quarta-feira, março 10, 2010

Savatage

Numa recente viagem, reouvi os discos desta banda da Flórida, até Streets, último que tem vocal principal de Jon Oliva. A partir de Edge of Thorns, a banda consolidou um estilo, mas se tornou comum. Uma boa banda comum.

Sirens (1983) * * * * 1/2
Um OVNI a guitarra de Criss Oliva. Um amigo/vizinho que tocava guitarra muito bem dizia que sua afinação era uma oitava acima, o que produzia aquele som estranho, que eu nunca tinha ouvido, de uma guitarra ácida, meio psicodélica, cheia de eco, que combinava direitinho com o vocal sujo de Jon Oliva, seu irmão. A sonoridade de Sirens seria aos poucos domesticada nos álbuns seguintes, até sumir por completo. Criss Oliva foi podado, provavelmente em nome do estrelato. Um crime.
Destaques: Sirens, I Believe, Out on the Streets.

The Dungeons are Calling EP (1985) * * * * 1/2
Uma belíssima sequência do álbum de estreia, ainda mais pesado e ácido.
Destaques: The Dungeons are Calling, By the Grace of the Witch.

Power of the Night (1985) * * * * *
Versão para FM do clássico Sirens. Por incrível que pareça, deu certo. Talvez porque eles miraram em alguma FM menos comercial. Percebe-se a formatação mais límpida, mas a guitarra mágica de Criss Oliva ainda reina soberana, intocável.
Destaques: Power of the Night, Unusual, Fountain of Youth.

Fight for the Rock (1986) * * * 1/2
Algumas covers e uma regravação sem noção podem confundir os incautos, mas o fato é que Fight for the Rock pode muito bem ser um retrocesso, mas ainda assim é um disco digno.
Destaques: Red Light Paradise, Hyde, Lady in Disguise.

Hall of the Mountain King (1987) * * * *
Saudado na época como uma continuação de Sirens, o retorno ao som mais pesado, este quarto LP mostra uma banda completamente redonda, com tudo bem lapidado, o que inclui uma sonoridade menos agressiva e estranha da guitarra de Criss. As composições, ainda bem, continuam inspiradas.
Destaques: 24 Hours Ago, Legions, Strange Wings.

Gutter Ballet (1989) * * * 1/2
O começo da guinada prog-metal que a banda daria nos álbuns posteriores. Não um prog-metal à Dream Theater (ainda bem), mas inclinado ao Pink Floyd, como o Queensrÿche.
Destaques: Gutter Ballet, Thorazine Shuffle, Of Rage and War.

Streets - A Rock Opera (1991) * * *
Pink Floyd encontra o metal americano. Sinaliza uma direção perigosa, que a banda saberia seguir com destreza, ainda que sem o mesmo encanto de outras épocas. As baladas são todas bregas, mas uma delas é belíssima: "A Little to Far".
Destaques: Jesus Saves, A Little too Far, Ghost in the Ruins.

Edge of Thorns (1993) * * *
Com novo vocal, um disco menos baladeiro que Streets. Criss Oliva já completamente domesticado.

Handful of Rain (1994) * * *
Com a segunda morte de Criss Oliva (desta vez definitiva), a banda encontra um substituto de peso: Alex Skolnick (Testament). Talvez por isso este disco seja o mais pesado da carreira da banda.

Dead Winter Dead (1995) * * * 1/2
Com a chegada de Al Pitrelli e Chris Caffery e a volta de Jon Oliva, mais nos teclados e no vocal de apoio, a banda vira um sexteto, e faz seu álbum mais poderoso desde Gutter Ballet.

The Wake of Magellan (1997) * * * 1/2
Ainda como sexteto, é o disco cuja turnê veio ao Brasil, para deleite de poucos e fiéis fãs. Este disco marca o ápice da sonoridade iniciada em Streets.

Poets and Madmen (2001) * * *
Novamente como quarteto, fazem um disco decente, mas sem maiores novidades. É o derradeiro de uma banda que poderia ter feito história se tivesse ousado manter a guitarra com aquela sonoridade.

9 comentários:

Bury disse...

Não sou fã de Savatage, mas respeito os caras... E show que vi em 98, no Monsters of Rock, foi muito bom!

Agora, para a próxima discografia comentada, vai a dica de sempre, Sérgio: Manowar na cabeça! Hehehe

Sérgio Alpendre disse...

vixe... gosto só dos quatro primeiros. Ah, do Into Glory Ride não muito. Acho que vai chover pedras na minha cabeça se eu fizer.

Christiano disse...

Sérgio, nunca tinha pensado no Streets sendo influenciado pelo metal americano. Vou escutar de novo e ver o que acho. Não é dos meus favoritos.

Ah, mais uma vez, adoro seus textos.

Abraço.

Sérgio Alpendre disse...

obrigado, Christiano.

Bart Rabelo disse...

Boa noite, Sergio. Excelente texto, sempre é bom lembrar do subestimado Savatage e sua contribuição musical. Só discordo veementemente da forma como falou do Criss Oliva e sua "domesticação" ou "primeira morte". Aliás, acho o completo oposto; a forma como o Criss evoluiu, de Sirens a Edge of Thorns, foi algo mágico: a mescla do talento brutal e selvagem com uma técnica apurada e madura.

Sérgio Alpendre disse...

acho que ele pode até ter evoluido tecnicamente como guitarrista, mas o som de sua guitarra ficou comum. Não estrilava mais como nos primeiros discos...

Maurício disse...

Tá aí uma banda que nunca fez um disco ruim. Realmente subestimada. Uma das melhores e, mesmo com sonoridade típica, ainda única (deu pra entender o q quis dizer?). rs. Ouviram o Jon Oliva's Pain? Minha impressão em 2005 sobre o Tage Mahal foi boa http://whiplash.net/materias/cds/004555-jonoliva.html mas carece de revisão. :)

Maurício disse...

Isso aqui é interessante tmb: Você sabe que muitos fãs estão se perguntando o que está acontecendo com o Savatage...

Estou feliz por ter perguntado porque assim posso dar um fim a essa história. Não há nada acontecendo. A situação é bem simples. Há o Trans-Siberian Orchestra que ganha vários discos de platina e vende 30 mil ingresso por noite. Essa banda é o Savatage com outro nome e vários cantores diferentes. O Savatage tem fãs muito leais, mas é muito menor. Aqui estou eu falando com você ao telefone. Na parede da minha sala há cinco discos de platina e nenhum pertence ao Savatage. Amo a banda, demos todas as oportunidades para que ela crescesse, mas não aconteceu. Para mim o Savatage acabou depois que Criss (Oliva, guitarrista e irmão de Jon) morreu. Depois de Edge of Thorns, todos os discos do grupo eram na verdade do Trans-Siberian Orchestra. Algumas pessoas não entendem que isso é um negócio. Tenho bocas para alimentar, uma família, contas a pagar, como todo mundo. Alguns não entendem e querem que eu volte com o Savatage, sendo que essa banda nunca nos deu dinheiro. Gastamos mais do que ganhamos mantendo a banda fazendo discos e shows. Muitos teriam desistido após três ou quatro anos e nos mantemos nessa situação por vinte. Chegou ao ponto em que pensamos, o que é melhor? Tocar na Grécia num clube para duas mil pessoas ou no Madison Square Garden para 25 mil.

Jon Oliva em 2006 http://whiplash.net/materias/entrevistas/045727-savatage.html

Sérgio Alpendre disse...

interessante mesmo. Não sabia que o TSO vendia tão bem assim,...