sábado, setembro 24, 2005

Shelby Lynne lançou alguns disquinhos country pop sem repercussão no começo de carreira. Nunca os ouvi, mas I Am Shelby Lynne (2000) eu ouço sempre. É seu primeiro disco autoral (pelo que li). O primeiro em que ela compõe e toca do jeito que quer, sem se preocupar com modismos de mercado. Tanto que foi um disco elogiadíssimo pela crítica e meio que rejeitado pelo público, que não entendeu o ecletismo da moça. Pois basta a primeira faixa começar para as lágrimas escaparem dos meus olhos. "Your Lies" tem uma beleza philspectoriana tão inacreditável que parece impossível o disco não ser obra-prima (bem, foi o que pensei na primeira vez que ouvi, em 2000). E de fato, é uma OBRA-PRIMA. Seus momentos mais pop lembram Sheryl Crow, mas é melhor que qualquer coisa que a Crow tenha feito. A segunda ("Leaving") também é uma obra-prima da black music, mesmo com um arranjo que lembra o genérico na batida, mas tem uma orquestração que arrepia. Outros momentos são de provocar surtos de desespero (tem que mandar essa mulher pra cadeia por ser tão boa): "Why Can't You Be", uma das mais pops; "Looking Up", de uma beleza lenta e sofrida; "Dreamsome", com sua melodia absurda e incrivelmente original; e "Black Light Blue", sincera e tocante homenagem Billie Holliday. Mas é Dusty Springfield a maior inspiração desse disco antológico produzido com mão santa por Bill Bottrell (de quem lembro o nome, mas não exatamente onde mais trabalhou). O disco Suit Yourself, de 2005, ganhou elogios semelhantes ao de I Am..., depois de alguns discos meio desprezados. Vou conferir.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Desculpem a insistência, mas nos últimos dois anos, sempre que me perguntam qual o guitarrista que eu mais gosto, a resposta é sempre a mesma: Dave Davies, o mago dos Kinks. Se alguém tiver alguma dúvida, além de ser obrigatório ter na coleção todos os discos de estúdio até Lola vs Powerman (os que vem depois são maravilhosos, mas ficam um pouco atrás dessas obras-primas), convém baixar as seguintes faixas: "Yes Sir No Sir", "Victoria", "Lola" e "This is Where I Belong". São pequenas amostras da genialidade desse guitarrista que sabe a hora de ser econômico ou arrojado, sentimental ou porralouca. Aliás, em Face to Face ele começa a soltar lampejos irônicos, pequenas notas que funcionam como um comentário para o que o irmão está cantando. A evolução natural disso se percebe mais claramente nas três primeiras canções que recomendo acima, sendo as duas primeiras do disco Arthur e a terceira obviamente do disco Lola vs Powerman.

P.S.: Apenas Frank Zappa coloca alguma dúvida em minhas respostas sobre o guitarrista que prefiro.