Gostava muito
de Marillion entre 1987 e 1988, o suficiente para lamentar a saída de Fish. Com
a entrada na faculdade, na segunda metade de 1989, passei a ouvir outras coisas
(sem abandonar o progressivo, mas abandonando um pouco o Marillion). Eventualmente
ouvia uma música ou outra com carinho, mas a paixão não existia mais. Até este
ano, quando resolvi seguir a sugestão do algoritmo do You Tube e ouvir o
primeiro disco deles. Boom, o disco bateu em mim de uma forma que nunca havia
batido. Nem mesmo em 1987, quando o ouvi pela primeira vez. Resolvi fazer uma
retrospectiva cronológica, inicialmente pulando os discos ao vivo (talvez eu retorne
a eles no final). Esta é a primeira parte do ciclo de reaudições, com a fase
Fish. Aproveito para ressuscitar o Melomania.
Script for a Jester's Tear (1983) * * * *
Belíssimo
disco de estreia calcado em algum virtuosismo prog com lindas melodias. Lembro
que meu disco vinha com o selo de aprovação da FM Fluminense. Os destaques vão
para a faixa-título e para a estupenda "Chelsea Monday".
Fugazi
(1984) * * * 1/2
Um som de
lata atrapalha um pouco a beleza do disco, que continua na pegada de Script for a Jester's Tear, abrindo-se um pouco mais ao pop. O lado B é superior em tudo, principalmente
por causa de "Incubus". Mas "Punch and Judy", a segunda do
lado A, é irresistível e entrega um pouco das raízes punks da banda.
Misplaced
Childhood (1985) * * * * 1/2
O maior
sucesso da banda, com o hit arrasa-quarteirão "Kayleigh". O melhor
momento é o clímax com a "Bitter Suite", quando as ambições
progressivas da banda se manifestam em melhor forma. E ainda tem a fenomenal
"Childhood's End?", uma das melhores composições da banda. Por ter
menor duração que os discos anteriores, a impressão de que passa rápido demais
é ainda maior.
Clutching
at Straws (1987) * * * * 1/2
Sendo bem
coerente com sua condição de continuadores do Genesis, Fish, o cantor, sai da
banda após aquele que poderia ser comparado ao The Lamb Lies Down on
Broadway do Marillion. A banda conseguiria grandes trunfos com Steve Hogarth, mas algo mágico se perdeu quando os falsetes de Fish pararam de
encontrar a guitarra melódica de Steve Rothery e o teclado à Tony Banks de Mark
Kelly. Sorte que ainda lançaram este disco magnífico para celebrar essa
incrível reunião de músicos na contramão do som que reinava em sua época. Destaques
para "That Time of the Night", "Torch Song" e "Slàinte
Mhath". Mas na verdade o disco só tem duas músicas que não são estupendas,
justamente as que impedem as cinco estrelas: "Incommunicado" e
"Sugar Mice", ambas "só" boas.
B Sides
Themselves (1988) * * * *
Coletânea de sobras que tem classe e qualidade para ninguém botar defeito. "Lady Nina" é um assombro de melodia e conceito. Na última audição, me reconciliei com "Grendel", essa cópia de "Supper's Ready" que consegue emocionar mesmo sendo derivativa, pela qualidade da melodia (ouçam o solo de "Alexander The Great", do Iron Maiden, para uma relação curiosa). Bandas cujas sobras são boas assim não se encontram facilmente.
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