segunda-feira, dezembro 04, 2023

Marillion revisitado - Parte 1


Gostava muito de Marillion entre 1987 e 1988, o suficiente para lamentar a saída de Fish. Com a entrada na faculdade, na segunda metade de 1989, passei a ouvir outras coisas (sem abandonar o progressivo, mas abandonando um pouco o Marillion). Eventualmente ouvia uma música ou outra com carinho, mas a paixão não existia mais. Até este ano, quando resolvi seguir a sugestão do algoritmo do You Tube e ouvir o primeiro disco deles. Boom, o disco bateu em mim de uma forma que nunca havia batido. Nem mesmo em 1987, quando o ouvi pela primeira vez. Resolvi fazer uma retrospectiva cronológica, inicialmente pulando os discos ao vivo (talvez eu retorne a eles no final). Esta é a primeira parte do ciclo de reaudições, com a fase Fish. Aproveito para ressuscitar o Melomania.

 Script for a Jester's Tear (1983) * * * *

Belíssimo disco de estreia calcado em algum virtuosismo prog com lindas melodias. Lembro que meu disco vinha com o selo de aprovação da FM Fluminense. Os destaques vão para a faixa-título e para a estupenda "Chelsea Monday".

Fugazi (1984) * * * 1/2

Um som de lata atrapalha um pouco a beleza do disco, que continua na pegada de Script for a Jester's Tear, abrindo-se um pouco mais ao pop. O lado B é superior em tudo, principalmente por causa de "Incubus". Mas "Punch and Judy", a segunda do lado A, é irresistível e entrega um pouco das raízes punks da banda.

Misplaced Childhood (1985) * * * * 1/2

O maior sucesso da banda, com o hit arrasa-quarteirão "Kayleigh". O melhor momento é o clímax com a "Bitter Suite", quando as ambições progressivas da banda se manifestam em melhor forma. E ainda tem a fenomenal "Childhood's End?", uma das melhores composições da banda. Por ter menor duração que os discos anteriores, a impressão de que passa rápido demais é ainda maior.

Clutching at Straws (1987) * * * * 1/2

Sendo bem coerente com sua condição de continuadores do Genesis, Fish, o cantor, sai da banda após aquele que poderia ser comparado ao The Lamb Lies Down on Broadway do Marillion. A banda conseguiria grandes trunfos com Steve Hogarth, mas algo mágico se perdeu quando os falsetes de Fish pararam de encontrar a guitarra melódica de Steve Rothery e o teclado à Tony Banks de Mark Kelly. Sorte que ainda lançaram este disco magnífico para celebrar essa incrível reunião de músicos na contramão do som que reinava em sua época. Destaques para "That Time of the Night", "Torch Song" e "Slàinte Mhath". Mas na verdade o disco só tem duas músicas que não são estupendas, justamente as que impedem as cinco estrelas: "Incommunicado" e "Sugar Mice", ambas "só" boas.

B Sides Themselves (1988) * * * *

Coletânea de sobras que tem classe e qualidade para ninguém botar defeito. "Lady Nina" é um assombro de melodia e conceito. Na última audição, me reconciliei com "Grendel", essa cópia de "Supper's Ready" que consegue emocionar mesmo sendo derivativa, pela qualidade da melodia (ouçam o solo de "Alexander The Great", do Iron Maiden, para uma relação curiosa). Bandas cujas sobras são boas assim não se encontram facilmente.

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