terça-feira, março 08, 2005

A reprise da entrevista de Caetano Veloso no Jô Soares, na semana passada, me deu a idéia de prestar um tributo a esse gênio da música brasileira. Tributo em partes, pois sua discografia é imensa. Vai ser tudo de memória, então nem venham me malhar por eventuais erros.

PARTE 1 - Do nascimento da tropicália ao exílio

Domingo (com Gal Costa) (1967) * * * *
Disco um tanto indeciso, mas certamente encantador. Gal ainda não tinha descoberto seu talento, e Caetano ainda não fazia músicas tão adequadas à linda voz dela. Mas tem duas pérolas da carreira de ambos: Coração Vagabundo e Domingo. A versão de Maria Joana, linda canção de Sidney Miller, é de chorar.

Caetano Veloso (1967) * * * * 1/2
Um disco que sinaliza toda a gana pelo rock de Caetano nessa época. Um marco inaugural da tropicália, o verdadeiro ponto de partida de tudo que se fez sob essa bandeira. Clarice, No Dia em que Vim-me Embora, Superbacana, Paisagem Útil, Onde Andarás, Eles...a lista de clássicos é imensa.

Tropicália (com vários artistas)(1968) * * * 1/2
Pode ser excentricidade, ou sei lá o quê, mas apesar de inúmeras canções fabulosas, o disco nunca me pareceu coeso. Tem sua enorme importância histórica, vá lá, mas é um disco sem muita unidade. Funciona como uma sucessãode climaxes, em que ao final sempre me pergunto se houve alguma paixão na escolha do que entraria no disco. É bizarro, e talvez mereça até uma cotação melhor, mas raramente tenho vontade de escutar esse disco. Mesmo adorando todos e todas.

Caetano Veloso (1969) * * * * *
Um dos maiores discos lançados no Brasil. Caetano e Gil iriam pra Londres às pressas, num auto-exílio induzido (antes que o exílio fosse pior). Deixaram as bases de violão e as vozes para Rogério Duprat fazer os arranjos. Deu numa obra-prima que encerra o tropicalismo de maneira sublime (sem contar a sobrevida com a obra-pirma de estréia dos Novos Baianos, É Ferro na Boneca). Irene, Não Identificado, Alfômega, Os Argonautas e The Empty Boat são os destaques. Mas o disco inteiro é genial. É o famoso disco branco, com o nome de Caetano assinado em preto.

Caetano Veloso (1971) * * * *
A Little More Blue abre magistralmente esse disco mergulhado de Londres. É um disco triste, amargurado pela distância de sua terra. Mas belo, e incrivelmente antenado com o pop-folk que rolava na Inglaterra na época. Lembra Gilbert O'Sullivan em alguns momentos, justamente os mais belos do disco.

Transa (1972) * * * * *
A ponte Monsueto-Londres está erguida. Tradição e modernidade num disco essencial gravado no exílio, mas com olhos voltados para o Brasil. Quando foi lançado, Caetano já tinha voltado, e declarou na época que o disco lhe lembrava Londres e ao mesmo tempo a Bahia. O disco que o liberou definitivamente para o experimentalismo de Araça Azul, seu disco mais radicalmente desafiador. Não indico destaque algum. É um disco pra ser escutado na íntegra.

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