Há algo de estranho com o Depeche Mode. Algo que não sei explicar.
Desde Songs of Faith and Devotion seus discos, por melhores que pareçam na primeira audição, deixam sempre uma vontade louca de se voltar a eles, não para repetir alguma sensação de maravilhamento, algum êxtase sonoro, mas para descobrir o que se esconde nas entranhas, as sutilezas que sempre se inserem em uma ou outra faixa, os climas que, ora se revelam cortantes e sombrios, ora se mostram de maneira clara como algo delicioso de se ouvir num momento ensolarado qualquer.
Essa mudança de perspectiva a cada audição é o mistério da banda. O que faz com que seja uma das melhores em atividade.
Sounds of the Universe talvez fique um pouco abaixo de Playing the Angel, o disco anterior. Isso se comprovará em audições futuras, e poderá ser desmentido em seguida. Não importa. O que importa é que Dave Gahan agora compõe muito bem, e suas músicas estão em pé de igualdade com as de Martin Gore, como prova "Come Back", canção digna de um disco soberano como Violator.
Contudo, minha preferida, por enquanto, é a sétima faixa do disco, a belíssima "Peace", escrita por Gore.
O primeiro hit é certeiro: "Wrong". Remete ao estranho Exciter.
Sounds of the Universe se junta a Yes, do Pet Shop Boys, e a Together Through Life, de Bob Dylan, como o que de melhor se fez até agora em 2009.