Outro dia o Álvaro Pereira Junior falou de uma resenha de Andrew Mueller, da Uncut, sobre o novo disco do Hot Chip. A resenha é realmente boa, como quase tudo na Uncut, a melhor revista musical de longe (e tem gente que perde tempo com a Pitchfork). Resolvi escutar os discos da banda londrina, que não conhecia, e me surpreendi com a sonoridade oitentista (da segunda metade), realmente muito calcada em um aspecto da obra do Depeche Mode (principalmente nos últimos LPs). Belíssima banda que cobriu uma lacuna que eu nem sabia existir em minha parca formação musical para bandas deste século.
Coming on Strong (2005) * * * 1/2
A faixa de abertura lembra 10cc - ou as coisas que Godley and Creme fizeram ao sair da banda. Depois começa a alternância entre uma batida levemente dançante, meio lounge, com faixas bem melodiosas, com um belo trabalho vocal e leves texturas eletrônicas. A comparação com OMD, neste primeiro LP, ainda procede.
Destaques: Down With Prince, Shining Escalade, Baby Said.
The Warning (2006) * * * 1/2
Mantendo a mesma proposta de Coming on Strong, mas acentuando a batida, Hot Chip chega a este segundo LP despertando comparações diversas com bandas mais contemporâneas, sobretudo com o inferior Postal Service. É um disco que retrata um momento de indefinição, no qual as faixas mais dançantes são também as mais fortes.
Destaques: Over and Over, Look After Me, No Fit State.
DJ Kicks (2007) * * * 1/2
Algo tão eclético não tinha como não ser irregular. Mas alguns momentos deste disco de remixes são fortes o suficiente para manter o interesse até o fim.
Destaques: Like You (Gramme), My Piano (Hot Chip), On Just Foot (Black Devil Disco Club).
Made in the Dark (2008) * * * *
Desde a primeira faixa fica claro que este é o disco que veio para fincar pé nesta espécie de revival oitentista que a banda ajuda a promover. Claro que nesse revival a referência óbvia é o Depeche Mode de Black Celebration, com suas texturas progressivas e batidas dançantes aprofundadas num formato pop irresistível. Mas as referências não param por aí. Bomb the Bass, Clock DVA, Was Not Was e outras coisas dispersas ajudam a moldar o som do Hot Chip sem que eles pareçam, no entanto, uma banda na cola de outras. A identidade está ali, forte, pulsante, e vai desde as escolhas dos ingredientes até a dosagem com que esses ingredientes são apresentados, mesclando os mais referenciais com as esquisitices. Um discaço, pop e cheio de estranheza ao mesmo tempo, como a faixa "Don't Dance" sintetiza muito bem..
Destaques: Out at the Pictures, Ready for the Floor, One Pure Thought.
One Life Stand (2010) * * * *
Com o estrondo chamado "Thieves in the Night" começa este novo disco dos Hot Chips, o quarto LP de carreira, sem contar EPs e o disco de remixes DJ Kicks. Como o páreo é duríssimo, não vou dizer ainda que é o melhor disco da banda. Mas é bem possível que seja. Aqui o que chama a atenção são as melodias, as melhores que a banda já fez, e a diferença se sente nas baladas, inspiradíssimas. É um disco mais fácil de ser gostado do que o estranho Made in the Dark, e por isso prefiro cautela antes de carimbá-lo como superior.
4 comentários:
esses spams incomodam, não?
Influências de Depeche Mode... tenho que conferir isso. Cada vez mais acho o Depeche Mode maravilhoso. O Playing The Angel é um clássico.
Playing the Angel é muito bom mesmo, Christiano. Talvez seja o melhor depois do Songs of Faith and Devotion.
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