1997) * *
Garage Inc. (1998) * * *
S&M (1999) * *
St. Anger (2003) *...e olhe lá

quarta-feira, março 09, 2005

TRIBUTO A CAETANO VELOSO - 2ª PARTE

da volta do exílio à experimentação radical

Barra 69 (com Gilberto Gil)(1972) * * * 1/2
O problema deste disco é que é muito mal gravado. No entanto, alguns registros são fundamentais. É a melhor versão de Cinema Olimpia, por exemplo, ainda que mal se escute o arranjo. Quem conhece essa extraordinária canção imagina como ela ficaria se o mesmo arranjo fosse bem gravado. Foi o show de despedida de Caetano e Gil no teatro Castro Alves.

Caetano e Chico Juntos e Ao Vivo (com Chico Buarque) (1972) * * * *
Sim, claro que da união de dois deuses da música se esperava mais. Mas o disco tem grandes momentos, sendo o melhor deles a junção de Você Não Entende Nada (de Caetano) com Cotidiano (de Chico), graciosamente forçada, e muito talentosa. Chico parece estar mais solto, mais consciente da reunião.

Araça Azul (1973) * * * * 1/2
É o campeão de devoluções da carreira de Caetano, e um dos discos mais incompreendidos da história de nossa música. Tem rock, baião, velha guarda, psicodelismo. Um caldeirão envolvendo tudo que encantava o músico na época, mas temperado com uma vontade de extrapolar os limites de cada estilo. Tudo muito Sugar Cane Fields Forever e Monsueto. Insista, até gostar. A recompensa é certa.

Temporada de Verão (ao vivo com Gil e Gal) (1974) * * * 1/2
Três músicos fantásticos que demoraram pra produzir algo na altura de seus potenciais quando reunidos. Bem...eu ousaria dizer que isso só aconteceu com Tropicália 2, de Caetano e Gil. Aqui, sente-se acima de tudo uma vontade de se divertir, e isso é altamente positivo. Mas as ousadias sonoras que cada um deles estava buscando fica um pouco escondida em prol de um formato mais pop. Mas confesso que há muito tempo não escuto, e posso estar enganado. Adoraria estar enganado.

Jóia (1975) * * * *1/2
Seria uma continuação de Araça Azul, mas é bem menos inquieto. Perto de seu disco gêmeo (Qualquer Coisa, lançado no mesmo ano), este é bem mais estranho, com músicas que se aproximam do minimalismo. Obviamente, pelo seu formato, tem algumas ordurinhas. Mas os momentos belos são muitos e intensos. Não é difícil achar quem prefira esse disco a qualquer outro lançado por Caetano.

Qualquer Coisa (1975) * * * * *
Mesmo o lado B sendo nitidamente mais fraco, o disco é uma senhora obra-prima. Lembro que ficava maravilhado com as primeiras faixas (no lado A) para depois curtir como que entorpecido o restante das músicas. Encaro esse disco como uma terapia: primeiro a tempestade, a tremedeira, o suor de quem está presenciando algo histórico; depois a calmaria, o relaxamento de quem ouve canções de ninar. Melhor que Let it Be, o disco homenageado na capa (aliás, das três covers de Beatles a melhor é Lady Madonna). O outro lado é Jóia.

terça-feira, março 08, 2005

A reprise da entrevista de Caetano Veloso no Jô Soares, na semana passada, me deu a idéia de prestar um tributo a esse gênio da música brasileira. Tributo em partes, pois sua discografia é imensa. Vai ser tudo de memória, então nem venham me malhar por eventuais erros.

PARTE 1 - Do nascimento da tropicália ao exílio

Domingo (com Gal Costa) (1967) * * * *
Disco um tanto indeciso, mas certamente encantador. Gal ainda não tinha descoberto seu talento, e Caetano ainda não fazia músicas tão adequadas à linda voz dela. Mas tem duas pérolas da carreira de ambos: Coração Vagabundo e Domingo. A versão de Maria Joana, linda canção de Sidney Miller, é de chorar.

Caetano Veloso (1967) * * * * 1/2
Um disco que sinaliza toda a gana pelo rock de Caetano nessa época. Um marco inaugural da tropicália, o verdadeiro ponto de partida de tudo que se fez sob essa bandeira. Clarice, No Dia em que Vim-me Embora, Superbacana, Paisagem Útil, Onde Andarás, Eles...a lista de clássicos é imensa.

Tropicália (com vários artistas)(1968) * * * 1/2
Pode ser excentricidade, ou sei lá o quê, mas apesar de inúmeras canções fabulosas, o disco nunca me pareceu coeso. Tem sua enorme importância histórica, vá lá, mas é um disco sem muita unidade. Funciona como uma sucessãode climaxes, em que ao final sempre me pergunto se houve alguma paixão na escolha do que entraria no disco. É bizarro, e talvez mereça até uma cotação melhor, mas raramente tenho vontade de escutar esse disco. Mesmo adorando todos e todas.

Caetano Veloso (1969) * * * * *
Um dos maiores discos lançados no Brasil. Caetano e Gil iriam pra Londres às pressas, num auto-exílio induzido (antes que o exílio fosse pior). Deixaram as bases de violão e as vozes para Rogério Duprat fazer os arranjos. Deu numa obra-prima que encerra o tropicalismo de maneira sublime (sem contar a sobrevida com a obra-pirma de estréia dos Novos Baianos, É Ferro na Boneca). Irene, Não Identificado, Alfômega, Os Argonautas e The Empty Boat são os destaques. Mas o disco inteiro é genial. É o famoso disco branco, com o nome de Caetano assinado em preto.

Caetano Veloso (1971) * * * *
A Little More Blue abre magistralmente esse disco mergulhado de Londres. É um disco triste, amargurado pela distância de sua terra. Mas belo, e incrivelmente antenado com o pop-folk que rolava na Inglaterra na época. Lembra Gilbert O'Sullivan em alguns momentos, justamente os mais belos do disco.

Transa (1972) * * * * *
A ponte Monsueto-Londres está erguida. Tradição e modernidade num disco essencial gravado no exílio, mas com olhos voltados para o Brasil. Quando foi lançado, Caetano já tinha voltado, e declarou na época que o disco lhe lembrava Londres e ao mesmo tempo a Bahia. O disco que o liberou definitivamente para o experimentalismo de Araça Azul, seu disco mais radicalmente desafiador. Não indico destaque algum. É um disco pra ser escutado na íntegra.

quarta-feira, março 02, 2005

Top 10 Duran Duran (canções):

1) Anyone Out There
Save a Prayer
3) Friends of Mine
4) Skin Trade
5) Shadows on Your Side
6) Sound of Thunder
7) The Chauffeur
8) Hold Back the Rain
9) Winter Marches On
10) New Moon on Monday

completariam a coletânea perfeita (e entrariam no Top dependendo do dia):

Cracks in the Pavement
Rio
New Religion
Planet Earth
Vertigo
Proposition
Tiger Tiger

terça-feira, março 01, 2005

Sinto falta da sede de conhecer novas bandas. Sinto falta de uma relação que se tinha com música, e que hoje, graças aos preços pornográficos praticados pelas gravadoras, não há como ter mais. Hoje, se você não baixa músicas da internet, ou não é muito rico e antenado, você provavelmente ficará por fora do que está rolando de bom no mundo musical. Post negativo e chorumelas de quem não entende as mudanças? Não, não mesmo. Quero entender as mudanças, quero baixar novos discos, quero conhecer novos artistas. Só estou no momento nostálgico, que privilegia uma relação romântica, de pegar um disco pra escutar e ficar olhando pra arte da capa (principalmente no LP). Fora que quem tem internet muito lenta, ou simplesmente não gosta de perder tempo navegando, deixa de conhecer muita coisa boa. Mudou muito essa relação com a música. Se é pior que antes, não sei (apesar de achar que sim), mas não quero ficar preso a um formato, nem deixar de gostar tanto de um disco por não ter sua arte em mãos durante a audição. Bem...comecei a adorar Four Tet sem saber como eram as capas, então acho que isso não acontece. Ou seja, é pior em uns aspectos, melhor em outros (há mais acesso às coisas, afinal, e isso é uma grande vantagem, sempre).