quarta-feira, julho 28, 2004

Escutando Clinic, Walking With Thee, um impressionante coquetel de elementos eletrônicos com punk e experimentalismo. Um refrão que repete "no", com paradinha e tudo, dentro de uma canção com andamento francamente dançante (na faixa título). Um ruído que se torna delicioso de tão equivocado e arriscado. "The Equalizer", a segunda, é algo entre os Residents e Sonic Youth. E o disco ainda tem pós-punk e progressivo em doses muito equilibradas. Um dos discos mais instigantes deste novo século.
É realmente uma obra-prima o primeiro LP do Tears For Fears, The Hurting. O que torna mais impressionante a decadência da banda nos dois álbuns seguintes (os que vieram depois de Seeds of Love eu precisaria reouvir para opinar). The Hurting já começa com uma trinca de melodias belíssimas: começando com a tristeza de "The Hurting", com andamento meio lúgubre e misterioso; segue com "Mad World", uma inacreditável melodia baseada na repetição e em üma seqüência primária de notas, como no início do tecno-pop, mas que funciona incrivelmente bem; terminando com a terceira faixa do disco, a monumental "Pale Shelter", hino do pop eletrônico cuja melodia assobiável reina ao lado de um teclado predominantemente triste, como de resto eram tristes todos aqueles tecno-pops. O disco segue com outras pérolas como "Memories Fade", "Whatch me Bleed" e a irmã de "Pale Shelter", "Change". Além da horror-pop "The Prisoner", canção estranha e carregada de efeitos sombrios, como o coro que interage com o teclado. Disco fundamental para quem gosta do bom pop dos anos 80.

quarta-feira, julho 21, 2004

Reouvindo Van der Graaf Generator (a obra-prima H to He) e percebendo o quanto o som de Clara Crocodilo, de Arrigo Barnabé, é devedor da poesia de Peter Hammill em torno do saxofone distorcido de David Jackson. Outros dois discos do VdGG completam uma trilogia metafísica (inconsciente, mas muito coesa): The Least We Can Do is a Wave to Each Other e Pawn Hearts.  O primeiro é o que sedimentou o estilo da banda, muito imitado por bandas como Still Life (que existia antes do disco do VdGG), Raw Material e Gnidrolog. O segundo é considerado um dos discos mais influentes do progressivo, mas essa influência nem é tão óbvia, apesar de fortemente sensível em bandas díspares como Genesis, Camel, Curved Air, além das anteriormente citadas. O barulho dos navios batendo em Pawn Hearts, efeitos acoplados à bateria, e as partes lentas e melodiosos de qualquer dos três discos, de uma beleza que leva às lágrimas, sempre, são momentos que provam que Hammill é, sim, um gênio.

segunda-feira, julho 19, 2004

e merece também um Top 3 de seus discos com outras bandas:
 
1) Buffalo Springfield - Again
2) CSNY - Deja Vu
3) Buffalo Springfield - Last Time Around
O mestre merece um Top 10:
 
1) Zuma
2) After the Gold Rush
3) On the Beach
4) Everybody Knows this is Nowhere
5) Rust Never Sleeps
6) Live Rust
7) Harvest
8) Re-ac-tor
9) Comes a Time
10) Sleeps with Angels + Freedom

quarta-feira, julho 14, 2004

Ouvi hoje também, pela primeira vez, o novo do The Cure, com o criativo nome de...The Cure. A capa infantilóide diz muito da paralisia criativa de Robert Smith, e o disco está muito aquém de quem já fez Pornography, The Top ou Desintegration. Acho que o Cure deveria ter encerrado a carreira com o bom Wish, seria um último suspiro digno do passado da banda. Claro, tudo isso pode mudar com a inevitável reaudição. Mas acho difícil que isso aconteça. Apostas?
Só hoje pude ouvir o disco do Velvet Revolver, ou Stone Temple Roses, ou Guns 'n' Pilots. Disco bem assim-assim, um grunge requentado que tem algumas boas canções, mas é difícil de ser escutado numa levada só. Bem...eu já não esperava muito mesmo.

terça-feira, julho 13, 2004

É impressionante como é fraco o segundo disco dos Inspiral Carpets (The Beast Inside, 1992 **). Nem consegui reouví-lo inteiro no mesmo dia. Tive que tentar no dia seguinte. Impressionante como só a faixa "Grip", a quinta, está no mesmo nível do excelente primeiro LP (Life, 1990 ****1/2). No terceiro (Devil's Hoping, 1994 ***1/2) eles ensaiam uma volta à energia criativa do debut, em um disco que tem seus grandes momentos, e é deliciosamente equivocado. Não lembro o que eles fizeram depois, nem se cheguei a conhecer (o All Music Guide está fora do ar, ou muito difícil de carregar), as datas e nomes dos discos vieram da minha memória, então quem quiser correção de informações tem que checar em outro lugar. E discutir aqui, evidentemente.

terça-feira, julho 06, 2004

Talvez tenha ficado nas entrelinhas que eu não gosto de Cardigans. Ledo e Ivo engano (ok...trocadilho batido, mas um dia eu tinha que escrever). Desde Life, o lançamento americano de Emerdale, com poucas faixas diferentes (se não me engano, duas), até Gran Turismo, a obra-prima, desbunde pop com melodias de um potencial grudento inigualável, com pequenas e certeiras doses de eletrônica (elemento crescente em sua carreira até então). Passando pela deliciosa indecisão conceitual que foi o First Band on the Moon, álbum irregular, mas que, de resto, responde pela inclusão de uma faixa antológica: "Lovefool", faixa que redefiniu o termo lounge. Termo, aliás, tacanho do qual eles fizeram muito bem em tentar se desvencilhar. Só que deram um passo bem equivocado em Long Gone Before Daylight, que parece um Cowboy Junkies tentando soar como Pretenders. Mas espero anciosamente pela reviravolta, uma tentativa de abandonar a pecha de reis do lounge por outra porta, a da experimentação, outro fator sempre presente nos antigos álbuns, mas nunca perto de se tornar soberano.

sábado, julho 03, 2004

Para quebrar o jejum de posts, mando um pequeno texto do meu irmão, Ricardo Alpendre, sobre a importante data de 5 de julho. O texto não chega nem perto da picaretagem usual deste blog (pois é bem escrito), e meu irmão é livre para escrever aqui sempre que a preguiça não o vencer.

Aqui está:

Há exatos cinqüenta anos, completados nesta segunda-feira, 5 de julho, o jovem Elvis Aaron Presley, ainda a um ano e meio de se tornar Elvis The Pelvis, gravou a música “That’s All Right” de Arthur Crudup. 1954. Segunda-feira, como esta. Elvis, fã de blues desde sempre, gravaria ainda outras duas do bluesman Crudup até início de 1956. Não é que o Rock & Roll nasceu ali naquela hora: havia anos os rhythm & blues dos negros já podiam ser chamados como tal; e tanto quanto se pode dizer rock & roll acústico, “They’re Red Hot” de Robert Johnson (1937) e coisas do gênero já poderiam entrar na categoria. O que fizeram Elvis, Scotty Moore (guitarra) e Bill Black (baixo), então, foi acender o curtíssimo pavio do explosivo Rockabilly e do Rock & Roll de Memphis. Além de colocar sua carreira nos trilhos a mil por hora, Elvis punha no mapa o selo Sun Records, com o proprietário e produtor Sam Phillips. Além, é claro, de legitimar o Rock como um gênero musical para os Estados Unidos e depois o mundo. Foi há 50 anos.
Na verdade, foi hoje também, acontece todo dia. É como na fala de Tommy Lee Jones em MIB: Men In Black: “Elvis não morreu... foi para casa.”

Ricardo Alpendre
www.czpublicidade.com/tomada