quinta-feira, setembro 07, 2017

Eloy




Lá vou eu novamente ser do contra. Não por querer, mas por acontecer mesmo. É que nunca entendo essa quase unanimidade com relação ao Ocean (1977) ser o melhor disco do Eloy. Para mim, pelo menos três discos deles são melhores: Power and the Passion (1975), Silent Cries and Mighty Echoes (1979) e, acima de todos, o maravilhoso Dawn (1976), único postulante a obra-prima dos discos da banda.


Acho o lado 1 de Ocean extraordinário. O que quer dizer que de suas quatro músicas, as duas primeiras são muito boas. Já as duas últimas me parecem genéricas, algo criado por algum computador com informações genéticas do Eloy. Dawn, ao contrário, é inteiramente forte. Mais variado e nada monocórdico, cheio de melodias belas e empolgantes passagens instrumentais. É tão superior a Ocean, a meu ver, que desconfio que muitos elegem este último no piloto automático, sem ter se dado ao trabalho de ouvir as pérolas que compoem Dawn, das maravilhosas partes "Appearance of the Voice/Return of the Voice" à primeira "Lost", passando por "The Sun Song", "The Midnight Fight/The Victory of Mental Force" e Gliding Into Light and Knowledge", são mesmo muitas peças inspiradas de prog-rock, com uma força que eles nunca mais repetiriam.

A trinca Colours (1980), Planets (1981) e Time to Turn (1982), embora não tenha a qualidade de Silent Cries and Mighty Echoes, o álbum que fecha os anos 70 e já aponta para o neo-prog que iria despontar nos 80 (ouça "Master of Sensation" e entenda meu ponto), eu sempre achei interessante. Acho que a banda soube passar de suas influências floydianas para um som mais balançante, próximo do neo-prog, mas com maior inspiração. É em Performance (1983) que a coisa começa a ficar complicada. É um disco que tem seus momentos. A música que a Globo usou em seus documentários ("Shadow and Light") tem força. Mas já desperta um certo cansaço, ao contrário dos anteriores, que rolam bem do começo ao fim. Metromania (1984) é um pouco melhor. Nunca escutei o que veio depois, com a exceção do Ocean 2 (1998), que na época me pareceu bem fraco.

P.S. Reouço Performance e me surpreendo. É mais um disco legal da banda, com sete boas composições. E menos pop modernoso do que eu lembrava, talvez porque agora gosto de muitas coisas que são pop modernoso, então não me incomoda mais essa mistura de progressivo com a sonoridade eletrônica-cafona da época. Para melhorar, a capa faz alusão a um jogo de sinuca.

Um comentário:

William disse...

Cheguei a, lá pelos idos dos noventa, ir a juiz de fora e pagar o equivalente de três LPs num encarte desse disco, uma vez que os nacionais vinham mutilados (imagina a felicidade do dono da loja - grande Gilmar, da Rock Mania). Concordo quanto à quase unânimidade quanto ao "Ocean", nunca o recomendei, acho o Jurgen Rosenthal um chato, tanto batendo quanto cantando.