sábado, junho 06, 2009


Ouvindo The Cure ultimamente. Curioso como algumas coisas não mudam. Meus preferidos continuam os mesmos, as músicas de que mais gosto dentro deles também. A partir de Wild Mood Swings, disco de 1996, ouvi muito pouco, e só na época que saiu. As cotações e comentários são frutos da minha memória confusa. Não citei alguns discos porque nem me lembro o que achei deles.
Three Imaginary Boys (1979) * * * *
Estreia inspirada, crua, e desajeitada. ou seja, cheia de charme.
Destaques: 10:15 Saturday Night, Accuracy, Fire in Cairo.
Seventeen Seconds (1980) * * * * *
A entrada de Simon Gallup ajudou Robert Smith a encontrar o Cure sound. Disco fenomenal.
Destaques: Play for Today, In Your House, M.
Faith (1981) * * * *
Começa a jornada para terreno tenebroso, completada no incrivelmente lúgubre Pornography.
Destaques: The Holy Hour, Other Voices, Faith.
Pornography (1982) * * * * *
Discaço que foi fundo na melancolia e no desespero.
Destaques: One Hundred Years, The Hanging Garden, The Figurehead.
Japanese Whispers EP (1983) * * * *
Junção de EPS que deixa esta coletânea com um ecletismo nunca visto antes nos discos da banda.
Destaques: The Wall, Let's Go To Bed, Speak My Language.
The Top (1984) * * * * *
The Cure entrando de cabeça na onda neo-psicodélica dos anos 80 e mostrando como se faz um discaço.
Destaques: Piggy in the Mirror, Bananafishbones, The Top.
The Concert (1984) * * * *
A melhor versão de Shake Dog Shake está aqui. O que não é pouco para uma canção retirada do excepcional The Top.
Destaques: Shake Dog Shake, Charlote Sometimes, 10:15 Saturday Night.
The Head on the Door (1985) * * * * *
Mais uma obra-prima, desta vez com um inegável charme pop FM.
Destaques: The Baby Screams, A Night Like This, Sinking.
Standing on a Beach - The Singles (1986) * * * * *
Deu sorte quem encontrou a fita cassete na época. Vinha repleta de B sides raríssimos.
Destaques: Charlote Sometimes, Play for Today, Killing an Arab.
Kiss me Kiss me Kiss me (1987) * * * 1/2
Álbum duplo um tanto irregular, mas com grandes momentos. Daria um belíssimo álbum simples.
Destaque: Why Can't I Be You, Catch, Like Cockatoos.
Disintegration (1989) * * * * 1/2
De volta à atmosfera pesada de Pornography.
Destaques: Lullaby, Plainsong, Disintegration.
Entreat (1990) * * *
Coletânea de lados b dos singles de Disintegration ao redor do mundo. Faixas ao vivo.
Mixed Up (1990) * * 1/2
Disco de remixes que vale mais pela inédita "Never Enough".
Wish (1992) * * * *
Outro disco eclético, confuso, mas que abre e fecha com duas das mais fantásticas canções da banda.
Destaques: Open, High, End.
Wild Mood Swings (1996) * *
Sim, é o pior disco do Cure. Ouvi algumas vezes, mas nunca consegui pescar uma só faixa que não fosse burocrática. Precisaria reovuir, mas não dá vontade.
Galore (1997) * * * *
Coletânea que pega o período após Standing on a Beach.
Destaques: Catch, Lullaby, High.
Bloodflowers (2000) * * 1/2
Uma das inúmeras ressurreições da banda após Wish. Disco regular, sem maiores destaques.
The Cure (2004) * * * 1/2
O melhor da fase das ressurreições. Mas precisaria reouvir para apontar destaques.
4:13 Dream (2008) * * *
A banda mais uma vez se repetindo com certa graça.

sexta-feira, maio 08, 2009

Depeche Mode - Sounds of the Universe * * * *

Há algo de estranho com o Depeche Mode. Algo que não sei explicar.

Desde Songs of Faith and Devotion seus discos, por melhores que pareçam na primeira audição, deixam sempre uma vontade louca de se voltar a eles, não para repetir alguma sensação de maravilhamento, algum êxtase sonoro, mas para descobrir o que se esconde nas entranhas, as sutilezas que sempre se inserem em uma ou outra faixa, os climas que, ora se revelam cortantes e sombrios, ora se mostram de maneira clara como algo delicioso de se ouvir num momento ensolarado qualquer.

Essa mudança de perspectiva a cada audição é o mistério da banda. O que faz com que seja uma das melhores em atividade.

Sounds of the Universe talvez fique um pouco abaixo de Playing the Angel, o disco anterior. Isso se comprovará em audições futuras, e poderá ser desmentido em seguida. Não importa. O que importa é que Dave Gahan agora compõe muito bem, e suas músicas estão em pé de igualdade com as de Martin Gore, como prova "Come Back", canção digna de um disco soberano como Violator.

Contudo, minha preferida, por enquanto, é a sétima faixa do disco, a belíssima "Peace", escrita por Gore.

O primeiro hit é certeiro: "Wrong". Remete ao estranho Exciter.

Sounds of the Universe se junta a Yes, do Pet Shop Boys, e a Together Through Life, de Bob Dylan, como o que de melhor se fez até agora em 2009.

segunda-feira, abril 13, 2009

100 melhores de 1983 - segundo Sérgio Alpendre


Num ano de muitos discos experimentais, alguns realmente bons, a maioria superestimada pela crítica, notei que minha lista tem poucos deles. Gosto do primeiro Swans, da estreia do Wolfgang Press (banda que adoro), do Einstürzende Neubauten do ano, dos trabalhos eruditos cheios de guitarra de Glenn Branca, e de vários outros (alguns escutei pela primeira vez para fazer esta lista), mas não eram bons o suficiente para figurarem entre os melhores de 1983. Um ano dominado em parte pelo Heavy Metal, que vai do tradicional ao Thrash Metal que acabava de surgir com força, e pelos resquícios da new wave, do pós punk e do tecno-pop de muitas bandas boas que infelizmente ficaram de fora (lembro do Freur, do Kissing the Pink e de John Foxx, mas tem mais...), além da impossibilidade de colocar o Hüsker Dü - pois seria condescendência colocar qualquer coisa que tenham lançado antes de Zen Arcade, de 1984. Enfim, mais uma lista pessoal, que busca, além do divertimento do concordo/não concordo, fazer um mapeamento do que de melhor se produziu no ano e não tenha ficado de fora da minha cuidadosa (mas, infelizmente, imperfeita) peneira.


Accept - Balls to the Wall * * * *
Após o retumbante Restless and Wild a banda alemã lança este álbum mais redondo, ainda que não seja tão bom quanto o anterior.

AC/DC - Flick of the Switch * * * *
A produção de Mutt Lange parecia engessar o disco anterior, For Those About to Rock. Apesar de muitos serviços prestados à banda (inclusive ter produzido dois de seus melhores discos, Highway to Hell e Back in Black), Lange caiu fora porque a banda decidiu se auto-produzir. O resultado foi o melhor disco deles após Back in Black.

Acid - Maniac * * * *
Poucos meses separam este segundo LP da banda belga Acid do primeiro, homônimo, também lançado em 1983. Mas é impressionante a superioridade de Maniac. A voz de Kate é estranha, mas uma vez que nos acostumamos a ela o conjunto flui que é uma beleza. É deste disco a clássica "Max Overload", assim como "Black Car", duas canções que já se enturmavam com a crescente onda de speed metal vinda do outro lado do Atlântico. Pena que o disco seguinte, Engine Beast (1985), volte a demonstrar uma banda pouco inspirada.

Alice Cooper - DaDa * * * *
É o The Elder de tia Alice. Um dos discos em que Cooper volta a encher suas canções de elementos externos à sua música, como já havia feito nos clássicos da primeira metade dos anos 70. Faixas como "Scarlet and Sheba", "Fresh Blood", "Enough 's Enough" e "Former Lee Warmer" parecem bactérias contaminando a sonoridade artista e a levando a lugares inimagináveis. Na música pop, quando isso acontece, quase sempre é positivo.

Anvil - Forged in Fire * * * * *
Discaço da sempre menosprezada banda canadense que realizou alguns outros belos discos, mas nada que se compare a este. Forged in Fire é um caldeirão de inúmeros invasores na receita do "true metal" que começaria a ficar em voga naqueles tempos, e essa mistura toda deu em um dos discos mais ecléticos e inspirados do gênero.

Axe - Nemesis * * * 1/2
Não tão bom quanto o anterior, o poderoso Offering, mas ainda bom o suficiente para queimar neurônios por aí. Um AOR vitaminado, com alguns insights heavy metal, fazem desta banda da Flórida uma das mais divertidas da época.

Bad Brains - Rock for Light * * * *
Uma faixa reggae para cada quatro hardcore. Assim era - mais ou menos - a fórmula desta banda americana seminal, neste segundo disco produzida por Ric Ocasek

Bauhaus - Burning from the Inside * * * *
Prefiro Love & Rockets a Bauhaus. Por isso meu disco preferido da banda é este, o quarto, no qual Daniel Ash e David Jor dominam. Peter Murphy ficou doente, e não participou de boa parte das gravações.

Bi Kyo Ran - Parallax * * * *
Este segundo disco do King Crimson japonês não é tão bom quanto o primeiro, mas vale cada centavo investido. Esses caras tocam um prog nervoso e barulhento, e são o que de melhor o Japão produziu no gênero.

Black Sabbath - Born Again * * * * 1/2
O último grande disco da banda conta com um feroz Ian Gillan no vocal. Bem estranho se comparado a tudo que lançaram antes todos os envolvidos, e dessa estranheza surge um interesse que eles nunca mais conseguiram despertar. A não ser que você tenha se deixado enganar pelo Dehumanizer.

Cabaret Voltaire - The Crackdown * * * * *
Se quiser entrar de cabeça na difícil carreira (para o neófito) da banda, comece por este ou por Red Mecca, ou ainda por The Covenant, the Sword and the Arm of the Lord. Se não gostar, desista. Ou tente o Code, que é muito bom, apesar de bem mais comercial.

Caetano Veloso - Uns * * * *
Um passo na frente de Cores Nomes (1982), mas ainda um passo atrás de Velô, do ano seguinte.

The Chameleon - Script of the Bridge * * * *
Anos antes da onda de Manchester vem esta banda pós-punk psicodélica justamente da cidade cinzenta que já deu ao mundo o VdGG. Os dois discos que eles fizeram a seguir são ainda melhores.

Charlie Garcia - Clics Modernos * * * *
A experiência com o Seru Giran, excelente banda argentina que não era tão pop, ensinou Garcia (líder do Sui Generis nos anos 70) a fazer pop safado dos melhores, como neste disco contaminado pela new wave.

Clock DVA - Advantage * * * *
Bagunça experimental, meio dançante, meio tribal, com pitadas discretas de um pop bem rasteiro, este disco vence pelo ecletismo e pelo estranhamento.

Cocteau Twins - Head Over Heels * * * *
Inferior ao que veio antes (Garlands, de 1982) e, principalmente, ao que veio depois (Treasure, de 1984), mas um grande e difícil segundo LP. Tente encontrar a versão em CD que contém o belo EP Sunburst and Snowblind, que por pouco não entra nesta lista também.

The Cramps - Smell of Female EP * * * *
Delicioso EP da banda do falecido Lux Interior. Uma porrada sonora, mas com melodia.

The Creatures - Feast * * * *
Quem chega ao primeiro disco dos Creatures via Siouxie and the Banshees tem um choque de cara. Música tribal, experimental e pouco melodiosa feita por Budgie e Siouxie, baseada em instrumentos percussivos e muito rica, se dado o devido tempo para que o disco seja digerido com calma.

The Cure - Japanese Whispers * * * *
Um EP gigante ou um LP pequeno? O que importa é que esta coletânea de singles realizados entre Pornography (1982) e The Top (1984) indicava uma mudança radical de percurso, com hits radiofônicos como Let's Go to Bed e The Lovecats.

Cybotron - Enter * * * *
Todo mundo que mexe com instrumentos eletrônicos é filho de Kraftwerk, mas talvez o filho mais legítimo seja esta banda de Detroit, que lançou este belo álbum robótico em 1983.

David Bowie - Let's Dance * * * *
Após a obra-prima Scary Monsters, Bowie iniciava sua decadência dos anos 80. Como é um dos maiores, o começo da decadência ainda é ótimo, com canções inspiradas como "Modern Love" e "Cat People".

Def Leppard - Pyromania * * * * *
Nunca sei dizer se a obra máxima da banda é este disco ou o primeiro, On Through the Night. Alguns anos depois eles fariam Hysteria, para estourar no mercado americano. Daí em diante não foi a mesma coisa. Fizeram discos apenas bons como Slang ou Adrenalize.

Depeche Mode - Construction Time Again * * * * 1/2
Tão bom quanto o estupendo A Broken Frame, mas com a vantagem de ter dado uma cara definitiva e de preparar o terrreno para a obra-prima Black Celebration, três anos depois (passando pela relativa entressafra de Some Great Reward).

Diamond Head - Canterbury * * * *
Com um pé fincado no AOR, este disco desagradou em cheio os fãs da banda. Pior para eles, porque com o novo direcionamento musical ficou mais claro ainda o potencial criativo do Diamond Head.

Dio - Holy Diver * * * * 1/2
Com este excelente disco dava a impressão que Ronnie James Dio faria uma banda de carreira impecável. The Last in Line, o disco seguinte, serviu para botar água no chope, e era o melhor entre todos que ele fez depois desta estréia inspirada.

Duran Duran - Seven and Ragged Tiger * * * *
Claro que é inferior aos dois primeiros discos, e também ao disco seguinte, o subestimado Notorious. Mas é um legítimo Duran em sua tentativa de se aproximar de um pop mais abrangente, funkeado, refletindo novas tendências das paradas.

ELO - Secret Messages * * * *
Esqueçam o disco seguinte, o desastroso Balance of Power. O mínimo que aceitamos de Jeff Lynne é um disco como este, cheio de belas melodias com arranjos preguiçosos. As melodias, contudo, são tão especiais, que tudo se encaixa. Ah, fizeram bem de não lançar o planejado álbum duplo, pois o que ficou de fora iria enfraquecer de fato este álbum.

Elvis Costello - Punch the Clock * * * * 1/2
Do tipo que só agrada em cheio aos Costellianos. Tais felizardos são contemplados com o melhor pop que este planeta já produziu.

Ensemble Pittoresque - For This is Past * * * *
Tecno pop na essência, experimental por vocação, muito bom de se escutar. Banda holandesa de carreira curta e conturbada, que deixou este disco de estréia muito bom e um segundo disco impos´sivel de se encontrar, Frequenz.

Eppu Normaali - Aku ja Köyhät Pojat * * * *
Sim, aqui quase adotei um critério de desempate bem pessoal e polêmico, o exotismo. O fato de ser uma banda finlandesa, com letras em finlandês e uma sonoridade que lembra um pouco a dos Leningrad Cowboys. Não precisei do desempate porque na lista entraram alguns poucos discos com cotação inferior a 4 estrelas. O Eppu Normaali tem um rock balançado bem bacana, ainda que sua carreira se desenvolva desde 1978 de maneira irregular. Este de 1983 é dos melhores, e quem não tiver ojeriza de escutar letras em outra língua que não seja o predominante inglês deve curtir um bocado.

Exciter - Heavy Metal Maniac * * * *
Muito superior a tudo que a banda fez depois, incluindo os superestimados Violence and Force (1984) e Long Live the Loud (1985), esta estréia do power trio canadense é um dos discos que ajudaram a firmar o thrash metal no mercado independente, comendo pelas beiradas deixadas pelos pesos pesados Metallica e Slayer.

Fastway - Fastway * * * *
O grande guitarrista "Fast" Eddie Clark espirrou do Motorhead, mas não se fez de rogado: montou logo uma nova banda, que iniciou da melhor maneira possível, com um petardo hard que fazia brilhar sua guitarra veloz. O vocalista David King era muito comparado a Robert Plant, mas também há ecos de Vince Neil (do Mötley Crue). Pena que no segundo álbum a banda já amarela um pouquinho e vira mais uma no cenário rico do metal da época.

Frank Zappa - The Man From Utopia * * * *
Entre dois discos essenciais, You Are What You Is (1981) e Them Or Us (1984), Zappa lançaria algumas brincadeiras como esta, que reserva momentos de seu gênio, como "The Dangerous Kitchen" e "We are Not Alone".

Fun Boy Three - Waiting * * * *
Da costela dos Specials sai esta banda que fez um pop interessantíssimo com quase nada do ska genial da antiga banda. Este é o segundo e último disco deles, com destaque para "Our Lips are Sealed", que já havia sido interpretada com muito êxito pelas Go-Go's.

Gang 90 - Essa Tal de Gang 90 e Absurdettes * * * *
Melhor exemplar da new wave à brasileira, com o visionário Júlio Barroso capitaneando um rock descompromissado e delicioso para bailinhos.

Gazebo - Gazebo * * * 1/2
Em matéria de Italo-Disco não tem para ninguém. Gazebo e seu mega-hit "I Like Chopin" arrasa. O disco, por incrível que pareça, não tem fillers, uma faixa insossa sequer.

The Glove - Blue Sunshine * * * *
Projeto paralelo de vida curta com Robert Smith (The Cure) e Steven Severin (Siouxie and the Banshees). É claramente um produto da neo-psicodelia daqueles tempos, com várias músicas excelentes e um vocal maravilhoso (principalmente nas duas primeiras faixas) de Jeanette Landray.

The Go-Betweens - Before Hollywood * * * *
Quem gosta de belas melodias não tem como não curtir este disco, que talvez seja o melhor da banda.

The Golden Palominos - The Golden Palominos * * * * 1/2
Fred Frith, Bill Laswell, Arto Lindsay, John Zorn... Com tantas feras, não é de se estranhar que este primeiro disco do grupo capitaneado por Anton Fier seja sensacional.

Green on Red - Gravity Talks * * * *
The Byrds e Neil Young na cabeça.

Hawaii - One Nation Underground * * * *
Marty Friedman provavelmente deve se envergonhar deste disco. Quando esteve no Brasil e deu uma passada pela Nuvem Nove eu mostrei o segundo LP do Hawaii, o menos tosco The Natives are Restless, e ele tirou o sarro. O fato é que esta estreia da banda é muito interessante em sua indecisão entre o hard e o trash metal que estava surgindo com força em 1983.

Heavy Load - Stronger Than Evil * * * 1/2
Estranha banda vinda da Suécia em seu último LP. Os dois maiores trunfos: as melodias ganchudas e o vocal estranho e diferenciado de Ragne Wahlquist.

Howard Devoto - Jerky Versions of the Dream * * * *
Devoto (ex-Buzzcocks e Magazine) lançou este curioso disco solo, perdido em algum lugar entre Roxy Music e Soft Cell.

Iron Maiden - Piece of Mind * * * * *
Um dos discos que explica o fascínio que a banda ainda exerce, junto de Killers (1981) e Powerslave (1984), um dos grandes LPs do gênero, com faixas inesquecíveis como "Where Eagles Dare", "Revelation" e "To Tame a Land".

Itamar Assumpção - Às Próprias Custas * * * * 1/2
Esqueçam Cazuza. O verdadeiro poeta urbano é Itamar Assumpção, que lançou um clássico atrás do outro sem nunca ter tido sua genialidade emplamente reconhecida.

James Blood Ulmer - Odyssey * * * *
Jazz, folk e uma pitada da faceta "Waiting on a Friend" dos Rolling Stones fazem deste disco uma excelente pedida para roqueiros que querem sair um pouco da redoma.

Killing Joke - Fire Dances * * * * 1/2
A guinada pop/prog que a banda iria dar nos anos seguintes fez deste disco um ponto especial para entendermos o caminho que ela percorreu, e o posterior retorno à ferocidade com o despertar da década de 90.

The Legendary Pink Dots - Basilisk * * * * 1/2
The Legendary Pink Dots - Curse * * * *
Deu para notar que adoro essa banda? Eles são de Londres, lançaram, no início dos anos 80, uma série de discos lançados unicamente em cassetes, que só seriam relançados nos anos 90, direto em CD. Basilisk e Chemical Playschool 3+4 (que caiu na última hora) são dois desses cassetes. Ambos espetaculares em suas ousadias progressivas e melodias kraftwerkianas. Curse é o segundo LP da banda, e se é inferior ao sensacional primeiro LP, Brighter Now, de 1982, ainda assim guarda interesse pelo que vem depois. Uma banda inigualável.

The Lords of the New Church - Is Nothing Sacred? * * * *
Com esses nomes, banda e disco, espera-se algo mais gótico, não? O fato é que tem até ska no caldeirão pop dos Lords, e este disco, se é ligeiramente inferior ao primeiro, ainda nos entrega boas doses de inspiração.

Marc & the Mambas - Torment and Toreros * * * * 1/2
Projeto paralelo de Marc Almond, do Soft Cell. A sonoridade lembra muito mais Dead Can Dance ou This Mortal Coil, e em alguns momentos Jacques Brel e Scott Walker, do que a banda original de Almond. É estranho em diversos momentos, e essa estranheza cerca o disco de um mistério pra lá de interessante. O que quer Marc Almond? Por que fazer este disco tão maluco, criativo e arriscado? Por que negligenciar ligeiramente o caminho seguro do Soft Cell? Sem respostas por enquanto. O fato é que este disco duplo é mais uma bola super dentro de um dos artistas mais geniais dos anos 80.

Metallica - Kill em' All * * * * *
Um marco, de qualquer forma que se encare este disco. O surgimento, com força, do thrash metal; a decadência da NWOBHM e das bandas que não souberam sair desse rótulo, arrasado pelo surgimento de bandas da costa leste americana, ou o estopim para tudo que foi feito no rock dos anos seguintes, servindo até de inspiração para a reação do grunge ao hair metal e à acid house. São mais de 50 minutos de riffs antológicos.

Midnight Oil - 10,9,8,7,6,5,4,3,2,1 * * * *
Esqueçam a balela de ser a melhor banda do mundo. Durou pouco, pouca gente acreditou, e estava longe de ser verdade mesmo. A verdade é que a banda australiana lançou, sim, alguns discos bem legais, dos quais o melhor provavelmente é este aqui, com a capa branca e a contagem regressiva.

Minor Threat - Out of Step EP * * * 1/2
Esta banda é tida como um dos pilares do hardcore straight-edge (nada de álcools e drogas) do início dos anos 80, e este disco é considerado por meio mundo o clássico da banda. Talvez seja o melhor disco deles mesmo, e certamente é melhor que qualquer disco do Fugazi (a banda seguinte do vocalista MacKaye) que eu tenha escutado (ainda que eu deva reescutá-los, por uma questão de justiça).

Minutemen - What Makes a Man Start Fires? * * * *
Minutemen - Buzz or Howl Under the Influence of Heat EP * * * * 1/2
Só a faixa "Cut" já valeria sua inclusão aqui, mas o fato é que os Minutemen são injustiçados porque fizeram o melhor punk do planeta e raramente são reconhecidos por isso, e estes dois discos (LP e EP) são sensacionais, com a sonoridade urgente e esquisita que é marca registrada do trio.

Motley Crue - Shout at the Devil * * * * 1/2
Em relação ao primeiro LP, Too Fast For Love, este segundo perde um pouco da aparência de garagem, com as guitarras de Mick Mars soando mais polidas. Em compensação, ganha pela força das melodias, com destaque para "Too Young to Fall in Love" e a belíssima balada "Danger".

Motorhead - Another Perfect Day * * * * 1/2
Um grande disco da banda de Lemmy Kilmister, o único a contar com o playboy Brian Robertson na guitarra. Sem ver o visual ridículo dele, dá para compensar a sentida debandada de Fast Eddie Clark.

New Order - Power Corruption & Lies * * * * 1/2
Na discografia do New Order, este segundo LP só perde para Brotherhood e Get Ready, o que dá uma noção de seu poder. Começa com a capa, a melhor que a banda já fez.

Night Ranger - Midnight Madness * * * *
Junto com Double Vision e 4, do Foreigner; Abominog, do Uriah Heep; e do primeiro do Asia, os dois primeiros LPs da subestimada Night Ranger estão entre o que de melhor o AOR deu ao mundo. Este é o segundo álbum da banda que teve Brad Gillis, aquele guitarrista que substituiu Randy Rhoads por um tempo na banda de Ozzy Osbourne.

Oz - Fire in the Brain * * * *
Esta banda dinamarquesa se encaixa perfeitamente na expressão "guilty pleasures". Sei que é ridícula, mas não consigo deixar de gostar.

Ozzy Osbourne - Bark at the Moon * * * *
Tão bom quanto o disco de estréia, Blizzard of Ozz, este terceiro disco de estúdio de Ozzy vem com Jake E. Lee, e a difícil tarefa de substituir Randy Rhoads.

Paul McCartney - Pipes of Peace * * * *
Depois da obra-prima Tug of War, Macca desce um pouco ao nível dos mortais e lança este belo disco pop, com participação de Michael Jackson em duas faixas.

Peter Hammill - Patience * * * *
Em duas faixas, dá para sentir um gostinho de VdGG: na sorumbática e inacreditavelmente bela "Just Good Friends" e na nervosa "Jeunesse Dorée. Mais um belo disco de um dos grandes compositores do século XX.

Picture - Eternal Dark * * * *
Outro guilty pleasure, este é o melhor disco da banda holandesa Picture. A música título fez muito sucesso na 97 FM, uma rádio dedicada ao rock que infelizmente durou pouco.

Pink Floyd - The Final Cut * * * *
Muito menos pop do que se esperaria de um sucessor do monumental The Wall, The Final Cut é cheio de beladas que atingem em cheio os que resistirem à decepção inicial (sim, eu também fiquei decepcionado na primeira vez que ouvi).

The Police - Synchronicity * * * * 1/2
Durante muito tempo este canto de cisne foi meu Police preferido. Agora é Zenyatta Mondatta. Mas Synchronicity é um duro concorrente, sempre, assim como Ghost in the Machine..

Premeditando o Breque - Quase Lindo * * * *
Não tão bom quanto o primeiro disco deles, mas essencial para se entender a vanguarda paulistana da época.

Psychic TV - Dreams Less Sweet * * * * 1/2
Banda de Genesis P. Orridge após o essencial Throbbing Gristle, o Psychic TV se aproximou bastante do progressivo praticado por bandas como Neu!, Faust e Gong nos anos 1970. Um pé nas baladas especiais, outro no experimentalismo, em mais um discaço que tem Orridge por trás.

Rainbow - Bent Out of Shape * * * *
É o disco AOR do Rainbow (que desde a saída de Ronnie James Dio tinha um pé no AOR), e aquele em que o vocal irritante de Joe Lynn Turner cai melhor.

Ratt - Ratt EP * * * * *
Este EP que apresenta o Ratt ao mundo é seu disco mais redondo, com as guitarras de garagem soando perfeitamente nas melodias roqueiras. São seis faixas de puro deleite rock'n'roll, mas tem quem prefira acreditar que a banda é farofa.

R.E.M. - Murmur * * * * *
Clássico álbum de estreia de uma das bandas mais influentes dos últimos trinta anos. Após um belíssimo EP chamado Chronic Town, este Murmur já tem todas as qualidades que seriam melhor enxergadas nos discos do fim da década de 80, e fariam a banda conhecer um estrelato que eles nunca imaginaram.

Richard Thompson - Hand of Kindness * * * *
Uma única canção, digna do melhor que o Fairport Convention (banda clássica de Thompson) produziu, bastaria para colocar este álbum na lista, a fenomenal "Where the Wind Don't Whine". Como existem outras, a presença era barbada. Como tem duas ou três canções que não dizem muito, não recebe cotação maior.

Riot - Born in America * * * * 1/2
O melhor disco da banda com o vocalista Rhett Forrester. Fica pau a pau com Fire Down Under, o melhor com Guy Speranza no vocal. Depois disso, com outros vocalistas, nada que seja do nível do simpático disco solo de Forrester.

Rumo - Diletantismo * * * *
Luiz Tatit e companhia e a música criativa da vanguarda paulistana no início da década de 80.

Sad Lovers and Giants - Feeding the Flame * * * * 1/2
Uma pitada de Smiths, sobretudo no vocal - antes de Morrissey dizer a que veio -, mais um pouco de Chameleons e muito do Felt. Temos assim muma combinação que pode não ser muito original, mas que é uma delícia de se escutar, ao menos para quem curte o pós-punk/pop/gótico da época.

Satan - Court in the Act * * * * *
Clássico da NWOBHM, com um dos melhores vocalistas do estilo, Brain Ross, mais o guitarrista Steve Ramsey e o baixista Graeme English, que depois montaram a boa banda Skyclad. Este disco é pesado e rápido em alguns momentos, melodioso e malemolente em outros. Top 10 do heavy metal, sem exagero.

Savatage - Sirens * * * * 1/2
Criss Oliva, esse era o nome. O timbre de sua guitarra era inigualável. Somado a voz única de seu irmão Jon, dava a sonoridade perfeita para uma banda que desejava ser diferente dentro de um cenário propício para o metal. E pensar que o disco seguinte, Power of the Night, é ainda melhor. Pena que Criss tenha falecido em 1993, vítima de um acidente automobilístico.

Saxon - The Power and the Glory * * * * *
Simplesmente o melhor disco de uma das melhores bandas de rock. Sem mais palavras.

Slayer - Show no Mercy * * * * 1/2
Com este disco, mais a estréia do Metallica, Kill 'em All, surgia o Thrash Metal, que naquela época se confundia com Speed Metal. Classificações à parte, este disco de estréia do Slayer é fundamental para qualquer pessoa em dias de vacas magras. E essencial para todos que gostem de guitarras distorcidas e muita rapidez.

Soft Cell - The Art of Falling Apart * * * * 1/2
Depois da obra-prima Non Stop Erotic Cabaret, este segundo disco do duo inglês chega para confirmar Marc Almond como uma das melhores cabeças da época. É o Lou Reed do synth-pop.

Solaris - Marsbéli Krónikák * * * * 1/2
Este é disparado o melhor disco da banda húngara, cheio de teclados - o que afasta os maníacos por guitarra - mas repleto de melodias tocantes, muito bonitas mesmo. (muitos lugares apontam este disco como lançado em 1984, mas no CD oficial só aparece a data 1983).

Split Enz - Conflicting Emotions * * * *
Considerado um dos discos mais fracos deste genial combo new wave (na verdade, muito mais do que isso), é prova definitiva que a banda dos irmãos Finn é a melhor coisa a ter surgido na Oceania, quiçá no hemisfério sul. Ou seja: se este é dos mais fracos (e eu concordo que seja), o ouvinte pode imaginar como seriam os melhores.

Stray Cats - Rant n' Rave * * * *
Páreo duro entre este terceiro e o primeiro disco da banda que fez um new-wave voltado para os anos 50 (ao contrário da maior parte dos grupos de new wave, voltados para a primeira metade dos anos 60).

Tears for Fears - The Hurting * * * * *
Numa das maiores decadências da música pop, a banda de Curt Smith e Roland Orzabal fizeram esta obra-prima de estréia, mas depois o apenas bom Songs from the Big Chair (1985), o mediano The Seeds of Love (1989), e daí para baixo, numa descida de dar dó.

The The - Soul Mining * * * *
Matt Johnson, que nesse mesmo ano participou do projeto Marc & the Mambas, com Marc Almond, inicia sua nova banda com um disco inspirado de bom pop.

Thin Lizzy - Thunder and Lightning * * * *
1983 também foi o ano em que bandas mais pesadas flertaram com o AOR. A banda de Phil Lynott já havia flertado com o AOR em anos anteriores, e neste disco teve sua musicalidade vitaminada pela entrada de John Sykes, se aproximando, num sentido contrário, do hard rock mais pesado. Não só é o melhor Lizzy desde Black Rose (o que, convenhamos, seria bem fácil), como é um dos cinco melhores discos da banda.

Tim Maia - Descobridor dos Sete Mares * * * *
O mestre da voz em seu último grande disco.

Todd Rundgren - The Ever Popular Tortured Artist Effect * * * *
Disco que começa estranho, parece que não vai engrenar. A partir da quinta faixa, a monumental "Tin Soldier", releitura de Small Faces, o álbum se transforma numa festa maluca, cheia de pirações. Aí podemos apreciar melhor até a faixa "Drive", que é bem comercial, e inspirada.

Tom Waits - Swordfishtrombones * * * * 1/2
Um dos melhores discos de um dos músicos mais criativos, com uma voz rasgada como poucos tinham. Este disco único vem recheado de músicas curtas, melancólicas, que parecem ter saído de um outro tempo.

The Triffids - Treeless Plain * * * *
No All Music Gude alguém falou em antecipação do Alt Country, o que me pareceu justo, ainda que os australianos do The Triffids tenham muito mais graça do que 95% dos artistas que se beneficiaram do rótulo difundido nos anos 90. Este é o primeiro LP deles.

U2 - War * * * *
Melhor que October, mas inferior a Boy, este terceiro disco começa o caminho terminado com louvor no fenomenal disco seguinte de estúdio, The Unforgettable Fire.

The Undertones - The Sin of Pride * * * * 1/2
Tido quase que unanimemente como o disco mais fraco dos Undertones, é, pelo contrário, um grande disco de uma banda que ousou fazer diferente do que se esperava dela. Mais soul, mais pop, mais melancólico, um disco surpreendente.

Univers Zéro - Crawling Wind * * * * 1/2
EP de apenas três faixas que ganhou lançamento posterior em CD com faixas bonus (que desconheço, por sinal). Com pouco menos de 20 minutos de duração total (das três faixas do EP lançado em 1983), um arraso sonoro de fazer o queixo cair.

Was (Not Was) - Born to Laugh at Tornadoes * * * 1/2
Há uns três ou quatro anos formulei uma pequena tese de que o pop safado dos anos 2000 era melhor que o dos anos 90 e dos 80s. Reouvindo algumas coisas como DeBarge, Gazebo, Naked Eyes e este disco do Was (Not Was) começo a perceber que estava redondamente enganado. O pop safado (alguns querem descartável, mas creio que com essas medodias provaram que não é bem assim) dos anos 80 é tão bom quanto o dos anos 70. E tenho dito.

The Waterboys - The Waterboys * * * * 1/2
Talvez este seja o melhor disco da banda de Mike Scott, ainda que os três seguintes sejam muito bons também. Aqui, o folk-pop da banda está intacto, mais cru e apaixonante do que nos outros discos.

Witchfinder General - Friends of Hell * * * *
Em 1983, quem gostava da voz de Zeeb Parkes gostava bastante deste segundo LP da banda. Quem não suportava seu timbre, que era semelhante ao de Brian Ross, outro bastião do NWOBHM, não podia nem chegar perto. Um clássico do metal tradicional inglês.

X - More Fun in the New World * * * * 1/2
Uma das grandes bandas americanas... ever... A combinação das vozes de Exene Cervenka e John Doe era perfeita, e a banda gravou três discaços antes deste sensacional LP. Difícil escolher o melhor entre eles.

Yes - 90125 * * * 1/2
Com este disco a banda acaba, pois o que se ouviu depois, com a exceção dos Keys to Ascension, não é digno de levar o nome Yes.

Zapp - Zapp III * * * *
Em matéria de funk sintetizado o Zapp foi uma das melhores bandas a aprender a lição de George Clinton e seu Funkadelic. Este terceiro disco pode perder para os dois primeiros da própria lavra, mas é superior ao que a banda clássica de Clinton fez após o seminal Uncle Jam Wants You (1979).


LIMADOS NOS DOIS ÚLTIMOS CORTES

10,000 Maniacs - Secrets of the I Ching

A Flock of Seagulls - Listen

Baron Rojo - Metalmorfosis

Bob Dylan - Infidels

The Church - Seance

Culture Club - Colour by Numbers

DeBarge - In a Special Way

G.B.H. - City Baby's Revenge

Godley and Creme - Birds of Prey

Heaven 17 - The Luxury Gap

Jean-Luc Ponty - Individual Choice

Judas Priest - Defenders of the Faith

The Legendary Pink Dots - Chemical Playschool 3 + 4

Loudness - Law of Devil's Land

Marco Antônio Araujo - Entre um Silêncio e Outro

Mercyful Fate - Melissa

Naked Eyes - Burning Bridges

O.M.D. - Dazzle Ships

Paul Rodgers - Cut Loose

Pekka Pohjola - Jokamies

P-Funk All Stars - Urban Dancefloor Guerillas

Philip Glass - The Photographer

Rain Parade - Emergency Third Rail Power Trip

Raven - All for One

The Replacements - Hootenanny

Robert Plant - The Principle of Moments

Satan Jokers - Les Fils du Metal

Savage - Loose 'n' Lethal

Sérgio Sampaio - Sinceramente

Shriekback - Care

Social Distortion - Mommy's Little Monster

The S.O.S. Band - On The Rise

Spinetta Jade - Bajo Belgrano

The Stranglers - Feline

Suicidal Tendencies - Suicidal Tendencies

Tom Tom Club - Close to the Bone

Twisted Sister - You Can't Stop Rock 'n' Roll

V8 - Luchando por El Metal

Yello - You Gotta Say Yes to Another Excess


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Esquecimentos da lista de 1977
(* que talvez ficassem de fora no último corte)


* Billy Cobham - Magic

Cameo - Cardiac Arrest

* Cluster & Eno

* Ornette Coleman - Dancing in Your Head

The Runaways - Queens of Noise

Spinetta - A 18 Minutos del Sol

sexta-feira, abril 10, 2009

Aperitivo para os 100 de 1983

1983: o ano em que o heavy metal tradicional atingiu o auge, e que o Thrash Metal nasceu. Em algum lugar entre essas duas definições estava o Satan, grande banda de New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), oriunda de Newcastle (mesma cidade do Venom) que lançou este clássico, Top 10 de 1983 (contando todos os estilos).

Brian Ross é um dos grandes vocalistas do gênero, e a dupla de guitarristas formada por Steve Ramsey e Russ Tippins fizeram história, nas reencarnações do Satan com outro nome, Blind Fury e Pariah, e na grande e injustiçada banda Skyclad.
Court in the Act, o clássico do Satan, foi mal gravado. Tem os agudos estridentes demais e os graves muito abafados - característica semelhante a de Born Again, do Sabbath, lançado no mesmo ano (será que era uma moda da época?). Mas é um dos melhores discos de heavy metal já feitos.
Começa com a introdução "Into the Fire", que prepara o clima para o estrondo que é "Trial by Fire", passa por belos hards melódicos como "Blades of Steel", "No Turning Back" e "Hunt You Down", pela rapidez de "Break Free" e pelo lirismo das instrumentais "The Ritual"/"Dark Side of Innocence", e termina com a maior prova da genialidade de Brian Ross: "Alone in the Dock".
Indispensável para quem gosta de metal tradicional, mas deve agradar também aos adeptos exclusivos do thrash metal.

terça-feira, março 31, 2009

As dificuldades de se fazer uma lista

É uma espécie de terapia montar essas listas anuais que me obrigam a ouvir discos que há mais de vinte anos eu não ouvia, e a conhecer outros que sempre quis conhecer, mas que iam para o fim da fila por motivos diversos.

A dificuldade vem do conflito de datas. Por exemplo, em diversos lugares o disco Out of Step, do Minor Threat aparece como de 1983. Em outros, incluindo o livro 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer, aparece como de 1984. Qual é o certo? Em qual informação confiar? All Music Guide, Rate Your Music, Music Brainz e Discogs não são 100% confiáveis. Mas são os melhores para se consultar.

Fora esse problema, ainda tem uma quantidade imensa de dúvidas, como por exemplo quanto ao disco que escuto agora, For to Next/And Not Or, de Steve Hillage. A parte For to Next deixa a desejar, mas a parte And Not Or, toda instrumental e bem parecida com o que o Gong fez no auge, é bem legal. Os dois discos já foram pensados para lançamento em conjunto, mas se fossem separados, certamente o segundo entraria na lista de 1983.

Existem também as surpresas e decepções. para desencargo de consciência, fui reouvir dois discos que odiei na época, e que a memória e audições futuras não sanaram: os discos de 1983 do De Barge (In a Special Way) e do Culture Club (Colour by Numbers). Dois belos discos, que talvez fiquem de fora da lista final por muito pouco.

No terreno das decepções, a mais marcante talvez seja a do disco de Lionel Richie, Can't Slow Down. Conhecia só os hits do disco, as excelentes "All Night Long" e "Hello", e me decepcionei bastante ao descobrir que o restante não só fica abaixo dessas duas como fica bem aquém do que se espera de um disco pensado para competir com Thriller.

Enfim, provavalmente no início de abril a lista fica pronta, e é postada aqui. Até lá, fico com a difícil tarefa de escolher 100, quando, nesse ano específico, seria muito mais fácil deixar só 50 ou escolher 150 de uma vez.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Os 100 melhores discos de 1977





















Mais uma vez reaproveitando material arquivado do site Tem Que Acontecer, projeto quixotesco que desenvolvi em 2003 e que foi sabotado pela venda da HPG. Claro que alguns discos saíram da lista, outros foram acrescentados, de acordo com minhas audições de lá pra cá. O mais curioso foi notar que alguns medalhões da MPB tiraram férias durante o ano de 1977. Assim, não consta na lista Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Jorge Ben, e Chico Buarque aparece só com uma trilha sonora. Outras bandas são tão boas que conseguiram emplacar discos menos inspirados na década, como é o caso do Earth & Fire, do 10cc e do Ohio Players. E algumas ausências podem ser tristes, como Tom Waits, cujo álbum de 1977, Foreign Affairs, é claramente de entressafra. O mesmo se pode dizer do Queen com News of the World, um bom disco, mas aquém do potencial da banda e dos 100 que entraram nesta lista final. Idem com o primeiro do Clash, que depois faria discos excepcionais. Vários outros bons artistas ficaram de fora, muitos com discos 3 estrelas (às vezes 3 1/2). A lista final não saiu sem certa dor, mas essa é grande parte da graça. No fundo, dói mais saber que devo ter esquecido vários outros discos muito bons.




















10cc - Deceptive Bends * * * *
Sem Godley e Creme, Goldman e Stewart tentam se reafirmar, à sombra dos quatro excelentes discos anteriores, e fazem um disco pop delicioso, o último antes da decadência definitiva de Bloody Tourists (1978).

Abba - The Album * * * *
O filme voltou a passar nos cinemas graças ao projeto Moviemobz. A banda, contudo, não precisa de mais nada além de suas belas melodias.

Aerosmith - Draw the Line * * * *
Superior a Toys in the Attic (1975) e Rocks (1976), Draw the Line é, sem dúvida, o melhor disco do Aerosmith ao lado de Get Your Wings (1974).

The Alan Parsons Project - I Robot * * * *
O segundo álbum do projeto de Alan Parsons conta com quase toda a banda Pilot, mais alguns convidados de luxo. Melodias brilhantes e experimentos com um progressivo espacial fariam a graça de muitos fãs até 1985, pelo menos.

Almôndegas - Alhos com Bugalhos * * * *
Terceiro disco da banda gaúcha de Kleiton e Kledir. Vários achados regionais escondidos no meio de muita melodia inspirada.

Banda Black Rio - Maria Fumaça * * * *
Funk instrumental brasileiro que voltou a se tornar cult por causa do relançamento em CD nos anos 1990.

The Beach Boys - Love You * * * * *
Dizer que é sensacional é chover no molhado. Brian Wilson melhora seu estado de sáude e coloca a massa cinzenta para criar as melodias irresistíveis que só ele sabe fazer. Na década de 70, este disco, dentro da carreira dos Beach Boys, só perde para Sunflower (1970).

Beto Guedes - A Página do Relâmpago Elétrico * * * * 1/2
Primeiro e melhor disco do compositor mineiro. Coquetel de beatlemania com progressivo e MPB que caiu nas graças de muito hippie da época

Blondie - Plastic Letters * * * *
Bem melhor que o primeiro LP, desta vez o Blondie vem disposto a conquistar o mundo, o que conseguiria, definitivamente, com o disco seguinte, a obra-prima Parallel Lines (1978)

Blue Oyster Cult - Spectres * * * * *
Da chamada equivocadamente de "fase metal", que compreende de Agents of Fortune (1976) a Revolution by Night (1983), Spectres é o melhor disco, mesmo concorrendo com pérolas como Cultossaurus Erectus (1980) e Fire of Unknown Origin (1981). Justiça seja feita: é o melhor disco do B.O.C.

Brian Eno - Before and After Science * * * *
Um disco de Eno, mesmo quando superestimado, é capaz de dar nós em nossos ouvidos.

Bryan Ferry - In Your Mind * * * *
Grande Ferry, cunhando melhor que todos o Rock 'n' Roll soul.

Caetano Veloso - Bicho * * * * *
Disco que parece um greatest hits, de tantas músicas que fizeram sucesso. De fato, muita gente pensa que é coletânea, até hoje.

Cartola - Verde que te Quero Rosa * * * * *
Terceiro disco de Cartola, compositor que dispensa comentários.

Cheap Trick - In Color * * * *
Os dois discos seguintes, Heaven Tonight (1978) e Dream Police (1979) são os melhores que a banda gravou. Mas as sementes estão neste ótimo disco de 1977.

Chic - Chic * * * *
Nile Rodgers e Bernie Edwards chegam com produção e seus instrumentos (guitarra e baixo, respectivamente), para mexer com o mundo funk, em plena era Disco. Fariam, no ano seguinte, a obra-prima C'est Chic.

Chico Buarque - Os Saltimbancos * * * *
Escondido entre duas obras-primas de Chico, Meus Caros Amigos (1976) e Chico Buarque (1978), este disco infantil que conta com participações de Miúcha e MPB-4 é uma delícia de se escutar.

Chrome - The Visitation * * * * 1/2
Ainda sem Helios Creed, que redefiniria o som da banda, o que temos neste disco de estréia é um Roxy Music inicial apontando para direções oitentistas interessantíssimas, mas com um pé forte no início dos 70s.

Colosseum II - Electric Savage * * * *
Este é o melhor disco da segunda formação de banda capitaneada por Jon Hiseman. Aqui, Gary Moore e Don Airey dão o ar da graça em um jazz rock nervoso.

Commodores - Commodores * * * *
Além de ter canções racha-assoalho, é o disco que contém a faixa "Easy", o maior sucesso comercial do grupo (seguido de perto pela belíssima "Three Times a Lady", balada do disco seguinte).

Daevid Allen - Now It's the Happiest Day of Your Life * * * * *
Allen sai do Gong, mas não abandona suas idéias poético-psicodélicas. Delicioso de se ouvir.

The Damned - Damned Damned Damned * * * * 1/2
Álbum de estréia de uma das bandas mais inspiradas do punk rock inglês.

David Bowie - Heroes * * * * *
Entre os discos que Bowie lançou na fase-Berlim, quando contou com a parceria de Brian Eno, Heroes é o melhor.

David Bowie - Low * * * * 1/2
Outro da fase Berlim, com um lado bem diferente do outro. A fórmula seria aperfeiçoada no disco seguinte, Heroes.

Dennis Wilson - Pacific Ocean Blue * * * * *
O talento está mesmo no sangue da família Wilson. Dennis já havia contribuido com algumas canções primorosas nos discos dos Beach Boys, mas este sensacional disco solo comprova definitivamente seu talento melancólico.

Earth & Fire - Gate to Infinity * * * *
Quinto e último grande disco da banda holandesa responsável por algumas das mais belas melodias dos anos 70. Daí em diante, a mistura de pop-disco-progressivo iria desandar, porque tenderia de vez ao pop mais comercial possível.

Earth Wind and Fire - All 'n' All * * * * 1/2
Um dos grandes discos de uma das melhores bandas de soul/jazz/funk que o planeta já viu.

Eddie Hazel - Game, Dames and Guitar Thangs * * * *
O disco solo do exímio guitarrista Eddie Hazel não se iguala a nenhum do Funkadelic com sua presença, mas quem disse que é fácil se igualar aos magos do funk psicodélico?

Electric Light Orchestra - Out of the Blue * * * * *
A questão aqui é reconhecer que Jeff Lynne é um compositor de melodias do nível de Paul McCartney e Brian Wilson. Uma vez reconhedido isso, não há como não se deliciar com este disco, um dos melhores da década.

Elvis Costello - My Aim is True * * * * *
Estréia excepcional de um músico que ainda é subestimado em certos círculos. Muito pop para ser abraçado integralmente pelos punks, muito arrojado para ganhar a simpatia do roqueiro mais conservador. Felizmente, as barreiras são fáceis de serem quebradas por este disco.

Fela Kuti - Shuffering and Shmiling * * * *
+ Fela Kuti - Zombie * * * * 1/2
Fela Kuti tem muitos discos e entre os que lançou em 1977 (dos quais só conheço três) estes dois são os escolhidos para entrarem na lista.

Frank Marino & Mahogany Rush - World Anthem * * * *
Um Jimi Hendrix servindo ao metal tradicional é o que temos com este disco.

Frankie Miller - Full House * * * *
Soul-rock cantado por um vocalista cujo timbre lembra muito o de Rod Stewart. Não tem como ser ruim.

Gal Costa - Caras e Bocas * * * *
Provavelmente o último grande disco de Gal Costa, lançado em um ano que ouviu muitos últimos grandes discos e vários grandes primeiros discos.

Gentle Giant - Playing the Fool * * * *
GG em processo de decadência é melhor do que 99% do que se faz em música pop ou rock. A partir deste disco, eles tentariam dar novos rumos à sua música, e nunca mais fizeram um grande trabalho. Este, no entanto, é facilmente um dos melhores duplos ao vivo que foram feitos no rock.

Gerson King Combo - Gerson King Combo * * * * 1/2
Funk nervoso de primeira.

Gilberto Gil - Refavela * * * *
Nas pegadas de Refazenda (1975), só que comendo poeira. Ainda assim, é um grade disco do ex-ministro.

Gong - Live Etc. * * * *
Duplo ao vivo que contém alguns dos melhores momentos (gravados entre 1973 e 1975, quase todos ainda com Daevid Allen) do prog-psicodélico da banda, lançado em uma época em que eles já estariam indo na direção do jazz-rock sob a orientação de Pierre Moerlen.

Heatwave - Too Hot to Handle * * * *
Rod Temperton é um dos maiores compositores de soul-music que existiram, e esta banda serve-se muito bem de seu talento neste disco de estréia e no igualmente brilhante Central Heating (1978).

Ian Dury - New Boots and Panties * * * *
Neste disco com a fenomenal banda The Blockheads, Ian Dury entrega mais uma mistura de ritmos amarrados pelo rock.

Iggy Pop - Lust for Life * * * *
Melhor que o outro disco lançado pelo iguana em 1977, The Idiot, Lust for Life é o melhor exemplo do som que ele estava buscando desde que os Stooges viraram História.

The Jacksons - Goin' Places * * * *
Michael Jackson já não era mais criança, e estaria a poucos anos de se tornar um dos maiores astros da música.

Jacques Brel - Brel * * * * 1/2
Gravado depois que o cantor passou alguns anos navegando pelo mundo em seu iate, Brel é o canto de cisne desse artista único, atemporal, como podemos ver na maior parte das faixas deste disco.

Jan Hammer Group - Melodies * * * *
Hammer tentando encontrar novos rumos para seu jazz-rock

Jane - Between Heaven and Hell * * * * 1/2
A excelente banda alemã Jane desenvolveu uma carreira bem interessante, mudando sempre de formação e de sub-estilo, dentro de um hard-progressivo totalmente tingido pelo que o Krautrock entregou ao mundo no início dos anos 70. Este BHAH é um de seus melhores discos, cheio de melodias inspiradas e um prog-soft inofensivo, mas bem agradável de se escutar.

Jean-Luc Ponty - Enigmatic Ocean * * * *
Provavelmente o melhor disco do violinista, contando com Daryl Stuermer, Allan Holdsworth e Allan Zavod.

Jethro Tull - Songs from the Wood * * * * 1/2
Após aproximações com o pop no disco anterior, JT chega muito próximo do que o Gentle Giant fazia nos anos anteriores. Claro, é inferior que qualquer disco do Giant até o duplo ao vivo, mas é melhor que Missing Piece, disco de estúdio do GG em 1977).

João Bosco - Tiro de Misericórdia * * * * *
Sem dúvidas o melhor disco deste excepcional compositor.

João Gilberto - Amoroso * * * * *
João já era grande, e de quebra nos presenteia com este disco formidável, um dos melhores já feitos em nosso país.

João Nogueira - Espelho * * * *
Compositor um tanto injustiçado, Nogueira estava inspirado quando gravou Espelho.

John Martyn - One World * * * *
Em 1977, este disco suave de Martyn, contendo sua voz única (em algum lugar entre Chris Rea, Richard Heavens e Bryan Ferry) soa como um OVNI em meio a obras Disco, punk ou hard rock.

Kansas - Point of Know Return * * * * 1/2
A banda começou progressiva, mas sempre alternando momentos de hard rock e pop. talvez a mistura tenha atingido o ponto máximo neste disco, que contém a clássica "Dust in the Wind" e a impecável "Closet Chronicles".

Kayak - Starlight Dancer * * * * *
A banda holandesa chefiada por Tom Scherpenzeel teve uma carreira bem irregular, mas quando acerta sai de baixo. Acertou em cheio três vezes nos anos 70: no disco de estréia, See See the Sun (1973), em Kayak II (1974) e neste estupendo Starlight Dancer, que se renova sem abandonar as raízes, e tem melodias espetaculares pelo disco todo.

Kiss - Love Gun * * * *
Pode não ter o mesmo nível de Kiss (1973), o álbum de estréia, de Destroyer (1976) ou mesmo de Dressed to Kill (1975), mas está longe de ser o disco de entressafra que muitos sugerem até hoje. Só "I Stole Your Love" já derruba qualquer disposição contrária.

Kraftwerk - Trans Europe Express * * * * *
Primeira obra-prima da banda alemã que no ano seguinte faria mais uma: Man Machine. Só "Hall of Mirrors" já valeria o disco, e tem muito mais.

La Máquina de Hacer Pájaros - Películas * * * *
Disco prog da banda de Charlie Garcia que há muito tempo não escuto. A presença aqui tem boa dose de confiança na minha memória de que a inspiração de Garcia estava em alta.

Leonard Cohen - Death of a Ladies' Man * * * *
Produzido por Phil Spector, mostra o bardo canadense tentando se reencontrar após a obra-prima New Skin for the Old Ceremony (1974).

Locanda Delle Fate - Forse le Lucciole non si Amano Più * * * *
Com um dos títulos mais bonitos do rock, este disco da banda italiana de vocal operístico (e de nome bonito também) impressiona pelas melodias e pelo piano fluente em toda sua duração.

Maneige - Ni Vent ni Nouvelle * * * *
Quem gosta de Gentle Giant, xilofones e fusion não tem como não gostar deste disco do Maneige. Quem não gosta está perdendo.

Metro - Metro * * * *
Alguns lugares apontam este disco como lançamento do fim de 1976, mas o All Music e o Rate Your Music, que estão longe de serem infalíveis, apontam 1977. Que seja. De qualquer forma, o disco é excelente, e merece figurar nesta lista.

Moraes Moreira - Cara e Coração * * * * 1/2
Grande disco de Moreira, ex-Novos Baianos, que no ano seguinte faria o igualmente belo Auto Falante.

National Health - National Health * * * *
Banda de Dave Stewart (ex-Khan, Egg, Arzachel) que é praticamente uma continuação do Hatfield and the North (sem os irmãos Sinclair e com os mesmos Phil Miller e Pip Pyle, e pratica uma mistura bem interessante de progressivo com jazz e experimentalismo.

Ohio Players - Angel * * * *
Não tão bom quanto os clássicos Skin Tight e Fire (ambos de 1974), mas Ohio Players é uma das bandas mais talentosas do funk setentista, e este talvez seja o último grande disco deles.

Parliament - Funkentelechy vs. the Placebo Syndrome * * * * 1/2
Junto do Funkadelic, que não lançou disco em 1977, o Parliament, também uma criação de George Clinton, é das coisas mais interessantes que surgiram na música entre o fim dos anos 60 e o começo dos 70.

Pekka Pohjola - Keesojen Lehto * * * *
Os vinis do finlandês Pohjola, e da banda da qual fez parte, Wigwam, valiam fortunas tempos atrás. Lançamentos em CD na Europa acabaram com a festa dos especuladores, e tornaram possível que muito mais gente conhecesse o prog-jazza-pop envolvente do músico.

Percy Thrillington - Thrillington * * * *
Músicas de Paul McCartney recebendo versões lounge em plena era punk? Isso pode ser bom? Por incrível que pareça, pode sim, pois Percy Thrillington é ninguém menos do que o próprio Macca em curioso projeto paralelo.

Peter Gabriel - Peter Gabriel * * * *
Em carreira solo, Gabriel ainda se sairia melhor com o terceiro e o quarto disco de sua carreira, em 1980 e 1982. Esta estréia, entretanto, é superior ao segundo disco dele, e tem a clássica canção "Solsbury Hill".

Peter Hammill - Over * * * * 1/2
Um dos melhores discos da carreira solo de Hammill.

Pilot - Two's a Crowd * * * * *
Um dia esta excelente banda terá o reconhecimento que merece. Este é o quarto e último disco deles.

Pink Floyd - Animals * * * *
Depois de um disco irregular, Wish You Were Here (1975), a banda volta com força em um álbum mais direto, cheio de influências de folk e blues, e com faixas enormes, mas com um pé forte no mercado.

Ramones - Leave Home * * * *
Simplesmente o melhor disco da banda.

Recordando o Vale das Maçãs - Crianças da Nova Floresta * * * *
Banda de um disco só, que mesclava progressivo com folk e MPB.

Renaissance - Novella * * * * 1/2
Excelente disco de apenas cinco faixas, sendo uma delas a antológica "The Sisters"

The Residents - Fingerprince * * * * 1/2
Lançado em tiragem limitada e autografada ainda em dezembro de 1976, obteve lançamento "oficial" no ano seguinte, se tornando um dos discos fundamentais pelo que o Residents viria a ser reconhecido.

Roberto Carlos - RC 77 * * * * *
Outro disco que mais parece uma coletânea, de tantas músicas antológicas. Seria a última obra-prima do Rei.

Robin Trower - In City Dreams * * * *
Trower saiu do Procol Harum e desenvolveu carreira solo mais interessante do que a do grupo nos anos 70, como comprova este ótimo disco.

Rush - A Farewell to Kings * * * *
Fãs de Rush são como fãs de Iron Maiden: se esforçam tanto para que todos gostem de suas bandas de coração que terminam por afastar-nos delas. Uma audição fria revela muitas qualidades em alguns álbuns desta banda canadense.

Scorpions - Taken by Force * * * * 1/2
Um dos melhores discos do Scorpions conta com Ulrich Roth ainda, pela última vez em estúdio.

Som Nosso de Cada Dia - Som Nosso (Sábado/Domingo) * * * * 1/2
Um lado prog, outro funk. Para desespero dos fãs antigos da banda, o lado funk é sensivelmente melhor.

Split Enz - Dizrythmia * * * * *
A banda neo-zelandesa que revelaria os irmãos Neil e Tim Finn para o mundo lançou vários discos de antologia, entre eles este impecável e estimulante disco de 1977.

Status Quo - Rockin' All Over the World * * * *
A banda que atravessou os anos 70 fazendo discos bem bacanas nos entrega mais um, que pode até ser considerado um dos cinco melhores de sua carreira. Em quinto, vá lá, já que não tem como ficar na frente de Hello (1973), Quo (1974), On the Level (1975) e o melhor de todos, Blue For You (1976).

Steely Dan - Aja * * * *
É curioso como este disco é sempre tido como o supra-sumo da música do SD. Vira e mexe aparece como um dos melhores discos dos anos 70. É um grande disco, mas a banda de Donald Fagen e Walter Becker fez pelo menos três discos melhores que este: Can't Buy a Thrill (1972), Pretzel Logic (1974) e Royal Scam (1976).

Steve Hillage - Motivation Radio * * * * *
Terceiro disco solo do ex-guitarrista do Gong e do Khan, é também o seu melhor, superando o progressivo ortodoxo, e muito bem feito, de Fish Rising (1975) e a agradável indecisão criativa de L (1976).

The Steve Miller Band - Book of Dreams * * * *
Mais fraco que Fly Like an Eagle (1976) ou The Joker (1973), ainda assim é mais uma prova do talento de Miller para fazer discos deliciosos sem que sua técnica prevaleça sobre as melodias.

Steve Winwood - Steve Winwood * * * *
Primeiro e inspirado disco solo de Winwood, com sua voz negra e aguda soando com toda a limpidez que lhe é característica.

The Stranglers - No More Heroes * * * * 1/2
Lançado poucos meses depois de Rattus Norvegicus, este disco sublime consegue ir além da estréia da banda, colocando-os sob os holofotes da recente onda punk-rock que assolou a Inglaterra

Suicide - Suicide * * * * *
Alan Vega e Martin Rev revolucionaram o punk e o synth pop que estava surgindo com o Kraftwerk, abrindo caminho para coisas pesadas que viriam em seguida. O primeiro e sensacional disco do Soft Cell pode ser considerado um dos maiores herdeiros desta pérola.

Talking Heads - 77' * * * * *
Primeiro e excepcional disco de uma das bandas mais importantes do cenário pós-punk/new wave que surgia com força a partir de Nova York.

Television - Marquee Moon * * * * *
Um dos clássicos dos anos 70. A guitarra de Verlaine ficaria para sempre marcada no mundo da música pop. Tem um pouco de progressivo, um pouco de glam rock, de punk, e muito de Velvet Underground. Isso dito, não tem na verdade nada do que foi citado, pois tudo junto dá numa das coisas mais originais que pudemos ouvir depois de... er... Velvet Underground.

Throbbing Gristle - Second Annual Report * * * * 1/2
Assim é que se faz música experimental.

Tim Maia - Tim Maia * * * *
Entre altos e baixos, qualquer disco de Tim Maia nos anos 70 tem que entrar em qualquer lista deste tipo. Esse de 1977, lançado na época pela Som Livre, traduz com precisão o porquê do cantor ser considerado um dos maiores de todos os tempos.

União Black - União Black * * * * 1/2
Funk à brasileira. Um dos discos essenciais da black music nacional, que não teve a projeção que merecia.

Uriah Heep - Firefly * * * *
+ Uriah Heep - Innocent Victim * * * *

De uma fase subestimada da banda, estes dois discos com John Lawton no vocal são melhores que os três anteriores, com David Byron. Difícil é o fã que tem disposição para descobrir isso.

Utopia - Ra * * * *
+ Utopia - Oops! Wrong Planet * * * *

Dois discos da banda montada em 1974 por Todd Rundgren, que não lançou disco solo em 1977. Como sempre, o ecletismo é a marca do sujeito. Ra tende para o progressivo, e Oops vai mais para o lado do pop, encerrando com um dos maiores sucessos da carreira de Todd, a balada "Love is the Answer".

Van der Graaf - The Quiet Zone / The Pleasure Dome * * * *
Não faz mal que é o disco mais fraco do VdGG (menos o segundo G, de Generator) junto de World Music (1976). Nele você pode ouvir algumas das faixas mais inspiradas do prog na segunda metade da década de 70, como "Cat's Eye", "Lizard Play" e "The Wave".

Wire - Pink Flag * * * * 1/2
Outro dia esbarrei em um debate na internet sobre qual é melhor, este ou o segundo, Chairs Missing (1978). Sinceramente, eu também não sei, pois cada vez que escuto os dois discos saio com um como superior ao outro, e isso sempre muda. O que importa é que a banda é excelente, e ainda tem um terceiro disco bacana, 154 (1979)

Yes - Going for the One * * * *
É o disco que marca a volta de Rick Wakeman. Continua na onda do progressivo total e barulhento inaugurado com o espetacular - e superior - Relayer (1974).


Limados no último corte:
Belchior - Coração Selvagem
Egberto Gismonti - Carmo
Francis Hime - Passaredo
Gryphon - Treason
Hawkwind - Quark Strangeness and Charm
Illusion - Out of the Mist
Jan Akkerman - Jan Akkerman
Judas Priest - Sin After Sin
Klaatu - Hope
Premiata Forneria Marconi - Jet Lag
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Próximo ano: 1983

domingo, fevereiro 22, 2009








Em homenagem a O Lutador, belo filme "de" Mickey Rourke, atualizo este blog esquecido com as cotações de uma banda germânica clássica, que influenciou nove entre dez bandas de power metal dos anos 90 (Bling Guardian, Stratovarius, Rage, Morgana Lefay...): ACCEPT.



Accept (1979) * * * *

Começo cru, mas com melodias interessantes. Algumas composições são bem inspiradas. É como meu irmão disse há pouco: "quem iria apostar que uma banda com um front man desses (Udo) iria vingar?"



I'm a Rebel (1980) * * *

A maior força deste álbum é ser esquisito. Curiosamente e apaixonadamente esquisito. Metal com backing vocals punks, muito antes do estouro do crossover de meados da década de 80, é o que se pode ouvir na faixa título. Disco music é o que se pode ouvir em "I Wanna be no Hero".



Breaker (1981) * * *

Cada vez mais perto da sonoridade que iria marcar a banda e influenciaria quased todo o metal tradicional europeu daí em diante. Um Judas Priest vitaminado, mas ainda sem a força que teria nos discos seguintes.



Restless and Wild (1982) * * * * *

O clássico da banda. Nunca mais repetiram o feito. Aqui, nascia o power metal, em faixas como "Fast as a Shark" e "Ahead of the Pack". Ao mesmo tempo, a inspiração melódica e semi-épica de faixas como "Demon's Night", "Neon Nights" e "Princess of the Dawn" é inesquecível.



Balls to the Wall (1983) * * * *

Seguindo no caminho trilhado com perfeição no disco anterior, mas já dando sinais de um comercialismo preocupante (vide "Love Child"). As melhores são as duas primeiras, "Balls to the Wall" e "London Leatherboys", e a última, "Winter Dreams".



Metal Heart (1985) * *

Algumas faixas muito boas convivem com constrangimentos como "Living for Tonite". Extrapolaram na vontade de vender, desta vez, e fizeram um disco em que nada é de metal, muito menos o coração.



Kaizoku-ban (1985) * *

Mini-LP ao vivo, com a turnê de Metal Heart. Algumas faixas tem versões mais pesadas, mesmo assim o disco não convence.



Russian Roulette (1986) * * *

Mais pesado, mais inspirado, menos orientado para as FMs. Não uma volta ao passado, mas uma redirecionada de caminhos. Disco indeciso de certa forma, mas com momentos bem marcantes.



Eat the Heat (1989) * *

Como se adequar aos novos tempos? Eles só descobririam na década seguinte. Ainda assim, alguns momentos, como é de praxe em discos do Accept.



Staying a Life (1990) * * *

Um duplo ao vivo para satisfazer os que só encontravam registros decentes da banda no palco em produtos piratas.



Objection Overruled (1992) * * *

Qualquer objeção a este disco deve ser negada, pois é o melhor que eles lançaram desde Balls to the Wall. Quase uma volta definitiva à excelente forma do biênio 82/83.



Death Row (1994) * *

Estranhei demais este disco na única vez que o escutei. Nunca voltei a ele, infelizmente. Devo voltar por estes dias.



Predator (1996) * * *

O peso alcançado. A maneira de se adequar a novos tempos encarada com firmeza. Não vingou, mas é um disco bem digno.



All Areas - Worldwide (1997)

Ao vivo de despedida. Nunca o escutei. Nunca é tarde, e como no caso de Death Row, merecerá um update assim que for decifrado.