quarta-feira, março 09, 2005

TRIBUTO A CAETANO VELOSO - 2ª PARTE

da volta do exílio à experimentação radical

Barra 69 (com Gilberto Gil)(1972) * * * 1/2
O problema deste disco é que é muito mal gravado. No entanto, alguns registros são fundamentais. É a melhor versão de Cinema Olimpia, por exemplo, ainda que mal se escute o arranjo. Quem conhece essa extraordinária canção imagina como ela ficaria se o mesmo arranjo fosse bem gravado. Foi o show de despedida de Caetano e Gil no teatro Castro Alves.

Caetano e Chico Juntos e Ao Vivo (com Chico Buarque) (1972) * * * *
Sim, claro que da união de dois deuses da música se esperava mais. Mas o disco tem grandes momentos, sendo o melhor deles a junção de Você Não Entende Nada (de Caetano) com Cotidiano (de Chico), graciosamente forçada, e muito talentosa. Chico parece estar mais solto, mais consciente da reunião.

Araça Azul (1973) * * * * 1/2
É o campeão de devoluções da carreira de Caetano, e um dos discos mais incompreendidos da história de nossa música. Tem rock, baião, velha guarda, psicodelismo. Um caldeirão envolvendo tudo que encantava o músico na época, mas temperado com uma vontade de extrapolar os limites de cada estilo. Tudo muito Sugar Cane Fields Forever e Monsueto. Insista, até gostar. A recompensa é certa.

Temporada de Verão (ao vivo com Gil e Gal) (1974) * * * 1/2
Três músicos fantásticos que demoraram pra produzir algo na altura de seus potenciais quando reunidos. Bem...eu ousaria dizer que isso só aconteceu com Tropicália 2, de Caetano e Gil. Aqui, sente-se acima de tudo uma vontade de se divertir, e isso é altamente positivo. Mas as ousadias sonoras que cada um deles estava buscando fica um pouco escondida em prol de um formato mais pop. Mas confesso que há muito tempo não escuto, e posso estar enganado. Adoraria estar enganado.

Jóia (1975) * * * *1/2
Seria uma continuação de Araça Azul, mas é bem menos inquieto. Perto de seu disco gêmeo (Qualquer Coisa, lançado no mesmo ano), este é bem mais estranho, com músicas que se aproximam do minimalismo. Obviamente, pelo seu formato, tem algumas ordurinhas. Mas os momentos belos são muitos e intensos. Não é difícil achar quem prefira esse disco a qualquer outro lançado por Caetano.

Qualquer Coisa (1975) * * * * *
Mesmo o lado B sendo nitidamente mais fraco, o disco é uma senhora obra-prima. Lembro que ficava maravilhado com as primeiras faixas (no lado A) para depois curtir como que entorpecido o restante das músicas. Encaro esse disco como uma terapia: primeiro a tempestade, a tremedeira, o suor de quem está presenciando algo histórico; depois a calmaria, o relaxamento de quem ouve canções de ninar. Melhor que Let it Be, o disco homenageado na capa (aliás, das três covers de Beatles a melhor é Lady Madonna). O outro lado é Jóia.

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